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Nesta edição: Sandman: Vidas Breves, Ragú 6, Vingadores, Homem-Aranha e mais

08.04.2007, às 21H00.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H40

Na coluna irmã da LÁ FORA, o Omelete mergulha nas bancas e livrarias para comentar os principais lançamentos recentes. Nesta edição: Sandman: Vidas Breves, Ragú 6, Os Maiores Clássicos dos Vingadores 2, Os Maiores Clássicos do Homem-Aranha 4, Superman & Batman: Volume 1 e Darkness: Série Clássica.

Sandman: Volume 7 - Vidas Breves

Érico Borgo

O sétimo volume da luxuosa coleção capa-dura que reúne a obra-prima de Neil Gaiman chega às livrarias e merece especial destaque. O arco de histórias tem clara influência nos dois romances posteriores do autor.

Deuses Americanos e Os filhos de Anansi usam muitas das idéias que o inglês mostrou pela primeira vez em "Vidas Breves", espécie de filme-de-estrada que coloca Sonho e Delírio em busca de seu irmão perdido. Estão na HQ os deuses esquecidos, vivendo entre mortais e partilhando de seu cotidiano, e a idéia de que o mundo terrestre esconde surpresas inesperadas.

A história detalha também o passado dos Perpétuos, entidades além dos deuses, especialmente a pequena e desmiolada Delírio. Flashbacks mostram passagens brevemente comentadas nos primeiros volumes da série e certas pontas soltas finalmente começam a ser amarradas. É, de certa forma, o momento em que a série dá sua primeira grande virada, provando que existia desde o começo um grande plano de Gaiman para a mitologia da sua criação.

O volume é ilustrado por Jill Thompson (Morte, A Festa e Dead Boy Detectives) e arte-finalizado por Vince Locke. A arte nunca foi um grande diferencial de Sandman (pelo menos no início), mas a dupla faz um trabalho competente, especialmente com Delírio e nas seqüências do bar de strip-tease.

Uma edição fundamental para uma das obras mais importantes da arte seqüencial.

Não há extras neste volume além do glossário e das anotações ao final da edição (que as demais editoras aprendam com os acertos da Conrad e parem de poluir gibis com explicações desnecessárias nos cantos das páginas).

(Sandman: Brief Lives) Editora Conrad. Formato: 19 x28,2 cm. 264 páginas. 66 reais. Compre aqui.

Os Maiores Clássicos dos Vingadores 2

Marcus Vinicius de Medeiros

Após a reformulação drástica empreendida por Brian Michael Bendis para os Maiores Heróis da Terra, que resultou numa formação totalmente distinta da equipe na revista Os Novos Vingadores, ganha importância renovada a fase assinada pelo gênio John Byrne à frente dos Vingadores da Costa Oeste. Além das virtudes de Byrne como quadrinhista, a saga deste Maiores Clássicos introduz muitos dos elementos que resultariam na dramática "Queda dos Vingadores" e na atual fase do grupo.

Embora os Vingadores da Costa Oeste, como equipe de super-heróis dentro do Universo Marvel, continue parecendo um tanto redundante, o texto e a arte de Byrne garantem um envolvimento emocional com os personagens e movem a história com dinamismo. A condição em que se encontra o andróide Visão, a crise que começa a assolar sua esposa Feiticeira Escarlate, o sofrimento de Magnum e o surgimento dos Vingadores Centrais são todos elementos que revelam conflito e foram decisivos na cronologia dos personagens.

Talvez o único ponto negativo a ser destacado quanto aos Vingadores da Costa Oeste, mesmo em sua melhor fase, é o fato de as aventuras soarem domésticas demais. Como parte da maior superequipe da editora, espera-se deles uma saga bombástica em que os conflitos pessoais sejam bem dosados com a ação. Não é exatamente o que ocorre, e em decorrência disso, quem não é fã de carteirinha, fica perdido. John Byrne prova que sabe narrar uma história contundente, mas sua opção pelo drama humano limita sua importância para o grande público.

(West Coast Avengers 42-50) Panini Comics. Formato americano. 216 páginas. Papel LWC. R$ 26,90. Compre aqui.

Os Maiores Clássicos do Homem-Aranha 4

Marcus Vinicius de Medeiros

Atualmente, Frank Miller é um dos nomes mais badalados da indústria do entretenimento, especialmente graças ao sucesso de sua obra Sin City nos cinemas e a adaptação de 300 de Esparta. É bastante oportuna, então, a chegada da nova edição compilando histórias clássicas do Homem-Aranha, - o super-herói mais popular dos quadrinhos e agora também do cinema -, assinadas por Miller.

