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Jornalista critica quadrinhos como literatura e recebe respostas de peso

Jornalista critica quadrinhos como literatura e recebe respostas de peso

06.11.2006, às 00H00.
Atualizada em 26.01.2017, ÀS 21H01

Tony Long, um dos editores da versão online da revista Wired, causou um rebuliço entre os leitores de quadrinhos dos EUA. Ele atacou diretamente a decisão de colocar uma graphic novel, American Born Chinese, como concorrente ao National Book Award, o maior prêmio literário dos EUA.

O texto de Long pode ser lido aqui.

O editor coloca a nomeação como mais um sinal da Era da Mediocridade. Diz que, por melhor que a graphic novel seja - ele admite que não a leu -, não deixa de ser um gibi. "E gibis não podem ser nomeados para o National Book Award, em qualquer categoria. Isto deveria estar reservado a livros que são, bem, só de palavras, tenta argumentar.

Ele continua: Não quero denegrir os gibis, ou graphic novels, ou seja lá como você os chama. Não quero dizer que histórias ilustradas não constituem uma forma de arte ou que você não pode ficar imensamente satisfeito lendo uma. Só quero colocar que, como literatura, gibis não merecem o mesmo status que romances reais, ou histórias curtas. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.

O artigo atraiu uma resposta de primeira linha. Neil Gaiman - que lembra inclusive que já ganhou um prêmio literário por Sandman - escreveu em seu blog: Imagino que se ele construísse uma máquina do tempo, poderia fazer algo quanto ao Pulitzer de Maus em 1992, ou o World Fantasy Award por Melhor História Curta de Sandman em 1991, ou o Guardian First Book Award de 2001 para o Jimmy Corrigan de Chris Ware, ou mesmo a aparição de Watchmen na lista da Time dos cem melhores romances do século XX. Sem uma máquina do tempo, me parece uma opinião boba e antiquada, como ouvir alguém reclamar do voto feminino ou que o jazz está nas paradas de sucesso.

Mark Siegel, editor da First Second Books - que publicou American Born Chinese -, considerou o artigo de Long fraco e superficial, e atribui sua opinião a uma obsessão com a forma. No blog da editora, comenta não está na hora de deixar pra trás essa discussão sobre a inclusão da graphic novel na literatura moderna? Será que podemos sair dessa obsessão pelos aspectos formais dos quadrinhos versus prosa - e olhar para conteúdo, narrativa, personagens, história, voz, estas coisas muitos mais interessantes?.

O artigo de Long, publicado em 25 de outubro, continua sendo debatido e recebendo respostas ponderadas de fãs e criadores de quadrinhos. A discussão só deve encerrar no dia 15 de novembro, quando o National Book Award anuncia seus vencedores.

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