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As Crianças Perdidas de Buda - Mostra Internacional de Cinema de São Paulo

Documentário retrata monge boxeador tailandês

21.10.2007, às 00H00.
Atualizada em 18.12.2016, ÀS 08H11

Uma equipe de filmagens holandesa, liderada pelo cineasta Mark Verkerk, acompanhou durante um ano inteiro o monge budista Phra Khru Bah Neua Chai Kositto, também conhecido como Monge Tigre, e seu trabalho.

Crianças Perdidas de Buda

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O religioso administra um monastério numa região perigosa da Tailândia, onde há grande movimentação de traficantes de drogas. A região fronteiriça abriga também dezenas de pequenas vilas paupérrimas, quase favelas no meio da mata densa.

Khuru Bah, seu corpo coberto por imagens e orações, é um dos últimos monges viajantes. Ele vaga a cavalo com seus noviços de vila em vila, levando sua fé e bençãos e ajudando mães necessitadas, recrutando seus filhos para o monastério do Cavalo Dourado, onde eles recebem educação, boa alimentação e "tornam-se homens que importam". Ah, e ensina boxe tailandês a eles.

Sim, Khru Bah é um ex-lutador, com centenas de combates - "mas só me lembro das vezes que perdi". Cansado das lutas, descobriu sua vocação espiritual e a levou adiante. Suas origens, porém, não são o foco de interesse da produção. Aliás, as poucas histórias de Khru Bah a respeito parecem exagerar (ou mesmo ficcionalizar) fatos, algo nada budista dele, o que deve ter desmotivado a produção da intenção de persegui-las.

Assim, exageros à parte, é a relevância do homem como força pacificadora na região o interesse. Sua interação com a sociedade local, o respeito dos aldeões, os projetos sazonais (parte do filme mostra a reconstrução de um templo longínquo) e o trabalho com as crianças são temas dos sonhos de qualquer documentarista - e Verkerk deixa claro que sabe disso, demonstrando com seu capricho cinematográfico - bela fotografia e edição apenas registrando ações e praticamente sem entrevistas e depoimentos.

Crianças Perdidas de Buda é, assim, um retrato apaixonado de uma figura maior que a vida, mas que permanece humana - ama, ensina, busca o bem; mas também se gaba dos feitos, orgulha-se do que construiu e até senta uns cascudos em quem se comporta de maneira oposta.