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Rammstein em São Paulo 2010

Alemães voltam ao Brasil 11 anos depois com casa cheia

04.12.2010, às 18H36.
Atualizada em 05.02.2017, ÀS 21H02

E quem diria que Rammstein, a banda que era conhecida no Brasil como "os alemães que abriram os shows do Kiss em 1999", voltaria ao país 11 anos depois e lotaria, sozinho, uma casa de shows com capacidade para 6 mil pessoas? Os ingressos para o show de divulgação do sexto e mais recente álbum, "Liebe ist Für Alle Da", que aconteceu na última terça-feira, na Via Funchal, em São Paulo, estavam esgotados há meses. Por isso, um show extra da banda foi negociado para o dia seguinte. Na plateia, em ambos os dias, muitos jovens (e outros nem tanto) conferindo o desempenho ao vivo da banda alemã, que é considerada uma das maiores da atualidade.

Se as apresentações de Paul McCartney tiveram mudanças de um dia para o outro, o sexteto alemão preferiu não incluir ou tirar música alguma no setlist. A única diferença foi o horário. No primeiro dia, o show começou com 15 minutos de atraso, e na quarta os músicos subiram ao palco pontualmente às 22h. O fato de os dois shows terem sido iguais tem uma explicação: o Rammstein monta um circo-teatral no palco. Desde suas primeiras turnês, a pirotecnia é uma característica das performances ao vivo da banda, que conta ainda com movimentos sincronizados no palco e nas luzes. É quase um teatro em que os músicos-atores têm suas marcações e texto decorados.

Rammstein

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O que os brasileiros viram nos shows em São Paulo foi uma adaptação muito bem feita da turnê que passou pelos países europeus em 2009 e 2010. Porém, por ser apresentado em um lugar menor e fechado (e também em função de custos de produção) não tinha como trazer ao país as grandes pirotecnias que a banda está acostumada a fazer no palco, mas mesmo assim o público viu muitos fogos e efeitos, tudo supervisionado de perto por bombeiros, posicionados ao lado do palco.

Um dos destaques foi a polêmica "Mein Teil", música inspirada no canibal alemão Armin Meinwes, que em 2001 foi condenado a prisão perpétua por ter amputado e comido o pênis de um homem que conheceu pela Internet, supostamente com seu consentimento. Durante sua apresentação o vocalista Till Lindemann entra no palco com um chapéu de cozinheiro e um avental sujo de sangue falso e finge cozinhar o tecladista Flake dentro de um caldeirão enfumaçado. "Pussy" teve o baterista Christoph Schneider fazendo performances com um "dildo" de onde saíam faíscas. E "Du Hast", maior hit da banda, mostrou o vocalista usando uma arma para realizar mais efeitos de fogo.

Em um palco em que cada integrante parece assumir um papel dentro de um roteiro, o grande destaque é Christian "Flake" Lorenz. O tecladista magricela parece um robozinho ligado na tomada e atua como o brinquedo particular de Till Lindemann. Em alguns momentos do show, o vocalista vai até ele e o cutuca, o que é prontamente respondido por Flake com uma tentativa sem sucesso de revide. Durante a música "Haifisch", vestido com uma colada roupa brilhante, ele nada sobre a platéia em uma espécie de bote.

O público do primeiro dia era claramente mais apaixonado e agia quase como um exército do Rammstein, entoando as canções na língua alemã e respondendo à banda com uma paixão quase assustadora. Quem foi ao segundo dia enfrentou menos filas, menos calor (durante as últimas músicas do primeiro show era quase impossível respirar dentro da casa, tamanho o calor e lotação) e encontrou mais lugares para ver o sexteto de perto. O Rammstein respondeu ao entusiasmo da platéia com quase duas horas de espetáculo que abrangeu os maiores hits de sua carreia, desde o primeiro álbum, Herzeleid (1995). Ambos os shows tiveram dois bis, que terminaram com "Te Quiero, Puta", música que não tinha sido incluída nesta turnê, surpreendendo o público, e um "Muito obrigado" pronunciado com a voz grave de Lindemann e seu forte sotaque.

Ao final do primeiro show, a banda recebeu convidados no backstage. Em conversa com o vocalista, ele comentou que estava muito surpreso com a boa receptividade não apenas do público brasileiro, mas também dos argentinos e chilenos, por onde a banda passou antes de vir para cá. De negativo, só a lamentação por não terem conseguido trazer o show completo para estes países.

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