Mark of the Deep

Créditos da imagem: Divulgação/Mad Mimic

Games

Artigo

Mark of the Deep é uma interessante mescla de metroidvania com soulslike

Com uma história e ambiência sombria, o jogo é bastante instigante apesar de algumas falhas

Omelete
6 min de leitura
Alpha Coda
24.01.2025, às 11H00.

Desenvolvido pela Mad Mimic, empresa brasileira responsável por No Heroes Here e Dandy Ace, Mark of the Deep conta a história épica do pirata Rookie que acaba caindo em uma ilha amaldiçoada após o misterioso naufrágio de seu navio Sereia Raivosa. Com um mapa mais metroidvania e combates soulslike, o jogo é um meio termo interessante e que pode agradar aos dois públicos.

Mesmo com mais de 20 horas jogadas ainda não foi possível terminar o jogo, tanto por falta de tempo, quanto por falta de habilidade, já que não sou tão versada em jogos de soulslike por não ser meu gênero favorito. Apesar disso, antes mesmo de seu lançamento, Mark of the Deep conseguiu despertar a minha atenção por sua arte, temática e pelo metroidvania, que está mais próximo do meu universo de games.

Depois que Rookie chega à ilha, descobrimos que o local foi palco de uma guerra civil que se desenrolou muito anos atrás entre os cultistas liderados por Taikon, que buscava a imortalidade, e a oposição liderada pelos guardiões da marca. Essa guerra civil acabou liberando a corrupção abissal e fez com que todos na ilha, inclusive recém chegados, se transformassem lentamente em peixes e outras criaturas marinhas.

O pirata, no entanto, parece não ser afetado pela corrupção, e também consegue ler o idioma antigo inscrito em diversas tabuletas de pedra espalhadas pelo cenário que contam a história daquele mundo. Ele se descobre como um novo guardião da marca, destinado a libertar a ilha de seu destino terrível e salvar seus companheiros do Sereia Raivosa. Ao longo de sua jornada o protagonista resgata os outros tripulantes e pouco a pouco começa a desvendar o mistério do naufrágio e o motivo que o levou a ser um guardião da marca.

Mark of the Deep
Divulgação/Mad Mimic

O jogo é basicamente composto de um acampamento principal, onde você vai reunindo os personagens que encontra em suas explorações, e de lá é possível acessar outras áreas. Há várias missões espalhadas pelo mapa, recebidas ao conversar com os diversos personagens, e que no geral não são obrigatórias. A experiência de andar pelo cenário é o ciclo de derrotar diversos monstros pelo caminho, até liberar um atalho que fará com que a próxima tentativa seja um pouco mais fácil.

E falando sobre a dificuldade, o jogo faz jus ao soulslike. Todas as criaturas são demoradas para matar e você precisa ficar esperto para não morrer; ainda assim, não chega a ser impossível e nem frustrante, mesmo para uma pessoa com menos experiência. Apesar da falta de uma barra de vida até mesmo nos chefes, a arte incrível compensa adicionando um efeito de rachadura que vai se intensificando quanto mais dano os monstros recebem, sendo uma forma bem efetiva de estimar quanta vida eles ainda têm.

O jogo também não é tão punitivo quanto outros do gênero, já que o jogador não perde nada ao morrer. Mesmo os monstros rendendo ouro ao serem derrotados, esse recurso não é perdido em caso de morte e pode ser utilizado com comerciantes localizados na área central do mapa. O jogo tem santuários, que funcionam como checkpoint e recuperam a sua vida, ao custo de respawnar os monstros do cenário — que é uma mecânica já bastante conhecida.

Mark of the Deep
Divulgação/Mad Mimic

Ao longo da história, o seu personagem vai liberando habilidades e algumas armas a distância, que dão acesso a novas áreas e mais possibilidades de combate. É possível aumentar a sua barra de vida encontrando itens no cenário, ou comprando do mercadores que também vendem acessórios e slots, cada um com um efeito diferente que ajuda na sua jornada. Aqui é o ponto em que o jogo se porta mais como um metroidvania, com uma exploração não muito linear e que requer que diversas áreas sejam revisitadas.

O que leva a primeira crítica ao jogo: não há um mapa para se localizar. De início, isso não parece ser um problema porque a primeira exploração é até bem linear, mas depois de desbravado, o cenário se torna uma confusa mescla de atalhos que não parecem chegar a lugar nenhum. Tentar localizar um ponto que você viu horas atrás, mas não tinha os poderes para acessar, faz com que o jogador ande em círculos com possibilidades infinitas para prosseguir. Nesse estágio do jogo, a exploração pode se tornar bastante frustrante, por mais intrigante que seja descobrir novos segredos e passagens.

É compreensível que, por ter áreas bem escondidas, a escolha de não ter um mapa seja para não deixar a exploração muito óbvia, mas há maneiras de se fazer isso sem estragar a experiência. Um mapa mais simples ou uma arte meio dúbia poderiam ser opções plausíveis, e até mesmo entregar o mapa mais para frente na aventura. Essa última opção pode até ser verdade, já que não finalizei o jogo. Porém, o momento mais lógico para isso ter acontecido seria ao liberar o fast travel entre os santuários, já que com ele fica claro que revisitar áreas se faz necessário, mas mesmo tendo liberado esse recurso, nada de mapa.

Falando um pouco sobre um dos aspectos que mais chama a atenção, a arte do jogo é muito bonita. A Mad Mimic fez uma excelente escolha de cores e os personagens são bem desenhados. A iluminação dá uma atmosfera sombria que encaixa muito bem com o tom da história contada, e as escolhas de trilha sonora colaboram muito para uma ambientação incrível.

Mark of the Deep
Divulgação/Mad Mimic

Outro elogio a ser feito é em relação às vozes dos personagens e à interpretação dos atores, que dá mais personalidade a cada um deles. São muito carismáticos e conseguem transmitir bem a função de cada um deles, seja na ilha, seja no Sereia Raivosa. Mas o mesmo carinho não foi aplicado ao personagem principal, que não tem fala nenhuma. Essa opção é muito comum quando os desenvolvedores querem que os jogadores espelhem sua própria personalidade, mas nesse caso não funcionou.

A história tem um tom muito pessoal para o Rookie: ele conhece os personagens que encontra e a forma como eles dialogam deixa subentendido um passado de companheirismo para além do jogo. No fim das contas a personalidade dele faz muita falta porque ele não é um protagonista genérico como em Baldur's Gate 3 ou Elden Ring. Fica então uma sensação de algo que falta, uma essência, uma alma, e é difícil se conectar com o personagem mesmo a história sendo muito boa e inteligente.

No geral, Mark of the Deep é bem sucedido na mescla entre dois estilos e consegue trazer uma experiência genuína para os dois públicos. É difícil como um soulslike, mas não a ponto de espantar quem é menos habilidoso e o cenário é complexo como um metroidvania instigando a exploração. Não é perfeito, mas não traz nenhuma grande falha que impeça o jogador de se divertir ou que impacte de forma significativa no gameplay.

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