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Crítica

Otto - Ottomatopeia | Crítica

Otto aposta em misturas sonoras e garante boa junção entre elementos brasileiros em novo disco

03.08.2017, às 19H28.
Atualizada em 03.08.2017, ÀS 20H03

Cinco anos depois de seu Moon 1111, Otto retorna renovado, de alma lavada e peito aberto para esbanjar com muito orgulho suas novas viagens musicais. Ottomatopeia é um trabalho menos roqueiro do que Otto Recupera e menos pessoal do que Certa Manhã Acordei de Sonhos Intranquilos. Ali ele se expôs e musicou um período de luto após sua sofrida separação.

Agora, em Ottomatopeia, o músico expande para todos os lados, temática e musicalmente. Ele fala de si, mas dentro de um contexto macroambiental, fala do Brasil, da situação política, das transformações a que somos submetidos todos os dias para conseguir sobreviver. É um disco mais universal, que empresta um ombro amigo a quem precisa, é - segundo o próprio Otto - sobre cair e se reerguer e seguir adiante.

A sonoridade é mais brasileira, mais recheada, repleta de elementos e inclusive de grandes convidados. Para ajudá-lo a dar vida às canções (quase todas escritas por ele e Pupillo, seu produtor e baterista), Otto chamou ninguém mais ninguém menos do que Roberta Miranda, Andreas Kisser e Zé Renato.

Eles engrandecem o disco em “Meu Dengo”, faixa deliciosamente brega que Otto divide com Roberta e que já tinha sido registrada para o filme Quase Samba. Kisser aparece em “Orumilá” e Zé Renato divide com Otto os créditos de “Carinhosa”.

O disco mostra um Otto mais regional, mais conectado com sua terra, e reflete esse momento em que ele prefere fazer tudo junto e misturado, não apenas expressar uma fase turbulenta do Brasil mas também mostrar que está feliz, empolgado, orgulhoso de seu novo trabalho.

O pernambucano abusa dos sons do Norte. “Teorema” é uma música romântica mas que não se resume a uma balada ou a uma melancolia. Otto mostra que romantismo também se dança, também se vibra, também se empolga. Já “Atrás de Você” flerta com o rock e a faixa que abre o disco, “Bala”, é quase um axé.

Eclético como sempre, Otto faz bem em aprofundar a mistura em Ottomatopeia. O disco tem um pouco de tudo mas não é uma colcha de retalhos. As diferenças fazem sentido e formam uma obra coerente e agradável aos ouvidos.

Em "Pode Falar, Cowboy", Otto nos pergunta onde ele pode ir. Do jeito que se mostra vibrante e entusiasmado, ninguém segura. Otto está à vontade como nunca, e pronto para alcançar o que quiser. Ouça na íntegra.

Nota do Crítico
Ótimo