Como fã do herói e do autor devem saber, não existe nenhuma fase revolucionária ou obra-prima do Homem-Aranha de autoria de Frank Miller. O que temos aqui, portanto, são histórias sem grandes pretensões, em que o quadrinhista, ainda longe de se consagrar como astro da arte seqüencial, teve a oportunidade de trabalhar o Escalador de Paredes. Em alguns casos, como nas duas primeiras histórias, foi como desenhista convidado de uma série regular. Em outras, ficou a cargo de encontros do Aranha com grandes figuras do Universo Marvel.

Mesmo que nunca tenha dado seu estilo pessoal ao personagem, Miller apresentou um espetáculo admirável nas histórias do Aranha que ilustrou ou escreveu presentes neste especial. Os desenhos já se diferenciavam do padrão da época, podendo ser notada a influência de Will Eisner e uma mistura de estilos que valorizava movimentos de câmera rápidos, atmosferas sombrias e closes introspectivos. Como há encontros com Demolidor, Quarteto Fantástico, Justiceiro, Dr. Estranho, Punho de Ferro e Luke Cage, o leitor fica com água na boca imaginando como seria um épico assinado por Miller reinterpretando todo o Universo Marvel.

Impossível não mencionar os roteiros competentes de Bill Mantlo, Chris Claremont e Dennis O’Neil, sendo este o melhor colaborador de Miller no especial. As histórias de O’Neil valorizam mais a arte de Miller, além de terem como mérito apresentar os dramas pessoais de Peter Parker. Independente do valor histórico, uma aventura do Aracnídeo não estaria completa sem abordar seus problemas com garotas. As tramas que envolvem de elementos sobrenaturais ao submundo do crime de Nova York completam o pacote de surpresas.

(Spectacular Spider-Man 27-28; Amazing Spider-Man Annual 14-15; Marvel Team-Up 100; Marvel Team-Up Annual 4) Panini Comics. Formato americano. 212 páginas. R$ 26,90. Compre aqui.

The Darkness - Série Clássica

Marcus Vinicius de Medeiros

Representando uma nova fase dos estúdios Top Cow, divisão da Image Comics que teve como carro-chefe inicial as séries Cyber Force e Codinome: Strike Force, de Marc Silvestri, The Darkness rompeu alguns padrões. Em primeiro lugar, a ambientação do universo de Silvestri deixou de ser um derivativo tecnológico dos X-Men para dar lugar ao sobrenatural, e mais importante, o desenhista percebeu que a figura de um escritor competente se fazia necessária e contratou o fenômeno da linha Vertigo, Garth Ennis.

A nova direção da Top Cow, que além de The Darkness, trouxe também o sucesso de vendas Witchblade, apresentava idéias diferentes, mas foi executada de forma tão burocrática que resultou mais uma vez em quadrinhos apelativos e sem personalidade. Em Darkness, acompanhamos o assassino da máfia Jack Estacado, que recebe os poderes da Escuridão e passa a comandar forças demoníacas. Estacado adota um visual de filme B e passa a comandar criaturas saídas do inferno. Como pano de fundo, há uma mitologia envolvendo guerras entre criaturas místicas que fracassa totalmente em seu propósito de cativar o leitor. Igualmente pedantes são as incursões dos autores no mundo do crime organizado.

O arco de histórias de The Darkness - Série Clássica aparenta ser uma versão de um título Vertigo modelado para o leitor da fase inicial da Image, em que o único apelo eram os desenhos de mulheres sensuais em cenas provocantes. Marc Silvestri continua o mesmo, e Garth Ennis pasteuriza seu próprio estilo. Para não dizer que nada se salva, há um toque inteligente: a cena em que o anti-herói Jack Estacado, que mantinha a rotina de assassinatos e mulheres fáceis, descobre que, como herdeiro dos poderes da Escuridão, não poderá mais fazer sexo, é divertidíssima. Mas a piada só funciona uma vez...

(The Darkness 7, 8 e 11 a 14) Panini Comics. Formato americano. 148 páginas. R$ 14,90. Compre aqui.

Ragú

Érico Assis

É difícil criticar quadrinho brasileiro, especialmente de uma iniciativa legal como a Ragú - uma antologia de autores brasileiros (e um ou outro estrangeiro) organizada a partir de Pernambuco (com verbas da prefeitura de Recife) pelo cartunista Christiano Mascaro. Mas trabalho de resenhista tem dessas coisas, e a gente tem que crer que crítica deve servir num sentido construtivo - para que a próxima Ragú, bem como outros iniciativas nacionais, sejam ainda melhores e continuem fazendo evoluir o cenário do quadrinho nacional.

