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O recém-lançado Dance of death, traz de volta um Iron Maiden renovado - haja vista as orquestrações - e em plena forma. Desde o trio The number of the beast, Piece of mind e Powerslave, não se via a Donzela de Ferro tão bem entrosada e com tantas músicas excelentes num só álbum.
Desde seu último trabalho em estúdio, Brave new world, sua formação é a mesma, a saber: Bruce Dickinson (vocais), Steve Harris (baixo), Dave Murray, Adrian Smith, Janick Gers (guitarras) e Nicko McBrain (bateria).
A dança da morte começa com Wildest dreams, faixa típica da abertura de todos os discos do Iron Maiden, com exceção de The X factor. Rápida, direta, sem muitas variações, trata-se de um heavy metal tradicional, com refrão empolgante. Foi o primeiro single da bolachinha a ser lançado.
Rainmaker vem em seguida. De curta duração, lembra bastante o som que Bruce Dickinson fazia no começo de sua carreira-solo. Não é muito pesada, mas tem um refrão legal e uma ótima interpretação. Atenção para os solos de guitarra.
O vocalista é também destaque na próxima faixa, No more lies. Ela começa com um ritmo bastante cadenciado, lembrando algumas composições de The X factor e Virtual XI, antes de realmente engrenar o peso tradicional do Iron Maiden. A música é a primeira do disco a apresentar orquestrações.
Finalmente, Montségur traz um dos principais traços do grupo: as composições épicas. Baseada em uma das incontáveis chacinas perpetradas pelos templários durante as cruzadas, a faixa já começa no pique, pesada, e se mantém assim até o final. Ótimos riffs e solos de guitarra, além do refrão empolgante, do tipo grudento, são os destaques desta candidata a ser um dos hits do álbum.
Dance of death, a mais longa do disco, disputa cabeça a cabeça o título de melhor música com Montségur. Inicia-se cadenciada e leva praticamente três minutos - de seus quase nove - para se acelerar. Quando isso acontece, o Iron Maiden mostra por que é o melhor no que faz. Destaque para os três guitarristas e para as orquestrações.
Gates of tomorrow mantém a qualidade. O início lembra bastante o hard rock dos anos 70, especialmente aquele praticado por bandas como o AC/DC. Os vocais dobrados (duas vozes ao mesmo tempo, ambas de Bruce, gravadas em canais diferentes) provocam estranheza, mas nada que comprometa a canção, cujo refrão é bem legal.
Demorou vinte anos, mas finalmente o baterista Nicko McBrain contribuiu para valer numa composição do Iron Maiden. New frontier segue a mesma fórmula de Wildest dreams e serviria até para abrir o álbum: tem poucas variações, começa pesada e vai assim até o final.
Paschendale é outra candidata a destaque. Composição épica, narra uma batalha, provavelmente da Primeira Guerra Mundial, na França. Começa cadenciada, parte pra tonelagem, volta a ser cadenciada e assim vai, alternando seções melódicas e pesadas. Apresenta diversas partes orquestradas e um teclado excelente, além, é claro, de guitarras bem encaixadas e a bela voz de Bruce.
Face in the sand também se inicia leve, com uma atmosfera, graças às orquestrações, incomum em músicas da Donzela. A sensação permeia toda a faixa, uma das mais cadenciadas de todo o disco.
Uma das características mais marcantes desta nova fase é o fato do Iron Maiden deflagrar as composições de forma suave, antes de adicionar mais peso. Age of innocence não foge à regra. Traz interessantes riffs de guitarra - especialmente para quem adora balançar a cabeça - e um refrão cativante.
Semi-acústica, Journeyman encerra o álbum. vem recheada de orquestrações e, uma vez mais, um belo refrão. Fecho de ouro em mais um excelente trabalho do Iron Maiden.
Com Dance of death, o grupo volta à velha forma que o consagrou. Ao lado de Live, do Blind Guardian, é um dos destaques de 2003 e não duvido que a mídia especializada o eleja o melhor lançamento de heavy metal do ano.
Quem diz que os solos de guitarra estão fadados a desaparecer com certeza deveriam escutar esse álbum.