John McTiernan, diretor de filmes de ação como Duro de Matar, Predador e Caçada ao Outubro Vermelho, foi condenado a quatro meses de prisão por mentir ao FBI, transformando-se no primeiro nome de grande visibilidade a ser condenado no Caso Pellicano.
Os problemas de McTiernan começaram ano passado, quando ele foi procurado pelo FBI durante uma investigação envolvendo o detetive particular Anthony Pellicano, suspeito de executar grampos telefônicos clandestinos em Hollywood. O cineasta negou conhecer Pellicano, mas a investigação revelou mais tarde que McTiernan não só conhecia o detetive como havia pago 50 mil dólares para que ele instalasse uma escuta na casa do produtor Charles Roven, com quem McTiernan trabalhou em Rollerball.
John McTiernan
Aconselhado por um novo advogado, McTiernan tentou retirar sua declaração anterior de culpa alegando que estava sob o efeito de álcool, medicamentos e jet lag quando conversou com o agente do FBI. Os advogados do diretor também insistiram que seu cliente não compreendia as conseqüências de mentir quanto ao seu envolvimento com Pellicano. O promotor do caso, no entanto, alegou que essas afirmações não colocavam em dúvida o fato de que McTiernan havia declarado sob juramento que sabia ter mentido ao FBI. Anos antes de contratar o detetive para vigiar Roven, McTiernan pagou 100 mil dólares a Pellicano para plantar uma escuta na casa de sua ex-esposa, Donna Dubrow, para obter uma "vantagem tática" durante o divórcio do casal.
Em sua negativa ao pedido de McTiernan, o juiz declarou que as ações do diretor não eram as de uma pessoa arrependida ou ansiosa por ajudar o governo, mas de alguém enraivecido por ter sido envolvido no caso. O juiz também considerou absurda a alegação de que a prisão colocaria em risco a manutenção da família do diretor e de que McTiernan sofre de depressão. O juiz apontou os ganhos do diretor e completou dizendo que McTiernan não será o único homem preso a se sentir deprimido. Além dos quatro meses de prisão, McTiernan foi sentenciado a pagar uma fiança de 100 mil dólares e cumprir dois anos de liberdade supervisionada. O diretor foi informado de que deve entregar seu passaporte à justiça.
McTiernan é a segunda pessoa a ser presa no caso Pellicano. Em março Daniel Nicherie foi condenado a quatro anos e meio de prisão por contratar um detetive para instalar escutas na casa de um executivo em Beverly Hills como parte de um esquema de fraude.
O julgamento de Pellicano, acusado de usar escutas ilegais e buscas ilícitas em bancos de dados contra dezenas de executivos e outras pessoas ligadas à indústria de cinema, e outros cinco acusados, deve começar em fevereiro.
