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Smiley Face - Festival do Rio 2007

Uma surreal viagem cômica movida a maconha

03.10.2007, às 22H00.

Smiley Face (2007) é um filme do cineasta Gregg Araki, um diretor de altos e baixos que sempre flertou com temas bizarros envolvendo a diversidade sexual. A trama desse novo projeto, uma comédia - algo raro na filmografia de Araki -, envolve uma jovem completamente doidona por causa do uso excessivo de maconha, tendo que atravessar a cidade de Los Angeles para resolver uma série de pendências.

Jane é uma aspirante a atriz, desempregada e pouco talentosa, cuja felicidade reside em uma boa dose diária de maconha. Uma manhã, depois de uma dose generosa de cannabis, ela é vítima de uma descomunal larica. Em seu caminho, uma dúzia de bolinhos que seu companheiro nerd de quarto deixou na geladeira. Mas os bolinhos não eram tão inocentes quanto pareciam, e Jane fica instantaneamente alucinada. Totalmente alterada, Jane precisa cruzar a cidade para pagar um traficante nada generoso, chegar a um teste de elenco e ainda recuperar os preciosos bolinhos.

Smiley Face

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O roteiro escrito por Dylan Haggerty é uma leve comédia sobre o efeito das drogas. Um subproduto da combinação de Cara cadê meu carro?, do diretor Danny Leiner, e Depois de horas, do cineasta Martin Scorsese. Infelizmente, Araki não se resolve sobre qual direção tomar: comédia rasgada sem neurônios como Leiner fez ou o humor negro refinado de Scorsese.

A força do filme reside na ótima atuação da gatinha Anna Faris. Ela já provou que tem timing para a comédia na franquia de filmes Todo mundo em pânico, entre outras produções do mesmo gênero. Sem a presença de Faris, o longa-metragem seria um desastre completo. Ela carrega o filme literalmente nas costas com suas expressões de estupor e felicidade, conseguindo variar sua interpretação mesmo em um tema limitado. Mesmo rodeada pelos mais estranhos tipos, Faris protagoniza um longo monólogo surreal sobre um individuo perdido em um mundo fantasioso por causa das drogas.

Ao lado de Faris um elenco de coadjuvantes de respeito. Profissionais como Adam Brody (The O.C.), John Krasinski (The Office), John Cho (Madrugada muito louca) e Danny Trejo (ator assinatura do cineasta Robert Rodriguez). Todos contribuem com camadas de excentricidade para com a narrativa.

Tecnicamente o visual do filme encanta pela sua abordagem onírica em certas seqüências. O jogo cênico entre o imaginário e o real é realizado com eficiência. São cenas corriqueiras que comparam o que está acontecendo na mente de Jane com a realidade. Recursos como intertítulos e animação corroboram as idéias. Tudo preenchido com uma trilha sonora que flerta com vários estilos de rock.

A mensagem por trás da história é conservar o bom humor em situações limite. Percebemos que as pessoas que Jane encontra em seu caminho estão sempre estressadas. Algumas envolvidas no trânsito, outras vítimas de um acidente ou de roubo. Jane é um contraste ambulante a essas pessoas, com a sua expressão despreocupada, jamais perdendo o sorriso catatônico.

Uma pena que o script não conseguiu escapar das armadilhas do tema. Faltou habilidade para desenvolver a narrativa, que acaba monocórdia. Um claro exemplo que uma direção engenhosa aliada a um bom elenco não é o suficiente para salvar um roteiro sem criatividade.

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