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Crítica

The Current War | Crítica

Batalha pela distribuição de luz elétrica tem valor como entretenimento, mas podia ser mais

18.09.2017, às 16H06.
Atualizada em 18.09.2017, ÀS 17H01

Em 2017 uma queda de luz equivale a um pequeno pesadelo urbano - paralisa atividades diárias e faz do resto da bateria do celular o único vínculo com a civilização. Uma dependência intrínseca à vida contemporânea que começa em 1879, com Thomas Edison e seu time de gênios.

Em The Current War, o diretor Alfonso Gomez-Rejon narra os momentos antes da luz elétrica se tornar um elemento cotidiano em uma batalha de ideias, dividendos e egos. Inventada a lâmpada, era preciso levar energia para as cidades e assim começou uma disputa comercial, que se tornou pessoal graças à personalidade difícil de Edison e da tenacidade do empresário George Westinghouse. É nesse ponto que o roteiro de Michael Mitnick deixa de aproveitar o melhor da história que tem em mãos, investindo em fatos, mas pouco revelando sobre os envolvidos.

Os diálogos trafegam entre o informativo e o óbvio, desperdiçando os talentos de Benedict Cumberbatch (Thomas Edison), Michael Shannon (George Westinghouse), Katherine Waterston (Marguerite Westinghouse), Tom Holland (Samuel Insull) e Nicholas Hoult (Nikola Tesla). Os personagens estão devidamente caracterizados, mas o roteiro nunca chega à essência das suas personalidades. Edison é arrogante, sua preferência pela corrente contínua e oposição ferrenha à corrente alternada (modelo escolhido por Westinghouse) era mais fruto da sua teimosia do que da ciência e teve consequências devastadoras, como a criação da cadeira elétrica. Ainda assim, o filme não passa da superfície no retrato do inventor e das suas contradições, sustentando o personagem apenas pelo carisma de Cumberbatch. O mesmo vale para Westinghouse, que não era inventor, mas tinha olhar atento para novidades e nutria enorme admiração por seu "inimigo". O script, contudo, entende perspicácia como mero oportunismo comercial e o resume como um "grande empresário" para evitar o contraste entre os dois lados da guerra proposta no título. 

Vindo do sucesso indie Eu, Você e a Garota Que Vai Morrer, de 2015, Gomez-Rejon evita a transformação de The Current War em telefilme educativo ao investir no visual, com destaque para a fotografia incandescente de Chung-hoon Chung e a montagem dinâmica de David Trachtenberg. É o que, somado ao elenco de rostos conhecidos, garante que cumpra bem seu papel como entretenimento: um filme de época com bons atores, baseado em uma história real interessante, e que não ocupa mais do que 1h45 minutos da vida do seu espectador. Não há como não pensar, porém, que poderia ter sido mais, tamanha a efervescência da época. Um período tão transformador que hoje passa por trivial, mas faz sentir a sua força na primeira oscilação de luz.

Nota do Crítico
Bom
The Current War
The Current War
The Current War
The Current War

Ano: 2017

País: EUA

Direção: Alfonso Gomez-Rejon

Roteiro: Michael Mitnick

Elenco: Benedict Cumberbatch, Michael Shannon, Nicholas Hoult, Katherine Waterston, Tom Holland, Matthew Macfadyen, Tuppence Middleton, Damien Molony, Conor MacNeill, Celyn Jones, Oliver Powell, John Schwab

Onde assistir:
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