Novidades musicais

To the 5 boroughs Beastie Boys (EMI) 5 ovos!

To The 5 Boroughs, o sexto trabalho de estúdio do Beastie Boys, é também o primeiro álbum totalmente produzido pela banda.

Abalados pelo ataque terrorista de 11 de setembro, Mike D, Adam Yauch e Adam Horovitz aproveitaram o disco para homenagear Nova York, sua cidade natal. As letras servem também para atirar críticas pesadas a George W. Bush, o presidente dos Estados Unidos, neste que é um dos trabalhos mais politizados da longa carreira do trio.

A ousadia já começa na capa do disco, que mostra as torres gêmeas do World Trade Center intactas, num incrível encarte que se desdobra em sete partes para revelar todo o skyline da cidade. Claro que o trabalho não fala apenas de política. Estão lá todas as referências pop que os fãs já se acostumaram a procurar nos álbuns do Beastie Boys. Logo de cara, Ch-Check it out (o single que abre o CD) faz uma homenagem aos trekkers. No clipe da música, os três surgem na rua vestidos de Capitão Kirk, Spock e Dr. McCoy logo depois de um teleporte.

Ah, tem que falar da música? Hip-hop relevante de primeira, claro. (Por Érico Borgo)

Acústico MTV Ira! Ira! (Sony) 4 ovos

Eles até que demoraram a aderir a interminável onda dos acústicos, mas finalmente chega às lojas a parceria do IRA! com a MTV.

Para os antigos fãs da banda de Nasi, Scandurra, Gaspa e Jung, o resultado é aquela coisa meia-bomba, com versões desplugadas e às vezes lentas demais. Para os fãs mais recentes, dá para conhecer um pouco da história do quarteto paulistano por meio de alguns de seus maiores sucessos. Porém, a primeira música de trabalho, Girassol (do álbum 7), não poderia ser mais tola e ter a letra menos criativa. O que faz com que nos perguntemos: por que a escolha?

O destaque fica, mais uma vez, para as participações especiais. A mais bacana é a entrada de Samuel Rosa, que já havia tocado com os caras na versão de Um girassol da cor de seu cabelo, clássico de Lô Borges, no CD Isso é amor.

Desta vez, o vocalista do Skank divide o microfone com Nasi em Tarde vazia, uma balada que ganhou frescor com a dupla. Quanto aos vocais de Nasi, não há muito mais o que dizer. Quem sempre curtiu a banda, já se acostumou com essa fase mais, digamos, rouca do vocalista. E quem não curtia, não vê ou melhor, não ouve nenhum problema afinal, quem acha que Chorão pode concorrer a prêmio de melhor cantor e acha que Badauí e Tico Santa Cruz são cantores...

Sonic nurse Sonic Youth (Universal) 4,5 ovos

Disco novo do Sonic Youth é sempre um acontecimento. Mesmo se você não curte tanto assim a banda, precisa dar pelo menos uma escutada no que eles andam fazendo. É referência, é importante, sempre. Desta vez, o álbum vem mais palpável, mais fácil e menos denso. A experimentação, é claro, está presente, mas não é o carro-chefe do disco. Há canções quase pop e principalmente, trata-se de um trabalho coeso, com uma unidade.

Das dez faixas do CD, destaque para Stomes, Love you golden blue e Paper cup exit.

O disquinho vale a pena e estimula o ouvinte a buscar outros trabalhos da banda para descobrir o que é fazer rock n roll de verdade.

Na paz Fernanda Abreu (EMI) 2,5 ovos

Quando ela saiu da Blitz e no início dos anos 90 se lançou como cantora solo, foi aclamada pelo público e pela crítica como uma espécie de rainha da dance music. O que Fernanda Abreu fazia era realmente diferente do que se ouvia até então na música pop nacional. O som era para as pistas, com um sotaque carioca muito forte e, acima de tudo, com um astral nas alturas.

Misturando influências da música eletrônica gringa e do funk produzido nas favelas do Rio de Janeiro, ela nunca teve nas letras seu maior trunfo, mas cumpria bem o papel de produzir uma música pop radiofônica, cheia de refrões e sempre pronta para o sucesso. Mas o tempo passo e a garota sangue bom chegou a seu quarto CD de estúdio quase sem gás.

O disco é repetitivo ao extremo e apresenta uma Fernanda sem criatividade, entediada e sem absolutamente nada a dizer. A carioquice da cantora soa atualmente quase caricata. O sotaque é forçado demais e o pseudo engajamento da moça, que freqüenta bailes funk e torce pela paz em um primeiro single desanimado ("Eu vou torcer"), parece mais do que nunca falso. Este é um exemplo claro de alguém que não soube se livrar dos rótulos e acabou sucumbindo à mesmice musical.