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Artigo

Superman - A série animada

Superman - A série animada

19.07.2006, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H20
Superman - The animated series

Cena de abertura

Brainiac

Com o Lanterna Verde

Supergirl

Brainiac Attacks

Durante a década de 1990, a equipe criativa responsável pelo desenho animado do Batman conquistou o a admiração do público por sua interpretação ousada e ao mesmo tempo fiel às origens do personagem. Bruce Timm e Paul Dini passaram a ser considerados os nomes da maior competência na tarefa de adaptar personagens de quadrinhos para uma outra mídia, superando inclusive o Batman de Tim Burton na visão dos fãs. Ao passarem das ruas de Gothan City para o mundo do Super-Homem, anos depois de receberem prêmios diversos pelo trabalho com Batman - A série animada, não foi surpresa o resultado ter retratou o Homem de Aço com a grandiosidade merecida.

Superman: The Animated Series estreou nos Estados Unidos em 6 de setembro de 1996, com o episódio triplo The Last Son of Krypton, que contava a origem do herói. Timm e Dini encaravam a série animada do Super-Homem como um desafio maior que a do Batman, devido à fama do personagem de escoteiro e sua galeria de vilões menos psicóticos. De início, ficou estabelecido que o kryptoniano deveria ter poderes limitados, para que o confronto com os supervilões não parecesse fácil demais. A idéia de ambientar os episódios no passado foi logo abandonada, visando evitar uma repetição da clássica série dos estúdios Fleischer. A solução foi modernizar tudo o máximo possível, apresentando a cidade de Metrópolis com design futurista, com vias elevadas, de modo que transmitisse sempre a idéia de ser realmente a Cidade do Amanhã, otimista e gigantesca. Para Krypton, optaram por uma abordagem diferente de tudo o que já havia sido feito.

A principal inovação apresentada na origem foi a presença de Brainiac como o cérebro de Krypton e o responsável pela destruição do planeta. Nesta versão da história, o computador vivo foi o responsável por enganar o conselho científico e desacreditar Jor-El. O próprio Bruce Timm conta que a mudança era radical demais em relação aos quadrinhos e hesitou em fazer uso do conceito, mas admite hoje que foi um golpe de mestre. O primeiro episódio é situado inteiramente em Krypton e mostra Jor-El como um herói de ação que impressiona tanto quanto o Super-Homem, enfrentando criaturas monstruosas e protagonizando espetaculares cenas de fuga. A partir deste ponto, a história segue os modelos tradicionais. O pequeno Kal-El é enviado para a Terra quando Krypton explode, sendo adotado por Jonathan e Martha Kent, que o criam em Smallville. Após desenvolver seus poderes durante a adolescência, seus pais adotivos mostram-lhe sua nave e um artefato que conta a história de seu legado alienígena. Clark Kent assume então seu destino de protetor da Terra ao adotar a identidade de Super-Homem.

Um ponto forte da série animada foi fazer uso dos melhores elementos de cada encarnação do herói. Para o vilão Lex Luthor, os produtores optaram pelo milionário corrupto e dono da cidade, introduzido nos quadrinhos na reformulação de John Byrne após Crise nas Infinitas Terras. Em Metrópolis, o Super-Homem seria uma ameaça ao seu poder sobre as instituições legais e criminosas. A caracterização de Clark Kent e Lois Lane deve muito às versões dos personagens no seriado televisivo de 1950, no qual os dois eram jornalistas competitivos e não havia um clima de romance desenvolvido. Os dubladores Tim Daly (Clark Kent/Super-Homem), Dana Delany (Lois Lane) e Clancy Brown (Lex Luthor) foram escolhas bem acertadas, interpretando com maestria seus papéis icônicos.

O novo Super-Homem não deveria carregar o estigma de azulão, mas também não retomaria o comportamento mais agressivo da Era de Ouro dos quadrinhos. A saída foi aprofundá-lo numa aura de mistério. Ele resolveria os problemas e salvaria as pessoas, mas não ficaria batendo papo nem posando de bom moço. Em sua entrevista a Lois Lane, ele diz apenas que deseja ajudar sempre que possível, algo bem diferente da intimidade vista entre os dois em outras versões da história. Quando Luthor tenta suborná-lo para ampliar globalmente sua rede de poder, a única frase do Super-Homem é que o estará vigiando. Personagens coadjuvantes como Jimmy Olsen e Perry White garantem um charme único à série, como de costume. Mas destaque maior vai para a modernização de vilões como Metallo, Homem dos Brinquedos e o Parasita.

