HQ/Livros

Artigo

Aqui Dentro e Lá Fora (10/02/2010)

Kick Ass e El Alamein

10.02.2010, às 22H00.
Atualizada em 06.11.2016, ÀS 18H06

Agora, as colunas AQUI DENTRO e LÁ FORA se fundem e ganham uma periodicidade semanal. Era um projeto antigo e que vai servir pra gente dar mais vazão para as coisas que saem no Brasil e manter você também atualizado sobre o que está acontecendo longe das nossas bancas.

Vamos lá?

Kick-Ass #08

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El Alamein

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AQUI DENTRO: EL ALAMEIN E OUTRAS HISTÓRIAS

O QUÊ: Coleção de mangás de guerra de Yukinobu Hoshino, com histórias que vão desde relatos fiéis de batalhas até sátiras impiedosas. Lançamento da editora NewPop.

QUEM: Yukinobu Hoshino nunca teve trabalhos publicados no Brasil antes, apesar de ser conhecido em todo o mundo por sua série 2001 Nights. É mangaká desde a década de 1970.

POR QUÊ: A HQ de guerra é um gênero que já teve seu auge quando guerra era mais motivo de orgulho nacional do que qualquer outra coisa. Mas desde que decaiu, só muito raramente rende uma ou outra história de sucesso comercial ou de crítica.

El Alamein e Outras Batalhas é o japonês Yukinobu Hoshino, mais conhecido por HQs de ficção científica, explorando este gênero pouco revisitado. E o interessante na coleção é que traz uma variedade de visões pessoais para seus contos.

A publicação começa relatando de forma realista a batalha entre dois encouraçados na Segunda Guerra Mundial. Mesmo com alguns toques de humor, é o típico gibi de guerra: os soldados fixados em seu objetivo de destruir o inimigo, a tensão no ar, o equilíbrio sempre mudando.

Na segunda história, que também começa de forma convencional, de repente um combate no Egito leva a uma descoberta arqueológica que pode mudar a história do homem. A terceira é uma bem-aventurada slice-of-life sobre um piloto de avião, com toques oníricos.

Depois, Hoshino perde as estribeiras. De demônios mitológicos interferindo em batalhas, passa a uma alegoria descontrolada sobre a intervenção norte-americana no Japão após a guerra. Misturam-se referências a filmes, a mangás, à cultura pop americana e critica-se o próprio posicionamento japonês no período.

É essa variedade de visões em torno do gênero da guerra que torna El Alamein uma surpresa - muito além das expectativas de um gibi de guerra - e que torna a coleção obrigatória.

ONDE E QUANTO: El Alamein está à venda nas comic shops e algumas bancas a R$ 14,90.

LÁ FORA: KICK-ASS #8 (de 8)

O QUÊ: A HQ na qual se baseia um dos filmes mais esperados do ano, sobre um fã de gibi que decide virar super-herói nas ruas de Nova York.

QUEM: A criação é de Mark Millar (O Procurado, Supremos, Guerra Civil) e John Romita Jr. (Homem-Aranha).

POR QUÊ: Hit Girl, heroinazinha de 1 metro e pouco de altura, enfia a arma pelos fundilhos do gângster e dá um tiro para cima. O sangue espirra da cabeça e da boca dele. Ela continua atirando e varando o corpo.

A cena representa melhor do que nada o que é Kick-Ass. Mais do que a ideia "o que aconteceria se um fã de gibi resolvesse virar super-herói", Mark Millar resolveu dar o que se costuma chamar de "dose de realismo" ao mundo: violência pura e sem sentido, com muito, muito, muito, muito sangue. Muito mesmo! É esse o grande chamariz da HQ - e do filme, como os trailers não esqueceram de mostrar.

Embora a história seja linear, baseada no mundo real, sem torcer leis da física ou da biologia, nem recorrer à fantasia, há um descompromisso total com a lógica de transmitir mensagens edificantes ou fazer o herói crescer moralmente. Começa com pancadaria solta, depois passa para tiros, espadas, cutelos, choques no escroto, lança-chamas e, em uma cena especialmente dolorosa, um daqueles martelos para amaciar carne.

Se você topar esse pressuposto - ou seja, se não quiser moralismo -, Kick-Ass é fantástica. Millar é um dos autores de quadrinhos que despertou para o fato de que os gibis não devem só competir com outros gibis, mas ter um conteúdo tão impactante quanto os filmes blockbuster, os games, o rock. Desde Authority, pelo menos, ele se volta para isso. Não é à toa que seus últimos trabalhos têm rendido milhões de dólares nas adaptações para o cinema.

Assim, deixando de lado todo o mercado de quadrinhos, ele parte para uma criação que não tem nada a ver com o que está saindo agora - e ainda se permite alguns toques de sátira ao próprio mundinho das HQs, com sua representação dos leitores (o personagem principal, entre eles).

Mais uma coisa: fazia alguns anos que eu não tinha tanta expectativa depois de ler um "continua..." como tive na penúltima edição. Na categoria "desligar o senso crítico e divirta-se", Kick-Ass é um dos grandes gibis da década.

ONDE E QUANTO: Cada uma das oito edições de Kick-Ass (que levou quase dois anos para sair completa lá fora) custa US$ 2,99 (R$ 6). A coletânea em capa dura sai este mês nos EUA, com preço sugerido de US$ 24,99 (R$ 47)

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