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Festival de Cannes | "Quem tem irmão vai se identificar", diz Mamoru Hosoda sobre Mirai

Um dos responsáveis pela série Digimon comove o festival com uma fantasia sobre viagens no tempo

16.05.2018, às 15H17.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H37

O animador Mamoru Hosoda cumprimentava os espectadores que enfrentaram quase uma hora de fila para conferir a estreia de seu novo filme, Mirai, no Festival de Cannes, fazendo uma pergunta: "você tinha quantos anos quando começou a ver Digimon?". Para as poucas cabeças grisalhas enfileiradas, ele deu só um "oi!", mas com os mais jovens, sobretudo os visivelmente nerds, ele puxava assunto, a fim de entender a ligação do público com sua trajetória na animação, iniciada em 1993.

Até hoje, seu trabalho de mais pretígio era O Rapaz e o Monstro (2015). Mas a aventura temporal sobre o menino Kun e sua irmã, Mirai, deve mudar isso, dado os aplausos e as lágrimas ao fim de sua projeção na Quinzena dos Realizadores.

"Quem tem irmão vai se identificar", disse Hosoda ao Omelete antes de a sessão começar. "É uma história de aceitação em família".

Elogiado por sua originalidade, uma vez que tem uma das tramas mais inusitadas de Cannes este ano, o desenho animado de 1h38 é uma aula de psicanálise para todas as idades. Kun é um garoto de 4 anos, louco por trenzinhos, que acaba de ganhar uma irmã. Antes, os pais viviam para ele. Agora, não mais: Mirai requer atenção. Com ódio, ele pragueja contra ela e a família e se esconde no jardim, onde esbarra com uma estranha criatura, que diz ser um príncipe, mas, na verdade, é o cãozinho dele materializado como gente. Desse mágico encontro em diante, Kun vai saltar no tempo, entre seus afazeres na creche e o jantar, encontrando uma versão criança de sua mãe e a versão adolescente de Mirai. E tudo isso se dá na tela a partir de uma direção de arte exuberante.

Tem Brasil na Quinzena na quinta-feira (17): o curta-metragem O Órfão, que arrancou elogios de quem passou por ele na seção Short Film Corner do Palais des Festivals. Dirigido por Carolina Markowicz, a produção narra a história de Jonathas (Kauan Alvarenga), um menino negro adotado e depois devolvido por causa do seu “jeito diferente”.

Nesta quinta, a briga pela Palma de Ouro, já em sua reta final, segue com Dogman, do italiano Matteo Garrone (Gomorra), cuja trama baseada em fatos trata da vingança de um tratador de cães. No mesmo dia, um mito do cinema político, o diretor franco-grego Costa-Gavras vem ao balneário para uma palestra na livraria FNAC da cidade sobre seus filmes, seu livro de memórias Va où Il Est Impossible d'Aller e sobre a crise da Grécia, tema de seu novo longa.

A Palma de Ouro será entrega neste sábado, seguida da projeção do esperado The Man Who Killed Don Quixote, de Terry Gilliam.

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