"Dias de cão". O subtítulo de Kane & Lynch 2: Dog Days diz basicamente tudo o que precisamos saber sobre a trama do jogo que recupera dois dos mais execráveis escroques já criados nos videogames.

Depois dos eventos do primeiro jogo, a dupla separou-se. James Seth Lynch recomeçou a vida em Xangai. É ele quem o jogador comanda quase que na totalidade do jogo single player. O criminoso está envolvido com uma organização controlada pelo mafioso britânico Glazer. Quando surge uma oportunidade para o efêmero "último golpe", Lynch recruta o velho parceiro Adam "Kane" Marcus. Mas a ideia de aposentadoria não dura muito... minutos depois de Kane pisar em solo chinês, os dois já estão fugindo por suas vidas e envolvidos em uma trama de vingança - em que são os cobiçados alvos.

Kane & Lynch 2: Dog Days

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Kane & Lynch 2: Dog Days

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A jogabilidade melhorou bastante em relação ao original, com um sistema de cobertura aprimorado, ainda que na média do mercado. A campanha cooperativa retornou, mas as fases - bastante lineares - não fazem bom uso do jogo em dupla. Há muito poucos cenários em que o ambiente pode ser bem utilizado para flanquear inimigos, que parecem sempre saber onde você está. Cobertura e discutir estratégias não funcionam muito bem - em Kane & Lynch, atirar loucamente é quase sempre a solução.

A trama é razoável, com momentos de pura brutalidade. Há uma cena de tortura que resulta em uma fase inteira com os personagens completamente nus e cobertos de sangue, suor e cortes dolorosamente reais. Se cumpre os requisitos básicos e esperados do gênero "tiro em primera pessoa", o game ao menos ganha pontos por esse realismo grotesco.

Mas é no impactante visual que o título se destaca dos demais. A câmera "na mão", as interferências de luz estourando na tela, os "flares" e a perda de foco fazem com que imaginemos estar dentro de um filme de Michael Mann. A movimentação é vertiginosa, especialmente nos momentos que pedem maior velocidade, que os personagens corram de um canto ao outro. Os borrões, a câmera tremida, a perda de definição (como se certos momentos fossem registrados por câmeras de segurança ou de baixa resolução) e clarões cegantes dão uma sensação de urgência desesperadora.

Essa qualidade estética me atraiu tanto que me vi compelido a seguir jogando não para saber como termina a história ou pelo desafio, mas para conhecer o próximo ambiente. A Xangai de Kane & Lynch é arrebatadora e compensa a repetição das fases... que basicamente limitam-se a derrubar inimigos (com armas que têm muito pouca diferença entre uma e outra) para avançar ao próximo ponto, onde tudo acontecerá novamente.

Curiosamente, os modos multiplayer (que também desfrutam do mesmo visual) são mais criativos que o modo de história. A desenvolvedora conseguiu adaptar o submundo criminoso da trama para as partidas em grupo. Todos os estilos de jogo online são repletos de reviravoltas. Você pode optar por auxiliar companheiros ou traí-los a todo instante, mas ciente de que cada ação sua será registrada no servidor... dando aos demais jogadores uma boa ideia de quem você é antes mesmo da contagem regressiva do início do round começar. E ninguém quer dar as costas a um jogador reconhecido como traiçoeiro, tornando a dinâmica das partidas muito interessante.

Considerando o final - um tanto decepcionante - da campanha, uma continuação deve estar nos planos da Eidos Interactive. Se a empresa mantiver a qualidade estética e conseguir melhorar ainda mais a jogabilidade e história (tem um filme vindo por aí com Bruce Willis e Jamie Foxx), Kane & Lynch pode dar aquele passo extra que separa um bom jogo de uma experiência realmente memorável.

O título está disponível para Xbox 360, PlayStation 3 e PCs. Compre aqui.

Nota do crítico