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DC Comics responde aos autores que se opõem à pressão editorial

Jim Lee diz que quadrinistas deveriam procurar trabalho autoral se não querem se submeter à gerência

02.08.2013, às 16H26.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H36

As brigas entre criadores e editores da DC Comics estão virando uma constante do noticiário de quadrinhos - e levado vários autores a deixar a editora de Batman e Superman. Nos últimos meses, foi o caso de Andy Diggle, Joshua Hale Fialkov, James Robinson, Paul Jenkins e George Pérez.

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Os autores alegam que perderam liberdade criativa desde que a DC começou a administrar seus super-heróis como potenciais produtos em outras mídias, como cinema e TV. O publisher da DC Jim Lee já havia dado uma declaração, em junho, sobre como o problema é menor do que aparece na mídia. Mas, em entrevista ao ICV2, ele e o co-publisher Dan DiDio explicaram um pouco mais do que anda acontecendo.

DiDio é mais diplomático: "Acho que há menos [controle editorial] na última década do que já houve. Sempre haverá algum tipo de controle sobre nossos produtos. Enquanto forem produtos da casa que estamos tentando construir, dentro de uma narrativa contínua num universo contínuo, é importante ter um nível de parâmetros e linhas-guia dos personagens, para que haja consistência em como eles agem e se comportam. Sempre pedimos aos artistas e escritores para testar limites, mas também temos que estabelecer limites. O serviço deles é pressionar, e o nosso é garantir que eles sigam uma linha de acordo com nossas expectativas para cada série e cada personagem".

Já Lee diz que quem não quiser trabalhar em equipe e nos parâmetros da DC deveria fazer HQ independente ou procurar outra editora:

"Sem entrar em cada caso, vendo de fora, pode parecer uma série de mudanças com um tema comum. Mas vendo de dentro, você percebe que são circunstâncias e condições distintas que acabaram levando a conflitos e desistências ou mudanças no plantel criativo.

Ao meu ver, é a coisa mais normal desse negócio que nem todo mundo concorde em termos criativos quanto ao que fazer com uma série. A empresa deve reservar-se o direito de controlar o destino e futuro dos personagens, e os criadores têm que decidir se estão dispostos a trabalhar num ambiente onde contam uma história dentro do esquema de um universo com continuidade própria e ao lado de vários outros autores e editores que querem controlar o direcionamento dos personagens.

Não é todo mundo que topa. Visto desta forma, sempre vai ter gente que entra, faz seu serviço e aí chega a um limite onde querem ter mais controle sobre o projeto, ou fazer algo mais autoral.

O que há de melhor nesta indústria é que chegamos num ponto em que não somos a única opção. Você pode ir pra [linha adulta da DC] Vertigo, pode fazer independente, pode fazer crowdfunding, pode ir para a concorrência. Damos bastante liberdade aos criadores, e no fim das contas, se você trabalha nos Novos 52 [o universo atual de super-heróis da casa], você tem que ser apaixonado e, por sorte, temos vários autores que adoram trabalhar neste universo compartilhado, adoram contar histórias com estes personagens. Estamos muito contentes com as equipes criativas que temos."