“Controverso”, “rústico” e “insosso”. “Sem charme, nem carisma”. “Brando, James Brando”. Depois de quatro filmes e com o derradeiro Sem Tempo Para Morrer chegando agora aos cinemas, revisitar as primeiras reações da imprensa britânica ao anúncio de Daniel Craig como o sexto 007 da história pode ser uma experiência curiosa, mais próxima de um vislumbre de uma realidade paralela do que propriamente de uma viagem no tempo. Hoje, o ator inglês é posto lado a lado -- quando não é considerado até superior -- a Sean Connery, a figura que eternizou o agente do MI6 na memória dos fãs de cinema. Como, então, conceber que, há 16 anos, um telejornal da BBC chegou a perguntar aos seus telespectadores: “estamos prontos para o primeiro Bond loiro?”
Dos adjetivos e expressões citados acima, talvez o único que tenha sobrevivido ao teste do tempo tenha sido a palavra “rústico”. É inegável: há algo de grosseiro no Bond do Daniel Craig. Como a própria Vesper Lynd (Eva Green) nota no seu primeiro encontro com o agente, em Cassino Royale, sua elegância vem acompanhada de um desdém, uma hostilidade. Bem, sem mencionar o fato de que, na primeira vez que o vimos em ação, o recém-promovido espião estava destruindo portas, pias e privadas de um banheiro qualquer com a cara do seu adversário.