Trilogia Star Wars

Splinter of the Mind´s Eye

Trilogia Han Solo

Trilogia Lando Calrissian

Trilogia de Thrawn

Trilogia Jedi Academy

Tales from the Mos Eisley Cantina

Vector Prime

No longo hiato entre O Retorno de Jedi e o Episódio I os fãs, sem filmes nos cinemas, buscaram o universo criado por George Lucas no chamado universo expandido: livros, quadrinhos e games ambientados no Universo Star Wars. Mas mesmo ele demorou a surgir.

Ansiosos, os apreciadores da saga espacial já sabiam que haveria outra trilogia para ampliar os acontecimentos de Star Wars - Uma Nova Esperança, O Império Contra Ataca e O Retorno do Jedi. Mas sem uma data definida, aguardavam que George Lucas deixasse de lado seu papel de pai solteiro e executivo de estúdio para se dedicar aos roteiros dessas novas produções, capítulos produzidos após os três filmes originais, mas cronologicamente localizados antes deles na história. Enquanto isso não acontecia, o rico universo Star Wars permanecia quase fechado.

Além da novelização dos três filmes, até 1991 apenas sete livros foram lançados com histórias que aconteciam no universo Star Wars. Entre eles, o primeiríssimo, lançado quase um ano antes do filme nos Estados Unidos. Batizado por aqui de Guerra nas Estrelas, é o que mais oferece informações adicionais ao que foi visto nos cinemas. O prólogo traz um trecho do "Journal of the Whills", nome que o roteiro de Star Wars recebeu quando foi escrito pela primeira vez, em 1973. Com apenas quarenta páginas, o roteiro falava sobre "Mace Windy, um reverenciado Jedi Bendu de Ophuchi, conforme as informações de C. J. Thorpe, aprendiz Padawaan do famoso Jedi", provando que até detalhes dos Episódios I, II e III já existiam então.

O livro inclui também as famosas cenas cortadas de Luke com seu amigo Biggs, antes do encontro com os robôs e Obi-Wan e, pouco antes da batalha de Yavin. Há, ainda, uma cena em que um piloto diz ter conhecido o pai de Luke. Durante anos, ela foi considerada um erro de continuidade. Após o Episódio I, o piloto passou a ser apenas alguém que presenciou Anakin em sua corrida de pod racers ou zunindo por Coruscant ao lado de Obi-Wan.

A maior característica dos livros nesse período é a falta de preocupação com uma cronologia geral. Em Splinter’s of the Mind’s Eye, publicado em 1978, ainda antes do lançamento de O Império Contra Ataca, Luke não só enfrenta Darth Vader como corta o braço do homem que só dois anos depois colocaria a frase "eu sou seu pai" para todo o sempre da história do cinema. Além desses títulos, os demais concentram-se nas aventuras de Han Solo e Chewbacca. O terceiro volume da Han Solo Trilogy termina minutos antes de seu famoso encontro com Luke e Obi-Wan na cantina. Em 1983, mesmo ano do lançamento de O Retorno de Jedi, é a vez de Lando ganhar espaço em uma trilogia própria (Lando Calrissian and the Flamewind of Oseon, Lando Calrissian and the Mindharp of Sharu e Lando Calrissian and the Starcave of ThonBoka) e de Star Wars entrar numa longa hibernação como franquia.

A situação mudou em 1991, quando Lucas liberou a entrada de autores em sua caixa de areia, desde que eles permanecessem restritos ao período pós-Retorno de Jedi. A nova fase estreou com a Trilogia de Thrawn, de Timothy Zahn, situada nove anos após Uma Nova Esperança (leia tudo sobre ela aqui). Os livros foram os primeiros a mostrar que a cabeça do Império podia ter sido cortada, mas sua miríade de funcionários e, principalmente, de militares, não estava disposta a perder o emprego em nome da democracia na galáxia. No lado rebelde, a falta de um inimigo comum libera as diversas facções a exibirem suas desavenças. O novo balanço do poder é um dos elementos vitais do vindouro universo expandido.

Em 1994, mais um livro mostrou os problemas que os rebeldes enfrentariam após a queda de Palpatine com The Truce at Bakura, de Kathy Tyers. O enredo começa no dia seguinte à morte do Imperador e leva o trio principal a um planeta distante. O mais interessante, no entanto, é a cena em que Anakin aparece para Leia no mesmo estilo em que Obi-Wan conversa com Luke. Com toda a saga apoiada no relacionamento entre pai e filho, esse é um raro momento em que o fato de Leia também ser filha de Anakin e Padmé recebe alguma luz.

