Séries e TV

Artigo

Community está de volta!

Conheça a série e entenda por que ela saiu do ar

21.03.2012, às 00H00.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H35

Em novembro de 2011, quando a rede de televisão estadunidense NBC anunciou seu calendário para a midseason do ano seguinte, fãs ficaram surpresos ao perceber que Community não voltaria como as outras séries, mas sairia depois, em um hiato prolongado.

Bandeira de Greendale

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Bandeira de Greendale

Human Being - O Mascote da Faculdade

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Human Being - O Mascote da Faculdade

"Abed's Uncontrollable Christmas"

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"Abed's Uncontrollable Christmas"
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Truvid
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"Modern Warfare"

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"Modern Warfare"

Community poster

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"Remedial Chaos Theory"

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"Remedial Chaos Theory"

Marcando números baixíssimos de audiência, a série de Dan Harmon batalhava contra dois outros grandes programas em seu dia e horário: American Idol e The Big Bang Theory. Executivos da emissora precisavam descobrir qual era a causa da baixa audiência de Community - seria o horário de exibição ou a trama da série que não agradava? Após colocar 30 Rock, que sempre apresentou bons números de audiência, no fatídico horário, perceberam então que o problema era a concorrência - assim, o presidente de programação da NBC foi rápido em trazer Community de volta.

Talvez pelo fato da série ter recebido tanta atenção nos últimos tempos com a ameaça de cancelamento, a base de fãs de Community cresce cada vez mais. Era impossível prever como ficariam os números de audiência, vendo que a série voltou em seu horário padrão, mas após todo o barulho feito pelos fãs - tanto nas redes sociais, com as hashtags #savecommunity e #sixseasonsandamovie; quanto na vida real, com encontros, cantorias e flashmobs na frente da sede da NBC -, pode ser que a injustiçada série receba a atenção e divulgação que merece.

Community acompanha de perto as vidas dos sete alunos de um grupo de estudos da fictícia Greendale Community College, a pior faculdade comunitária do estado do Colorado, nos EUA. São parte do 'Greendale Seven' (como o grupo ficou conhecido): Jeff Winger (Joel McHale), um ex-advogado, suspenso após descobrirem que seu diploma era falso; Britta Perry (Gillian Jacobs), uma ex-anarquista que largou o colégio para impressionar o Radiohead e agora quer colocar sua vida de volta nos trilhos; Annie Edison (Alison Brie), uma garota certinha de vinte-e-poucos anos que perdeu tudo após ficar viciada em anfetamina; Troy Barnes (Donald Glover), ex-queridinho do colegial que perdeu uma bolsa de estudos depois de se machucar em um jogo de futebol americano; Abed Nadir (Danny Pudi), nerd incorrigível e coração do grupo - talvez o único que esteja ali propositalmente; Shirley Bennett (Yvette Nicole Brown), uma mãe religiosa divorciada que quer comercializar seus brownies; e Pierce Hawthorne (Chevy Chase), um milionário em uma viagem tardia de auto-descobrimento.

Além dos sete protagonistas, também estão sempre por perto o caricato reitor de Greendale Craig Pelton (Jim Rash, vencedor do Oscar de Melhor roteiro adaptado por Os Descendentes), o ex-professor de espanhol Ben Chang (Ken Jeong) - além do Human Being (o assustador mascote da faculdade) e outros coadjuvantes curiosos. Apesar da série ser formada principalmente pelos 'excluídos da sociedade', a última coisa que Community quer pregar é integração. Assim como em um grande colegial, Greendale é formada de panelinhas e preconceitos, que acabam unindo ainda mais o grupo de estudos - apesar das diferentes personalidades que o formam.

Cheia de metalinguagem e menções ao mundo pop, Community tem episódios especiais dedicados exclusivamente ao universo nerd. Ainda assim, a trama de tais episódios é tão bem cuidada - com o próprio formato do episódio pegando emprestada a estrutura da obra referenciada - que até quem não conhece as referências utilizadas como base consegue entender e se envolver nas situações.

Apesar de ter apenas três temporadas, Community já rendeu mais episódios memoráveis do que a maioria das demais séries cômicas. Um jogo de paintball que foge ao controle, uma partida do famoso RPG Dungeons and Dragons, um colapso nervoso de Abed que levou o grupo a uma terra natalina onde todos eram feitos de massinha, uma festa em que todos acabam virando zumbis e até um episódio no qual são desenvolvidas sete linhas temporais diferentes são apenas alguns temas encontrados e explorados pelos roteiristas nesse sentido. Isso além da criação de novas séries e personagens baseados na vida real, como Inspector Spacetime (inspirada em Doctor Who), Cougarton Abbey (uma mistura de Cougar Town e Downton Abbey, queridinhas de Abed), Kickpuncher (mashup de Robocop e Cyborg), entre outras.

Outra das grandes qualidades de Community é sua coragem em experimentar. Enquanto as séries cômicas da atualidade empregam sempre formatos já experimentados de sucesso, Community busca novas maneiras de contar suas histórias frequentemente - tirando sarro das fórmulas. Um bom exemplo é o oitavo episódio da segunda temporada, que explora o uso comum do 'episódio engarrafado'. Em "Cooperative Caligraphy", os personagens são mantidos dentro da sala de estudos o tempo todo - artificio geralmente usado quando é necessário o corte de custos na produção de algum programa. A diferença é que aqui Abed usa da metalinguagem e avisa o telespectador que ele está prestes a assistir um "episódio engarrafado". Isso já aconteceu com o famoso "episódio preenchedor", do qual a história não é essencial à trama da série; com um episódio musical, quando foi feita uma homenagem um tanto quanto irônica a Glee; entre outros.

Os roteiristas também são conhecidos pelo apreço aos easter eggs - quer eles apareçam rapidamente e sejam essenciais à trama do episódio (como o macaquinho Annie's Boobs roubando a caneta roxa da Annie de cima da mesa), ou se desenvolvam através das temporadas (como o chamado ao Beetlejuice e a estátua de bronze e participações de Luiz Guzmán).

Apesar de todas as qualidades, Community tem, sim, um problema. O episódio-piloto não é cativante o suficiente, assim como todo o início da primeira temporada. Mas vale a pena aturar as errôneas decisões tomadas pelos roteiristas no começo, pelo menos para conhecer o universo e os personagens. A série não tarda a encontrar sua voz e distanciar-se das demais produções.

Da mesma forma como aconteceu com Fringe em 2010, que voltou dos mortos com a ajuda dos fãs e da hashtag #SaveFringe; assim como Southland, que foi efetivamente cancelada pela NBC e conseguiu uma sobrevida no canal pago TNT; as chances de Community permanecer no ar são grandes. Mas não seria ruim se os números de audiência subissem pelo menos um pouquinho...

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