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Lá fora

Os lançamentos norte-americanos

11.04.2005, às 00H00.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H32
Na coluna semanal "LÁ FORA", o Omelete lê e comenta todos os grandes lançamentos em quadrinhos nos Estados Unidos.

COUNTDOWN TO INFINITE CRISIS

Foi quanto tempo de espera mesmo? Parece que foi ontem que divulgaram aquela misteriosa capa com Batman segurando um corpo que as sombras tornavam irreconhecível...

Bom, chegou. Sabe quem morreu? Se quer mesmo saber, basta circular um pouco pela web para descobrir. Porém, eu sugiro que você leia a revista com os próprios olhos.

Eu nunca espero grande coisa desses mega-crossovers. Mas sabe que Countdown to Infinite Crisis, pelo menos nesta edição especial, não é de se jogar fora? Boa história, muito bem arquitetada dentro do que está acontecendo agora no universo DC, usando as personagens certas, com início, meio e fim. O especial realmente vale a pena. Tomara que a tal Crise infinita seja tão bem escrita (Judd Winick, Greg Rucka e Geoff Johns) e desenhada (Rags Morales, Ed Benes, Ivan Reis, Jesus Saiz e Phil Jimenez) quanto foi aqui.

Os leitores brasileiros, em especial, vão lamentar muito o assassinato do herói da capa. Grande perda! Ele tinha inclusive reaparecido em outra série da DC que está excelente. Mas não vai voltar mais...

...Ok, não volta tão cedo.

BATMAN

Se a morte em Countdown vem como um choque, a última edição de Batman, a 638, é um terremoto.

A nova versão do vilão Red Hood revela-se como... Ok, também não vou estragar a surpresa aqui. É algo que se prenunciava fazia alguns meses, mas eu me esforçava para acreditar que não ia acontecer. Aconteceu.

Segundo o escritor Judd Winick, há uma relação com Countdown. Winick, aliás, parece bem envolvido com a mega-série. Suas últimas edições de Outsiders também estão dando boas dicas do que vem por aí no universo DC.

Mas, voltando a Batman... Putz, precisavam mesmo fazer isto?

ULTRA

Boa mini-série da Image, escrita e desenhada pelos irmãos Luna, Joshua e Jonathan, novatos nos quadrinhos. Misture Powers com Sex and the city.

Ultra, a personagem-título, é uma das super-heroínas que trabalha para a Olympus, organização que funciona exatamente como uma agência de modelos. Os super-heróis desse mundo ainda enfrentam superameaças de vez em quando, mas seu trabalho de verdade são campanhas publicitárias, desfiles e a manutenção de um estilo excêntrico de toda estrela pop que se preze. Essa é a parte que lembra Powers. De Sex and the city, vêm as conversas entre Ultra e suas colegas. Todas, é claro, sempre passando por problemas que qualquer garota tem - mas que, às vezes, dependendo do caso, tornam-se superproblemas.

A mini-série em oito capítulos transcorre em oito dias, durante os quais o mundo de Ultra quase vem abaixo. Cada edição conta um destes dias infernais. O interessante, porém, é como o roteiro introduz o universo da história de forma simples, econômica, fazendo tudo parecer bem fechado, redondo.

Ótimo trabalho para quem está começando.

Bom roteiro, ótimos desenhos, novatos fazendo bonito. Marvel e DC devem estar quase derrubando a porta dos irmãos Luna de tanto bater. No entanto, a próxima mini dos dois - pelo menos, a próxima - sai de novo pela Image. Os dois merecem muito sucesso.

SPELLBINDERS / YOUNG AVENGERS / LIVEWIRES

Três lançamentos com heróis adolescentes na Marvel.

Spellbinders é sobre um colégio norte-americano onde todos os jovens são adeptos da bruxaria. Tem referências claras a Harry Potter, até no hábito de usar um nome estranho para identificar as pessoas que não praticam magia. Mas é escrita por Mike Carey, o cara que eu mais gostaria que desaparecesse dos quadrinhos. Dá sono enquanto você lê.

Young Avengers, já na segunda edição, não disse a que veio. Joe Quesada fez estardalhaços e mistérios para promover a série, o que só aumentou a decepção quando ela finalmente chegou. São jovens copiando os Vingadores. E tem alguma coisa com Kang no meio. Só os desenhos de Jim Cheung fazem você voltar para a edição seguinte.

Livewires é a salvadora da pátria. Escrita por Adam Warren com desenhos do próprio e de Rick Mays, traz heróis robôs criados por um laboratório secreto do governo responsável por combater organizações criminosas de alta tecnologia do universo Marvel (como a IMA). E é uma piração. O roteiro é de uma velocidade indescritível, e Warren joga tantas idéias malucas por página quanto Grant Morrison num dia bom. É fantástica. Pena que é só uma mini-série em seis partes. Merece mais.

LEGEND

Ainda na segunda edição (de quatro), esta mini escrita por Howard Chaykin e desenhada pelo medalhão Russ Heath é uma surpresa legal da DC.

Imagine que o Super-Homem não é um bebê caído do espaço, mas o resultado de um bizarro experimento de um cientista com seu filho. E que Clark Kent cresce sem nenhuma noção da ética e da moral que formariam a personalidade do futuro super-herói. Você tem Hugo Danner. O homem mais forte do planeta, que não se preocupa com o que representa para os outros seres humanos e age com total desconsideração com todos por quem passa.

A mini-série é baseada em Gladiator, um romance de ficção científica do escritor Philip Wylie publicado em 1930, que serviu claramente de inspiração para o Super-Homem. Chaykin fez adaptações - trouxe a história para os anos 60 e 70, jogou Danner no ambiente de drogas e sexualidade liberada das universidades americanas da época e, como aponta o final da segunda edição, vai mandá-lo para a Guerra do Vietnã (no livro, a personagem luta na I Guerra Mundial).

Lembra uma mistura de Super-Homem com Forrest Gump. É de se supor também que Chaykin tenha aumentado a amoralidade da história.

Legend é uma idéia muito boa, mas não muito bem-executada. O roteiro cai muitas vezes no clichê e a estrutura é estranha - a trama dá saltos inexplicáveis no tempo, como quebras, ao invés de fluir numa linha. Vale a pena, porém, essa visão diferenciada do maior super-herói do mundo.

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