Triangle of Sadness (MUBI/Divulgação)

Créditos da imagem: Triangle of Sadness (MUBI/Divulgação)

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Cannes mira nos jovens, mas aposta em cineastas veteranos

Competição se beneficiaria de trazer nomes novos, como Lukas Dhont, que em seu segundo filme ganhou o Grande Prêmio do Júri

Omelete
4 min de leitura
29.05.2022, às 15H53.

Uma das missões do Festival de Cannes, segundo o diretor artístico Thierry Frémaux, é encorajar o amor pelo cinema entre os jovens. Desde 2018, o evento vem criando programas para isso, como “Três dias em Cannes”, em que jovens de 18 a 28 anos são convidados para descobrir obras da seleção oficial. A 75ª edição, encerrada na noite de sábado (28), tentou atrair jovens de outras maneiras, com a entrada do Brut., canal de vídeos curtos, e do TikTok como patrocinadores. O resultado foi misto.

A parceria trouxe tiktokers a Cannes para fazer entrevistas no tapete vermelho e mostrar os bastidores do maior festival de cinema do mundo. Também criou um concurso de filmes feitos para o TikTok, cujo anúncio passou despercebido por quem estava no festival – nem o site oficial noticiou. Poucos dias antes, o cineasta cambojano Rithy Panh retirou-se da presidência do júri, citando falta de independência. Ele acabou voltando depois de receber promessas de que a decisão seria respeitada.

Enquanto isso, a Meta, dona do Instagram e do Facebook, também fez ações na cidade, estabelecendo a Villa dos Criadores para produção de fotos e experiências.

Celebridades sem filmes sempre fizeram parte do pacote, em geral a convite de patrocinadores do festival. No ano passado, por exemplo, Marina Ruy Barbosa desfilou a convite da Chopard. Neste ano, Julia Roberts atravessou o tapete vermelho apenas para exibir uma peça da joalheria. Mas agora há também pessoas com muitos seguidores, como as ex-BBBs Sarah Andrade e Rafa Kalimann e a influenciadora de moda Thássia Naves.

Curiosamente, Cannes premiou com a Palma de Ouro Triangle of Sadness, do sueco Ruben Östlund, um filme que satiriza o universo dos influenciadores, da moda, dos ricos e famosos. Mas havia uma espécie de desconexão entre essas ações e os filmes.

Na seleção, Cannes costuma incluir produções mais comerciais, candidatas a blockbuster – estrearam no festival Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal e Star Wars: A Vingança dos Sith e Han Solo: Uma História Star Wars, entre outros. Neste ano, a posição foi ocupada por Top Gun: Maverick e Elvis.

Mas também houve outros filmes com apelo mais jovem, como Men, de Alex Garland, terror estrelado por Jessie Buckley. A produtora e distribuidora A24, queridinha indie, veio com vários títulos além de Men: a série Irma Vep, que estreia na HBO Max, When You Finish Saving the World, estrelado por Julianne Moore e Finn Wolfhard (de Stranger Things), Funny Pages, sobre um aspirante a cartunista, e Stars at Noon, estrelando Margaret Qualley (Maid) e Joe Alwyn, namorado de Taylor Swift.

Stars at Noon participou da competição principal, que em geral privilegiou os veteranos, como a própria diretora do filme, Claire Denis, de 76 anos, além de David Cronenberg, de 79, com Crimes of the Future, e Jerzy Skolimowski, de 84, que venceu o prêmio do júri com EO, a história de um burrinho. Idade, claro, não é impedimento para ter bons filmes com ideias novas.

Mas houve pouco espaço para nomes mais jovens na competição. Ali Abbasi (diretor de Na Fronteira), de 41 anos, veio com Holy Spider, que chocou as plateias do festival com imagens cruas da ação de um serial killer no Irã. O filme ganhou o prêmio de melhor atriz, para Zar Amir Ebrahimi, no papel de uma jornalista que investiga a série de crimes. Abbasi, iraniano radicado na Dinamarca, está filmando episódios da série The Last of Us.

Já o belga Lukas Dhont (de Girl), de 31 anos, fez Cannes chorar com seu segundo longa, Close, sobre a amizade de dois garotos abalada pelo bullying, dividindo o Grande Prêmio do Júri com a veterana Claire Denis.

Não havia, no entanto, nenhum estreante na competição principal. Eles ficaram concentrados na mostra paralela Um Certo Olhar, de onde saíram as vencedoras da Caméra D’Or, destinada ao melhor filme de estreia entre todas as seções oficiais e paralelas do festival. Riley Keough, neta de Elvis Presley, e Gina Gammell levaram o troféu por War Pony.

A mediana competição do Festival de Cannes deste ano provou que, sem dúvida, haveria ganhos com a inclusão de nomes novos, em vez da aposta nos mesmos medalhões de sempre.

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