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Crítica

Eddie Vedder - Ukulele Songs | Crítica

Longe do som pesado do Pearl Jam, Eddie Vedder grava disco simples e intimista

08.06.2011, às 16H50.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 14H22

Eddie Vedder, mais conhecido como vocalista e principal compositor do Pearl Jam, acaba de lançar Ukulele Songs, seu segundo disco solo. O título do álbum é uma perfeita descrição do seu conteúdo: uma coleção de músicas tocadas no ukulele (um instrumento havaiano de 4 cordas, semelhante ao cavaquinho). Por mais estranha e inusitada que a proposta pareça, o resultado é um trabalho surpreendente.

Em seu primeiro disco solo, a trilha sonora para o filme Na Natureza Selvagem (Into The Wild, 2007), Vedder estava limitado tematicamente à um roteiro. Em Ukulele Songs, ocorre o contrário. A limitação instrumental é imposta pelo próprio músico, que usa apenas o ukulele para acompanhar sua voz em todo o disco (salvo algumas exceções). Obviamente, isso pode resultar em uma certa monotonia, um obstáculo sonoro que fica aparente logo nas primeiras faixas, e que pode reduzir a durabilidade do disco para muitos ouvintes.

No entanto, ao colocar a simplicidade do som em segundo plano, belas canções podem ser descobertas. Vedder compôs grande parte de Ukulele Songs sob um ponto de vista claramente apaixonado (afinal de contas, casou-se no fim do ano passado), mas honesto e sem ilusões. Considerando esse tema romântico consistente entre as canções, o ukulele se revela como um instrumento perfeito para interpretá-las, criando a atmosfera apropriada. Sendo relativamente curto (pouco mais de 30 minutos), o álbum se beneficia desse tom na medida certa, pois provavelmente ficaria meloso se prolongado.

A primeira faixa, "Can't Keep", que já foi gravada pelo Pearl Jam, no disco Riot Act (2002), aparece aqui no formato em que foi originalmente visualizada por seu compositor, e serve como um perfeito exemplo da regra "menos é mais". No formato minimalista, sem as costumeiras guitarras, baixo e bateria, a voz de Vedder toma conta da música e pode mostrar suas nuances com mais clareza, expondo a verdadeira riqueza da melodia. Inclusive, é possível discutir se a versão acústica de "Can't Keep" é melhor que a do Pearl Jam, uma vez que comparar Ukulele Songs aos trabalhos recentes da banda de Seattle só favorece Eddie Vedder como compositor.

Backspacer (2009), último trabalho lançado pelo Pearl Jam, tinha apenas 36 minutos de duração e não parecia ser curto por opção criativa, mas por uma falta de empenho da banda. Já em seu nono disco de estúdio, os cinco músicos pareciam ter entrado em piloto automático, trafegando em sua zona de conforto. E, ironicamente, as duas faixas que mais se destacaram no álbum foram justamente as acústicas "Just Breathe" e "The End", composições solo de Vedder.

A maioria das músicas de Ukulele Songs têm qualidade suficiente para, hipoteticamente, serem utilizadas em um álbum do Pearl Jam. Assim, é inevitável questionar o futuro criativo do grupo, especialmente com um novo álbum já em andamento, pois está claro que Vedder tem capacidade para compor músicas cativantes, e que sua voz está em ótima forma. No entanto, é possível que a química entre Vedder e os demais quatro integrantes necessite de um novo estímulo.

Dois dos melhores momentos do álbum são as faixas em que Vedder colabora com outros cantores. Tanto "Sleepless Nights", com Glen Hansard (da dupla The Swell Season), quanto "Tonight You Belong To Me", um dueto com a cantora Cat Power, ambas covers, são lindas, e é quase impossível não ser encantado por elas. É uma pena que o álbum não tem mais colaborações, pois certamente ganharia muito em variedade, amenizando assim a principal fraqueza do disco.

Apesar de sua uniformidade sonora, que alguns podem confundir com preguiça de explorar outros instrumentos, Ukulele Songs evidencia o talento de Eddie Vedder, e a paixão com que ele gravou estas canções. Considerando as limitações que Vedder impôs à sua própria música, o resultado é admirável, e melhor do que se acreditava possível.

Assista ao videoclipe de "Can't Keep"
Assista ao videoclipe de "Longing to Belong"

Nota do Crítico
Bom
Na Natureza Selvagem
Into The Wild
Na Natureza Selvagem
Into The Wild

Ano: 2007

País: EUA

Classificação: 12 anos

Duração: 148 min

Direção: Sean Penn

Elenco: Emile Hirsch, Marcia Gay Harden, William Hurt, Jena Malone, Brian H. Dierker, Catherine Keener, Vince Vaughn, Kristen Stewart, Hal Holbrook, Thure Lindhardt, Signe Egholm Olsen, Cheryl Francis Harrington, Zach Galifianakis

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