Também em 94, a princesa voltou ao centro da história com The Courtship of Princess Leia, em que o governo republicano pede a ela que se case com um príncipe em troca de um tratado. A história de Dave Wolverton é um prato cheio para quem gosta do pirata Han Solo, que não pensa duas vezes antes de raptar a mulher que ama para convencê-la de que ele é o homem ideal para casar-se com uma Senadora da Nova República.

Outro lançamento de 1994 foi a Jedi Academy Trilogy, de Kevin Anderson, narrando os esforços de Luke para recriar a Ordem Jedi. Sem a base de conhecimento da organização, destruída nos eventos que seriam mostrados no Episódio III, Luke torna-se um prato cheio para os aprendizes atraídos pelo lado negro. A trilogia evidencia um dos problemas da evolução dos personagens em Star Wars que afeta principalmente Luke. Influenciado por O Retorno de Jedi, o Luke dos livros é sério demais, tornando-se cada vez menos interessante conforme se afasta do personagem que conhecemos na tela. Han Solo é outro que sofre com a passagem do tempo. O ex-contrabandista, no entanto, resiste em sua nova posição de marido de uma Senadora. Sua luta contra a posição respeitável que agora ocupa é o destaque de The Last One Standing: The Tale of Boba Fett, parte da coletânea Tales of the Bounty Hunters, escrita por diversos autores. Além dessa, Star Wars oferece mais duas coletâneas que merecem ser lidas mesmo para quem não está disposto a mergulhar no universo expandido: Tales from the Mos Eisley Cantina e Tales from Jabba’s Palace. Na primeira, os personagens presentes na cantina em Star Wars são as estrelas, com o encontro de Obi-Wan, Luke, Han Solo e Chewbacca transformado num evento marginal. Na segunda, o ponto de partida é o salão do palácio de Jabba de O Retorno de Jedi.

Além dos personagens secundários dos filmes, os livros são o espaço ideal para novos personagens. Alguns dos destaques são a Almirante Daala, uma protegida de Moff Tarkin (Peter Cushing), e o alienígena Almirante Thrawn. Ambos nasceram quando os escritores resolveram explorar um detalhe dos filmes: a ausência de mulheres e não-humanos entre os militares imperiais. Além deles, Mara Jade, uma assassina dedicada a Palpatine, é outra que ganhou a simpatia do público e terminou por se casar com Luke. Outro foco das histórias são os filhos de Han e Leia, os gêmeos Jacen e Jaina e o caçula Anakin, personagens ideais para capturar novos fãs para a franquia.Ver Han Solo lendo histórias para os filhos, no entanto, não é o que os fãs da antiga trilogia podem chamar de interessante.

A morte indesejada

Um dos motivos do sucesso dos universos expandidos é a continuidade das histórias, independente da vontade dos executivos dos estúdios e suas planilhas de custos e bilheteria, da existência de tecnologia de efeitos especiais e da vontade dos atores em dedicar suas vidas a um personagem só. Assim, foi com total choque que os leitores descobriram que Vector Prime iria trazer a morte de Chewbacca. Com a Internet sempre a postos para servir os mais afoitos, e menos educados, R. A. Salvatore foi alvo de uma onda de ameaças que ultrapassou os limites do bom senso. A decisão quanto ao enredo, no entanto, foi creditada a George Lucas e a discussão dada como encerrada.

Com um número aparentemente infindável de planetas e povos, a trama dos livros é completada por edições em quadrinhos, jogos eletrônicos, card games e animações. Conhecer toda a saga significa investir respeitáveis números em horas e moeda dedicadas ao universo Star Wars. Os leitores de universos expandidos, no entanto, sabem que nem todos os títulos atingem a melhor qualidade e, na maioria das vezes, começam a procurar os autores que mostram melhor conhecimento das leis internas do universo e demonstram melhor desenvoltura com os personagens.

Para os que não querem se afastar dos filmes, os espaços entre os Episódios estão sendo, aos poucos, ocupados por aventuras de Anakin ao lado de Obi-Wan e mais informações sobre Luke, Han e Leia antes e durante a trilogia original. Para os que desejam ir adiante, e sonhavam em ver os episódios VII, VIII e IX na tela, os livros podem ser a saída para a frustração. A pergunta que sacode o universo expandido na saída das sessões de A Vingança dos Sith, no entanto, é uma só: em que ponto, em toda a cronologia, vai se situar a série de TV prometida por George Lucas?