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Rock in Rio | Jared Leto brilha sozinho em noite desacelerada de encerramento

Offspring e Red Hot Chili Peppers fazem apresentação sem riscos

Omelete
3 min de leitura
25.09.2017, às 21H11.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H45

A edição 2017 do Rock in Rio se encerrou ontem com uma seleção californiana de headliners que trouxe ao Rio de Janeiro a promessa de uma domingueira solar. O que se viu entre o Offspring e o Red Hot Chili Peppers foram shows que desaceleraram o ritmo do festival neste encerramento, com ambas as bandas privilegiando seu repertório mais leve e pop. Quem destoou - como esperado - foi o 30 Seconds to Mars, para o bem e o mal, com Jared Leto fazendo um show para si e assumindo sem remorsos seu lado animador de auditório.

De uma versão de "Gone Away" ao piano, até "Why Don't You Get a Job" ainda mais lenta do que a cadência no registro de álbum, o Offspring fez uma apresentação de passeio, com arranjos básicos sem muita margem de improviso. A banda toma algum fôlego nos hits, veio e desfilou sucessos radiofônicos como "Pretty Fly" e "Self Steem" (que ganhou coro considerável na Cidade do Rock), mas no geral foi um show despretensioso de aquecimento para o que viria a seguir.

O som do Offspring é muito mais próximo do repertório do RHCP e teria sido uma sessão dupla agradável se fossem os dois últimos shows do RiR, mas ao ser ensanduichado entre os dois grupos, o 30 Seconds to Mars acabou tendo que encontrar um tom próprio para seu set de uma hora. O grupo privilegiou suas faixas mais contemporâneas, de apelo pop, e nem tanto os registros de começo de carreira, e a breve seleção de nove faixas não pegou como a banda esperava, apesar da insistência em emplacar um rock de estádio cheio de vogais (Leto puxava os "ôoooos" até o fim). Nem a entrada bizarra do rapper brasileiro Projota na faixa inédita "Walk on Water" se justificou musicalmente.

Mas Leto veio muito mais para brilhar - literalmente, com sua calça dourada que o destacou mesmo quando o músico lotou o palco de anônimos - e declarava seu amor aos fãs a cada faixa. A interrupção da apresentação para que o ator andasse de novo na Tirolesa do RiR, como fez em 2013, soou então como uma coisa absolutamente condizente com o resto. Teve açaí, poncho, selfie, tudo aquilo que poderia estampar as manchetes no dia seguinte, mas quem veio pela música talvez tenha se frustrado. É de tirar o chapéu, porém, quando um frontman toca para 100 mil pessoas e interrompe covers de Led Zeppelin no meio simplesmente porque pode fazê-lo.

Ficou a deixa para que o Chili Peppers empolgasse o público em seguida, simplesmente porque ocuparia todo o vácuo deixado pelo W.O. do 30 Seconds to Mars. A banda também fez suas declarações de amor, ao Sepultura no começo e depois aos ritmos brasileiros, quando Flea apresentou o carimbó do RHCP, "Did I Let You Know" - faixa empolgante do disco I'm with You que talvez seja o único legado particular do guitarrista Josh Klinghoffer, que até hoje sofre para ocupar a vaga deixada por John Frusciante.

O RHCP ignorou a fase Navarro e tocou um set enxuto que passeou por hits dos últimos 20 anos - aqueles da segunda fase de Frusciante que o público mais esperava, como "By the Way", que despertou rodinhas tímidas de pogo entre o público. Foi um set brisado de suingue sem muito esforço, e os fãs mais velhos saíram satisfeitos com duas faixas mais funkeadas e menos conhecidas do álbum Blood Sugar Sex Magik, "Sir Psycho Sexy" e "The Power of Equality", em que Flea testou a velocidade do seu slap por alguns minutos.

Ao final, o RHCP não fez um funk energizante como o do Chic uma semana antes, mas tocou o suficiente para cumprir a cota de boas vibrações deste fim de Rock in Rio 2017.

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