Batman - O Cavaleiro de Gotham
Homem-Morcego ganha exercício de estilo nas mãos de criadores japoneses
A Warner Bros. repete a estratégia de Animatrix e lança uma série de curtas-metragens que ligam dois capítulos de uma de suas maiores franquias. Mas se da primeira vez o estúdio lançou esse elo para tapar buracos entre Matrix e Matrix Reloaded, agora o alvo é Batman Begins e Batman - O Cavaleiro das Trevas.
Diferente da trilogia dos Wachowski, porém, a intenção do DVD Batman - O Cavaleiro de Gotham não é mergulhar em mitologia. Os filmes de Christopher Nolan são suficientemente bem trabalhados. A idéia por trás dessa série de seis curtas-metragens é mais orientada pelo estilo. Afinal, as animações, ainda que passadas entre o primeiro e o segundo filme do Homem-Morcego, são todas realizadas no estilo dos animês, as animações japonesas.
Para a execução foram chamados quatro dentre os maiores e melhores estúdios japoneses da atualidade: O Madhouse do insano e onírico Paprika, o Studio 4°C do hiper-detalhado e urbano TekkonKinkreet, o Production I.G. do clássico cyberpunk Ghost in the Shell e o Bee Train Inc., que trabalha atualmente em Blade of the Immortal.
Mas se o visual vai fundo na superestilização oriental, as tramas ficam mesmo no "pé-no-chão" hollywoodiano. Para garantir uma certa coesão entre cada um dos episódios a Warner colocou o produtor Jordan Goldberg cuidando de todas as histórias e trouxe roteiristas acostumados com o universo do personagem, como Brian Azzarello, David S. Goyer, Alan Burnett e Greg Rucka. A presença maciça de personagens do departamento de polícia de Gotham, por exemplo, se faz sentir nos episódios trabalhados pelo último - que conduziu toda a série Gotham City Contra o Crime nos quadrinhos. Completa o time o veterano Bruce Timm, produtor de quase todos os desenhos animados da DC Comics desde Batman - A Série Animada, de 1992.
O resultado dessa fusão de talentos das duas costas do Pacífico é bastante empolgante. Há histórias que mostram o Cavaleiro das Trevas de vários ângulos - como o da população ("Have I got a story for you") e o da polícia ("Crossfire") -, outras que o colocam face a face contra inimigos clássicos ("Darkness Dwells", com Crocodilo e Espantalho e "Deadshot", com o Pistoleiro) e ainda outras que trazem o processo de aprendizado do vigilante ("Working Through Pain" e "Field Test").
Todas são interessantes, mas três destacam-se no disco. "Working Through Pain", do Studio 4°C, tem um interessante e inusitado flashback que mostra como o Batman é capaz de suportar tanta dor. Apesar do visual estranho (um Batman meio metálico...), "Field Test", do Bee Train, tem uma das melhores premissas e explora os porquês do Batman não sair por aí vestido de Homem de Ferro, já que Bruce Wayne teria os recursos para tornar-se um vingador high-tech. A solução encontrada para tal explicação é simples e inteligente. Elegante até. Pra completar minha trinca (ou seria quadra?) de favoritas, "Deadshot" tem as melhores cenas de ação, ao lado de "Darkness Dwells" - ambas do frenético e super-colorido Madhouse. E se você achava que a Gotham City dos criadores de TekkonKinkreet seria a mais bacana, espere só pra ver o que a cidade na visão do Madhouse.
Enfim, meia-dúzia de bem-conduzidos - ainda que não sejam exatamente indispensáveis - aperitivos para o novo Batman que, além de aumentarem ainda mais a expectativa pelo filme, deixam aquela curiosidade de saber como seria um animê longa-metragem do morcegão, ou como ficaria uma versão do personagem pelos outros grandes estúdios do gênero.
Excluir comentário
Confirmar a exclusão do comentário?
Comentários (0)
Os comentários são moderados e caso viole nossos Termos e Condições de uso, o comentário será excluído. A persistência na violação acarretará em um banimento da sua conta.
Faça login no Omelete e participe dos comentários