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RocknRolla - A Grande Roubada

Diretor de Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes e Snatch de volta aos filmes de gângsteres

03.10.2008, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H40
No cinema, sempre que gângsteres estabelecidos tentam fazer um negócio que envolve gente nova, eles dizem: "Os tempos estão mudando..."

RocknRolla - A Grande Roubada

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. Não é engraçado que eles repitam isso sempre mas não percebam que "os tempos" nunca pararam de mudar? O cineasta inglês Guy Ritchie é como um desses seus gângsteres da velha guarda. Os tempos mudam e ele continua montando sempre o mesmo golpe. Agora é RocknRolla - A Grande Roubada , sucessor do pouco visto Revolver e versão piorada de Snatch e Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes .

Para ser honesto, há mudanças, sim. A trama enfoca um assunto do momento, o domínio da máfia russa sobre o futebol inglês. Ritchie, talvez tentando responder às acusações de misoginia, desta vez dá um papel de destaque a uma atriz sensual, Thandie Newton. E - olha o avanço - apresenta um bandido homossexual. De resto, são as caricaturas já conhecidas. No lugar de seu ator-fetiche, Jason Statham, o cineasta achou outro cara de rosto duro e coração de ouro, o ator em ascensão Mark Strong. E o tipo marginalizado, que é arrastado para dentro da trama e ganha a simpatia do público, papel de Brad Pitt em Snatch, agora fica com o junkie Johnny Quid (Toby Kebbell), o rock 'n roller do título.

As estruturas também se repetem. Com didática narração em off, Ritchie apresenta os peões do jogo e repassa a hierarquia do submundo - apenas para invertê-la logo em seguida, com chefões à mercê dos ladrõezinhos. Se antes os chefões intimidavam esses mesmos ladrões com métodos esdrúxulos, como dar de comer a porcos em Snatch, agora só muda o animal: lagostins. E o MacGuffin continua sendo um objeto estranho àquele universo de banalidades. Em Jogos, Trapaças era a espinguarda vintage, agora é uma pintura a óleo (que muda de mãos gratuitamente; Ritchie já foi mais convincente na hora de formar a teia de reviravoltas de seus filmes).

Curioso que, não contente em imitar a si mesmo, o cineasta cita de Exterminador do Futuro 2 (o russo perseguindo o carro) a Pulp Fiction (a dança de Gerard Butler com Thandie Newton, vestida à la Uma Thurman). Por isso mesmo RocknRolla é muito mais eficiente como comédia do que como filme de máfia: simplesmente já não dá pra levar o marido da Madonna a sério.

Enxergar em seus personagens algums traços da personalidade do cineasta é uma tentação. Do chefão da história, Ritchie tem a nostalgia dos velhos tempos (o cineasta continua usando o ska reggae dos anos 80 nas suas trilhas, por exemplo). Dos descamisados musculosos e bem torneados, tem o componente velado do homoerotismo (que redunda na percepção de que seus filme são misóginos). Dos mafiosos em geral, tem o encanto infantil pelas armas de fogo e pelas armas brancas.

Não é de se estranhar que a principal cena de RocknRolla seja o momento em que o menino apanha por ouvir Clash alto demais. Os filmes de Guy Ritchie são todos uma brincadeira puerilmente violenta e deslumbrada de rancor e nostalgia.

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