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Documentário mostra vida e obra de Jerry Robinson

Documentário mostra vida e obra de Jerry Robinson

06.12.2000, às 00H00.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H32
Imagine um artista cuja carreira remonta à Era de Ouro dos comics, criador de um dos mais carismáticos e conhecidos vilões das HQs. Imagine que esse mesmo autor é também um dos mais prestigiados cartunistas do mundo, ganhador de inúmeros prêmios e reconhecido internacionalmente como um dos mais importantes deste século. Some a isso uma intensa atuação na defesa dos direitos autorais e da liberdade de expressão de artistas ao redor do globo, à frente do Cartoonist & Writers Syndicate, e você terá uma ligeira noção da importância de Jerry Robinson para os quadrinhos.

Aos 78 anos e ainda em frenética atividade - tão frenética a ponto de lhe causar um infarto, durante sua visita ao Brasil, no último dia 1º (leia mais) - o veterano criador do Coringa é o tema de Jerry Robinson em Profissão Cartunista - A Vida Após Batman, documentário da produtora carioca Scriptorium em exibição na S-TV (SKY). Um tributo merecido a uma das últimas grandes lendas das HQs.

Com 1h30 de duração, o especial repassa os mais de 60 anos de carreira de Robinson, que começou nos quadrinhos aos 17 anos, como assistente de Bob Kane, o criador do Batman. Gravado nos Estados Unidos e Brasil, traz depoimentos de outros medalhões dos quadrinhos, como Will Eisner (criador do Spirit e tema do primeiro documentário da série Profissão Cartunista), Stan Lee (atual cabeça da StanLee Media, presidente de honra da Marvel e criador, entre outros, do Homem-Aranha e X-Men), Jules Feiffer (vencedor do prêmio Pulitzer de charge política em 1964) e Joe Kubert (veterano desenhista e dono de uma das mais importantes escolas de desenho dos EUA), além de brasileiros como Paulo e Chico Caruso, Ziraldo, Ique e o jornalista especializado Álvaro de Moya. A Vida Após Batman foi ao ar às 8h30 e à meia-noite do dia 6.

Desenhista por acaso





Bob Kane, criador do Batman

No início, desenhar não passava de "um bico", uma forma de Robinson ganhar dinheiro para pagar seus estudos. Sua idéia era tornar-se jornalista. Ao aproveitar alguns dias de férias num hotel antes de ir para a Universidade da Califórnia, decidiu jogar tênis usando uma jaqueta totalmente desenhada por ele. "Um sujeito, então, bateu no meu ombro e perguntou quem tinha feito os desenhos. Quando lhe disse, ele me perguntou se eu não estaria interessado em trabalhar com um novo herói de quadrinhos". O sujeito era Bob Kane e o tal herói era o recém-lançado Batman. Robinson aceitou o convite, transferiu-se para a Columbia University e ingressou na profissão na qual continuaria toda a sua vida.

Dono de um traço marcante - muito superior ao do próprio Kane - Robinson desenvolveu seu estilo nos anos seguintes, cravando definitivamente seu nome na história dos comics ao criar o Coringa, arquiinimigo do Homem-Morcego, e participando da concepção de outras personagens importantes para a mitologia do herói, como Robin, Mulher-Gato e Pingüim. Trabalhou também em séries como Vigilante, Bat Masterson, Terror Negro e Lassie, título no qual permaneceu tempo suficiente para passar a odiar a heroína canina.

Cartunista por vocação

Embora seja mais conhecido no Brasil por seu trabalho com Batman, foi como cartunista que Jerry Robinson desenvolveu a maior parte de sua carreira. Um de seus maiores sucessos foi a série Still Life, protagonizada apenas por objetos inanimados. Quando protagonistas humanos foram introduzidos, o nome foi mudado para Life With Robinson.



A sátira política e a crítica de costumes são a principal marca de seu trabalho. Em plena Guerra Fria, ele foi co-roteirista e diretor de arte do filme de animação Stereotypes, que mostrava a forma como americanos e russos viam uns aos outros e foi custeado por empresas dos dois países. Outra série de sucesso foi Flubbs & Fluffs, satirizando erros cometidos por alunos de escolas norte-americanas.

Robinson escreveu vários livros, entre os quais The Comics: An Illustrated History of Comic Strip Art, a biografia Percy Crosby and Skippy; e The 1970s: Best Political Cartoons of the Decade.

Lutador por opção

Não bastasse seu talento como artista, Jerry Robinson destacou-se também como um grande defensor de sua categoria profissional. Ele foi um dos principais negociadores na batalha judicial entre Jerry Siegel e Joe Shuster, os criadores do Super-Homem, e a editora DC Comics pelos direitos sobre a personagem, vendida pela dupla por apenas 25 dólares quando ambos eram ainda adolescentes. Um acordo garantiu a eles uma pensão vitalícia e o direito de figurarem como criadores do herói.

Robinson é fundador e presidente do Cartoonist & Writers Syndicate, que representa 500 artistas de 50 países, incluindo 12 brasileiros. Como dirigente do CWS, ele atuou na libertação de cartunistas presos no Uruguai e na extinta União Soviética. É também integrante do conselho de diretores do Museu Internacional do Cartum, em Boca Ratón, Flórida.

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