Aliás, o próprio Mascaro reclama, no editorial que abre esta Ragú, que não existe cenário: "Não, não há. O negócio aqui é ingrato mesmo. Mesmo agora, com muita publicação de qualidade gráfica fazendo frente a qualquer edição gringa (algumas até superando as originais), para nós brasileiros, a luta ainda é grande".

A Ragú é um destes exemplos. 100 páginas, sendo 32 em cores, formato grande, belíssima capa cartonada. De encher os olhos. E tudo isso por apenas R$ 20. É uma pechincha, e obrigatória para quem enxerga os quadrinhos além das roupas coloridas dos super-heróis.

Mas tem seus problemas. O principal é a mania pseudo-intelectual de alguns quadrinistas brasileiros, de tratar HQ como poesia visual de péssima qualidade, com a grandiloqüência vazia que quem passou por faculdade de arte conhece bem. São trabalhos pretensiosos, de texto complicado e imagens inexplicáveis, que parecem querer esconder sua mensagem atrás de teoria ou de uma ironia muito mal explicada.

Isto não é exclusivo da Ragú. Autores como Osvaldo Pavanelli, Fábio Zimbres, Moa, Jaca, Marco Carillo e outros também assolam outra coletâneas nacionais, como a Front. E, infelizmente, o estrangeiro convidado desta edição, o alemão Hendrik Dorgathen, sofre do mesmo mal.

O que faz a edição brilhar são as HQs mais "inocentes", que buscam contar uma história de forma direta, sem pedantismo. E, mesmo assim, com um visual fantástico. É o caso do próprio Mascaro, nas suas criativas histórias dos "Meninos de Rua Gigantes" ou na adaptação literária que fecha o volume. E também o caso do talentosíssimo mineiro Lélis, que deveria ser reconhecido em todo o Brasil como gênio da ilustração.

Enfim, a Ragú sofre de alguns trabalhos "afetados", que felizmente você pode deixar de lado e folhar até encontrar as histórias realmente boas. E estas, mesmo que poucas, valem os R$ 20 do livro. Uma ótima e barata forma de estimular o quadrinho nacional.

Para comprar: a Ragú também tem esse pequeno probleminha de distribuição, que a torna limitada às comic shops atendidas pela Comix e à Livraria Cultura (esta, online). Os autores dizem que vão montar o site http://www.raguhq.com.br/ para vendas, que até o momento ainda não está no ar - pressa nisso, galera!

Independente. 100 páginas. 20 reais.

Superman & Batman: Inimigos Públicos

Marcus Vinicius de Medeiros

A parceria entre Jeph Loeb e Ed McGuiness rendeu um dos momentos mais inspirados do Homem de Aço na DC Comics, no qual foi destaque o primeiro arco de histórias da série Superman & Batman, reunido neste especial encadernado. Como fio-condutor da narrativa, uma trama simples, mas eficaz: um asteróide de origem kryptoniana está para se chocar com a Terra, e o presidente Luthor coloca heróis e vilões no encalço do último Filho de Krypton e do Cavaleiro das Trevas

Loeb, talento reconhecido nos quadrinhos e na televisão, afirmou que sua inspiração para a série esteve na Liga da Justiça escrita por Grant Morrison, mais um fenômeno da editora. Superman & Batman traria a mesma relevância, ação em larga escala e grande número de personagens agindo simultaneamente. Embora apresente uma obra menos "cerebral" que a de Morrison, Inimigos Públicos e diversão do início ao fim, e funciona perfeitamente como conflito final entre o Super-Homem e Batman e o Lex Luthor presidente dos Estados Unidos.

A história não deixa de apresentar falhar, mas estas são mais que compensadas no final. As motivações dos personagens secundários e a própria resolução do conflito, por exemplo, não são exatamente impecáveis. Por outro lado, a interação entre Superman e Batman, e toda a ação envolvendo os grandes nomes do Universo DC, são praticamente uma dádiva para quem já havia se cansado de uma abordagem cínica e pessimista da fase que ficou conhecida como "Era Sombria" dos quadrinhos. A história curta ilustrada por Tim Sale é o grande bônus que torna o encadernado obrigatório para os fãs.

(Superman & Batman 1-6) Panini Comics. Formato americano. 164 páginas. Compre aqui.

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