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Lá fora: Os lançamentos norte-americanos

Lá fora: Os lançamentos norte-americanos

15.06.2004, às 00H00.
Atualizada em 19.12.2016, ÀS 19H03

Na seção "LÁ FORA", o Omelete lê e comenta todos os grandes lançamentos em quadrinhos nos Estados Unidos.

Será que aquele projeto que foi tantas vezes notícia aqui rendeu alguma coisa boa ou foi decepcionante? Quais são as novas séries que estão agitando os leitores americanos? Onde estão surgindo os novos nomes, seja de escritores ou ilustradores?

Vamos conferir aqui, sempre atentos às lojas especializadas americanas, as respostas para estas e outras perguntas.

POWERS 37

Brian Bendis é atualmente o escritor mais amado dos quadrinhos. Seja pela versão Ultimate do Homem-Aranha, seja por Alias, seja por Demolidor, seja por quem ainda lembra de Jinx, o careca de Cleveland simplesmente chegou ao topo. E como se precisasse se provar ainda mais, consegue tornar sua criação Powers um dos melhores gibis do século.

Powers (quando é que vai sair no Brasil, hein?) é a história de um mundo onde super-heróis são como atores de Hollywood, visto da perspectiva de uma dupla de policiais. Diferente de um Astro City, porém, Bendis foca no lado podre da coisa. Toda baixaria que estamos acostumados a ouvir sobre brigas de imagem e poder das celebridades é amplificado - vida, dinheiro e sexo são coisas bem diferentes quando você está lidando com superpoderes.

A trama é totalmente imprevisível - quando você acha que a série chegou num ponto de calmaria, tudo é revirado. Uma seqüência recente, que parecia ser mais uma história comum de escândalo sexual com o Super-Homem da vez, acabou ganhando tamanha proporção que pode ser chamado de o Watchmen de Bendis. Sério, é uma das melhores aventuras de super-heróis já escritas.

A edição 37 encerra o primeiro volume da publicação, finalizando um arco que conta a origem de Pilgrim (que começa, veja só, quando ainda éramos macacos). Powers volta em julho com um novo número 1 na linha Icon, da Marvel, ganhando mais visibilidade para entrar de vez para a história. É tudo que o gibi merece.

X-TREME X-MEN 46

Como parte da reformulação dos X-títulos, X-Treme X-Men (que, por sua vez, é fruto de outra reformulação de poucos anos atrás) dá seu adeus. Chris Claremont - a série tinha sido criada para ele não ficar chupando dedo - agora vai ficar bem feliz escrevendo seus mutantes tanto em Uncanny X-Men quanto em Excalibur.

Ao longo das 46 edições, a série teve leves mudanças. Positivas!

Nos primeiros dois anos, Claremont estava no modo entupir e não parava de criar novas personagens. Levava-as a viajar de país para país, sempre propensas a fazer descrições tão detalhadas quanto desnecessárias de cada quadro. E os desenhos de Salvador Larroca (embora, aos poucos, ele vá melhorando) não ajudavam.

Nos dois anos finais, o roteirista começou a se conter. Parou de inventar coisas novas, e passou a ressuscitar idéias que usara na década de 80. Alguns arcos podem ter virado piadas de mau-gosto - como Deus ama, o homem mata II, uma seqüência do romance gráfico que eu considero seu melhor trabalho com os mutantes -, mas em outros - como Intifada - ele soube contribuir com idéias interessante para o novo panorama mutante (da integração mundial, da Corporação X) que Grant Morrison estava criando em New X-Men.

Mais para o fim da série, já está até escrevendo boas cenas de relacionamento entre as personagens, como fazia tão bem nos velhos tempos. Agora é rezar pra que continue nessa boa fase - de ressurreição - nas suas novas revistas.

SUPERMAN 203

Entre a saída das antigas equipes criativas e a entrada das novas (com Brian Azzarello e Jim Lee, Ivan Reis e outros), as três séries do Super-Homem tiveram um interlúdio de três meses. O primeiro mês serviu para trazer Majestic (aquela personagem da Wildstorm) para o universo DC. Nos dois meses seguintes, as séries ficaram a cargo do time da Aspen Comics - Michael Turner (lembra de Fathom e Witchblade?) e Talent Caldwell (com Joe Kelly dando uma mão nos roteiros) - no arco Godfall.

E veja só: Godfall aparentemente teve mais sucesso do que está tendo o revamp dos super-títulos (sobre o qual a gente conversa semana que vem). Várias edições esgotadas por conta das capas de Turner e dos desenhos de seu clone inferior, Caldwell. Parece que os leitores estavam com saudade do cara.

Não é o meu caso.

Numa história que já é meio chata (Super, sem memórias da Terra, está preso numa realidade na qual, aparentemente, jamais deixou Krypton), os desenhos deixam tudo mais confuso do que deveria. Caldwell é um cruzamento bizarro entre Marc Silvestri e Humberto Ramos - o que quer dizer que não sabe para que lado vai.

Porém, de algum jeito, parece ser do que os leitores gostam. É impressão minha ou o estilo Image está retornando?

ULTIMATE SIX 7 (de 7)

Era uma vez um bando de supervilões coloridos e inocentemente perigosos que Stan Lee havia criado ao longo do ano e meio de existência de Amazing Spider-Man. E eles descobriram que tinham um inimigo em comum e que podiam se unir para enfrentá-lo. Foi o que fizeram. No entanto, inocentes como eram, atacavam um de cada vez e eram derrotados também um de cada vez. Portanto, inocentes, poucas vezes voltaram a se reunir.

Pule quarenta anos e você tem Ultimate Six. Quando unem-se Duende Verde, Doutor Octopus, Electro, Kraven e Homem-de-Areia (vou deixar para você descobrir quem é o sexto), em suas bem-mais-poderosas versões Ultimate, nem a aliança entre Homem-Aranha e Supremos consegue dar conta. São os Seis Sinistros pela primeira vez levados a sério.

Como manda a boa estética Ultimate, a minissérie é o equivalente a um retumbante blockbuster do cinema americano. Muitas explosões, mortes em massa e a obrigatória cena na Casa Branca. Brian Bendis, porém, ainda parece contido (se compararmos a seu trabalho em Powers) nas situações que inventa. O desenhista Trevor Hairsine, de vez quando, dá umas escorregadas nas proporções, mas é bom em manter o tom de alta adrenalina. Ser pautado nos lay-outs por Bendis também não faz mal.

Como todo filmão-catástrofe americano, você sai achando que poderia ser melhor. Mas é leitura divertida. A primeira parte da série sairá no Brasil em Marvel Millenium 31.

SUPERMAN: SECRET IDENTITY 4 (de 4)

Pegue os quatro capítulos dessa minissérie, escolha um bom horário no qual você possa esquecer do mundo por umas duas horas, fique bem acomodado e leia-a do início ao fim. E chore.

O que você descobre em Secret Identity é que Kurt Busiek tem uma identidade secreta. Escondido atrás da barriga e óculos de fanboy, e dos roteiros de Vingadores, Homem-de-Ferro e seja lá o que mais ele faz para pagar o aluguel, está um dos escritores americanos mais maduros que os quadrinhos viram na última década.

É tão ou mais poderosa que Marvels. Secret Identity lembra tudo que o Super-Homem (e talvez seja possível encaixar qualquer super-herói aqui) representa para eu, você e toda a humanidade. É daqueles poucos quadrinhos que entram na sua cabeça e fazem você sentir.

Para ler e guardar para os seus netos.

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