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Três vezes Amor

Comédia romântica com selo Working Title não decepciona

24.04.2008, às 17H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H35

Sinônimo de comédias românticas, a produtora inglesa Working Title não acerta sempre. Já criou Bridget Jones, Um Grande Garoto, Quatro Casamentos e um Funeral e Notting Hill, mas também cometeu O Guru do Sexo, Simplesmente Amor, Wimbledon e o segundo Bridget Jones... Se Três vezes Amor (Definitely, Maybe, 2008) não está entre os melhores, pelo menos não macula a imagem da produtora.

Uma das fórmulas de sucesso da Working Title é, na hora de criar histórias, dar tanta atenção ao contexto quanto à trama em si. Seus personagens não são meramente apaixonados. São pessoas que levam uma vida, têm preocupações, ambições e medos - e, quando aparece o interesse romântico, a questão, mais do que um mero "felizes para sempre ou não?", é saber como o amor se encaixará dentro da vida que esses personagens já levavam antes. Resumindo, o diferencial da Working Title é problematizar a comédia romântica.

Peguemos o protagonista de Três vezes Amor, Will Hayes (Ryan Reynolds). Ele sai do interior dos Estados Unidos para ganhar a vida profissionalmente em Nova York. Transcorre o ano de 1991 e Will, um democrata praticante, quer ser útil na campanha de Bill Clinton para a presidência dos EUA. Vira então consultor político. O tempo, claro, acabará com as ilusões de Will, como se os anos Clinton fossem seu romance de formação. As três mulheres que cruzam o caminho do protagonista opções distintas nesse processo: tem a inocente e pura (vivida por Elizabeth Banks), a apolítica por opção (Isla Fisher) e tem a jornalista intelectual (Rachel Weisz).

Descobrir com qual delas Will teve uma filha - Maya (Abigail Breslin) - é a premissa do filme, que a própria menina define como uma "história de amor de mistério". E sendo uma produção da Working Title, a amada escolhida por Will será também a escolha de uma entre três filosofias de vida.

Ainda que o roteiro escrito por Adam Brooks (Wimbledon, Bridget Jones: No Limite da Razão) se escore nessa equação formulaica - a certa altura o troca-troca de mulheres, intercalado pelos momentos de "resumo" didático com a filha, fica por demais previsível - o bom tato na criação dos personagens compensa a burocracia. Rachel Weisz empresta, como sempre, uma enorme verossimilhança à sua personagem, e Isla Fisher nasceu para fazer comédia romântica.

A grande qualidade de Três vezes Amor, porém, é a forma sensível como emparelha o amadurecimento de Will com a perda da inocência política e com a reconquista da auto-estima de Nova York. A imagem das Torres Gêmeas no início é parte desse painel. Quando Will beija pela primeira vez uma garota que não é a sua namorada, a câmera corta para o enorme letreiro da New Yorker (nova-iorquino), como que dizem que o personagem enfim pertence à cidade. E no plano final, filmado no Brooklyn, bairro ex-decadente que virou sinônimo do hype pós-luto do 11 de Setembro, estão lá os símbolos imutáveis da cidade: a fumaça saindo do bueiro, as obras e as placas de desvios de rua.

Em Três vezes Amor as mulheres são ótimas, mas é outra trinca - Will, Clinton e NY; o homem, suas idéias e seu espaço - que, no fundo, sustenta o filme.

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