Uma vez me indagaram sobre o que poderia ser pior no cinema que um filme de auto-ajuda? Não tinha uma resposta na época. Hoje tenho: um filme sobre um escritor de livros de auto-ajuda, ou seja, filmes como Conversando com Deus, de Stephen Deutsch, sobre o escritor Neale Donald Walsch.
É difícil entender o que leva uma distribuidora com títulos bem respeitáveis no seu currículo a colocar um filme como esse no circuito. Imagino que seja a tentativa de aproveitar o momento religioso da chegada do Papa para arrecadar um pouquinho mais: a voraz lógica de mercado. O que assusta é que, com tantos filmes bons esperando uma chance para ser lançado, se queime uma sala do circuito tido "de arte" com uma produção que mais lembra os piores momentos da programação de telefilmes da madrugada na televisão aberta.
Conversando com Deus tem toda a cara de um telefilme pré-controle remoto, ideal para embalar o sono até mesmo dos mais insones. A narrativa é quadradíssima, flashbacks óbvios, músicas melosas, fotografia com momentos new age e todos os clichês possíveis e imagináveis. De qualquer forma, uma fórmula à altura da história que é levada às telas, a do escritor Neale Donald Walsch que chega ao fundo do poço, ou literalmente da lata de lixo, e acaba dando uma virada na sua vida quando passa a ouvir a voz de Deus, que lhe dita o livro do mesmo nome.
Sim! Walsch conversa com Deus, faz ao todo poderoso várias perguntas e obtém respostas. Respostas que renderam sete livros, muita grana e esta cinebiografia. Não li os livros e nem os lerei, mas imagino que por pior que possam (e devem) ser não superam em ruindade este filme: uma das piores coisas que o circuito colocou em cartaz esse ano - e olha que o número de porcarias não foi pequeno.
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