O episódio Igual a todo mundo introduziu Metallo e é considerado um dos mais contundentes da série. Richard Corben começa cumprindo pena na Ilha Stryker, após os atentados terroristas cometidos no episódio-piloto. Logo é diagnosticado como portador de um vírus fatal, resgatado pelos homens de Lex Luthor e submetido a uma cirurgia avançada: passa a ter corpo de metal e coração de kryptonita, o fragmento capaz de matar o Super-Homem. Em conseqüência do experimento, contudo, ele perde toda a sensibilidade de seu corpo, tornando-se incapaz de apreciar uma boa refeição ou o toque do sexo oposto. Brainiac retornou em Memórias roubadas, quando o Super-Homem descobriu que o andróide era responsável pela destruição não apenas de krypton, mas de um sem-número de planetas cujas informações coletava num arquivo pessoal. Até mesmo o mercenário Lobo, um genocida bem conhecido dos leitores de quadrinhos, esteve presente numa divertida história em duas partes, na qual foi obrigado a se aliar ao herói de krypton.

Lana Lang, a namorada de Clark Kent durante sua adolescência, aparece na série numa versão aprimorada e encantadora, conseguindo superar qualquer outra leitura da personagem. Depois da seqüência situada em Smallville, no episódio-piloto, ela ressurge em A minha garota, como uma mulher sofisticada e bem-sucedida no mundo da moda, que começava a se envolver com Luthor. Ao ser resgatada pelo Super-Homem, revela de imediato que descobriu sua identidade secreta. O final do episódio, em que Clark está entre Lana e Lois, é um dos mais memoráveis já produzidos. Também são dignas de nota as utilizações de Darkseid, o soberano de Apokolips, e outros conceitos criados pelo gênio dos quadrinhos Jack Kirby, bem como dos policiais da Unidade de Crimes Especiais de Metrópolis, Maggie Sawer e Dan Turpin. Em referência ao filme Superman II, o Homem de Aço enfrenta dois criminosos kryptonianos exilados na Zona Fantasma em Explosões do passado. Posteriormente, o heróis se encontrou com grandes figuras do Universo DC, como Batman, Flash, Lanterna Verde e a Legião dos Super-Heróis, além de ter encontrado uma Supergirl de personalidade marcante.

Superman: A série animada teve seu último episódio exibido em 2000, abrindo caminho para a série de animação mais ambiciosa da Liga da Justiça. Apesar de criticado, no início, por mostrar um Super-Homem muito fraco, a série da Liga foi conquistando aos poucos o público pelo padrão elevado dos roteiros, chegando a apresentar a adaptação de uma clássica história de Alan Moore, Para o homem que tem tudo. Superman Adventures, a revista em quadrinhos com histórias inéditas inspiradas no desenho, chegou a ser considerada a melhor publicação do personagem na época em que seus títulos regulares passavam por agruras criativas que preferimos esquecer. Nos roteiros, brilharam grandes nomes como Scott McCloud (Desvendando os Quadrinhos) e Mark Millar (Os Supremos, Civil War); na arte, o brasileiro Aluir Amâncio. A série animada acabou por influenciar também a cronologia regular do Universo DC. Quando assumiu a revista mensal do herói em 1999, Jeph Loeb apontou o trabalho de Paul Dini como inspiração, e depois o visual futurista de Metrópolis foi uma clara alusão à série televisiva. Posteriormente, a vilã Livewire criada para o programa foi introduzida nos quadrinhos por Gail Simone e Byrne.

A série ganhou um longa-metragem produzido direto para o mercado de DVDs em 2006, Superman: Brainiac Attacks, para coincidir com o retorno do Super-Homem aos cinemas. Com o cancelamento de Liga da Justiça sem Limites, o Último Filho de Krypton volta a ter destaque em versão adolescente na série animada da Legião dos Super-Heróis, supergrupo do futuro cultuado pelos fãs, que parece seguir a linha juvenil iniciada com os Jovens Titãs. Quem acompanhou Superman: A série animada sabe que seu alto padrão dificilmente será alcançado. Numa época em que o Super-Homem era tratado de forma pouco digna, os realizadores da série provaram que não é necessário criar um evento bombástico sempre que se quer chamar atenção sobre ele. Basta entender o personagem e saber contar boas histórias.

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