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Quero Matar Meu Chefe | Omelete visita o set da comédia

Conversamos com o diretor, o elenco e presenciamos os xavecos inclassificáveis de P.J. Byrne

16.06.2011, às 00H00.
Atualizada em 13.11.2016, ÀS 19H00

Eu tentei não estragar a tomada com minha risada. O bom é que todos os outros jornalistas que estavam comigo no set de Quero Matar Meu Chefe (Horrible Bosses) também estavam segurando o riso, então pensei que eles não nos expulsariam se estragássemos alguma coisa. Enquanto eu olhava ao meu redor no restaurante TGI Friday's em Woodland Hills, Califórnia, eu percebi que a equipe de filmagem também estava se segurando. Foi nesse momento que eu me dei conta de que o filme do diretor Seth Gordon pode ser uma grande surpresa.

Mas deixa eu voltar um pouco.

P.J. Byrne

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P.J. Byrne

quero matar meu chefe

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Ano passado, eu visitei o set de Quero Matar Meu Chefe. Como a maioria já deve saber, o elenco tem nomes como Jason Bateman, Jason Sudeikis, Charlie Day, Jennifer Aniston, Kevin Spacey, Colin Farrell e Jamie Foxx, e conta a história de um grupo de amigos que decide trabalhar junto na tarefa de, como o título diz, matar seus chefes. Fico feliz em dizer que a Warner Bros. planejou um filme para levar censura 18 anos e, com base no que eu vi no set, vai extrapolar os limites da comédia desbocada.

Cada visita a set é diferente uma da outra e nunca dá pra saber como elas serão até você realmente estar lá. Quando cheguei neste set com um pequeno grupo de jornalistas, quase que imediatamente nos sentamos para conversar com o produtor Jay Stern. Perguntamos como ele conseguiu que o projeto se desenvolvesse. Stern explicou que alguns filmes saem extremamente rápido, mas não foi o caso:

"Eu comecei há cinco anos, quando levei o roteiro à New Line e disse que era ótimo e que deveria ser produzido. Eles estavam bem animados desde o começo, mas tivemos vários obstáculos por diversas razões. Uma delas é que o filme era bem difícil de se fazer. Naquela época, era difícil encontrar um bom elenco na New Line pelo fato de eles estarem orientados para o mercado internacional. Aí não conseguimos seguir em frente, o que rendeu uma revisão do roteiro que deu um novo gás. Foi aí que a New Line [já subsidiária da WB] começou a levar o projeto a sério. Foi realmente nos últimos seis, nove meses que a New Line ficou incrívelmente determinada a levar o projeto até o fim. Temos um elenco incrível e um ótimo roteiro. Tivemos muita sorte."

Depois discutimos sobre qual dos atores se comprometeu primeiro com o projeto, porque, geralmente, depois que um astro é contratado os demais acabam vindo no embalo:

"Conversamos com Jason Bateman e conseguimos Colin Farrell, Jason Sudeikis e Charlie Day. Depois que conseguimos esses caras entrou a Jennifer Aniston. Também conseguimos o Jamie Foxx há uns seis meses, ele estava muito interessado. A última peça do quebra-cabeça foi Kevin Spacey - tivemos várias ideias e ele pareceu uma das melhores escolhas para um chefe bem psicologicamente sádico."

Stern falou também do tom do roteiro, que pode lembrar o humor negro de comédias como Jogue a Mamãe do Trem:

"Não vejo o filme como uma comédia de humor negro, encaro como se fosse ancorado na realidade, mas tomamos algumas liberdades criativas. Nós nos baseamos em situações relativamente reais e depois forçamos um pouco a barra, mas nunca a ponto de ficar caricato. Acho que Se Beber, Não Case foi um filme que conseguiu atingir isso muito bem e desde o primeiro roteiro que lemos - aquele primeiro, de cinco anos atrás - realmente tínhamos em mente nos ancorar em situações reais, semore indo um pouco além."

Depois que falamos com Stern, entramos no TGI Friday's (que no filme é chamado Rivetti's Bar and Restaurant) para acompanhar um pouco das filmagens.

Ao entrar, fomos posicionados num cantinho do restaurante. Tiínhamos alguns monitores perto de onde estávamos para que pudéssemos ver as imagens das câmeras A e B (eles estavam filmando com duas câmeras Genesis, que podem gravar vídeos de até 42 minutos cada, sem intervalos). Como o restaurante era uma locação real e eles tinham um monte de equipamentos e câmeras em um lugar razoavelmente pequeno, não podíamos chegar mais perto. Mesmo à distância, dava pra ver e ouvir quase tudo de onde estávamos. E então quase estragamos algumas tomadas...

A primeira coisa que você precisa saber é que P.J. Byrne, que interpreta Kenny Sommerfeld, é incrivelmente engraçado. Enquanto Quero Matar Meu Chefe é sobre Day, Bateman e Sudeikis tentando se livrar de seus chefes, assistimos a uma cena na qual Byrne os aborda, e o que ele disse me derrubou. Já vi diversos filmes sendo rodados, em todos esses anos de visitas a produções, eu nunca tinha ouvido tanto palavrão em um set.

Kenny Sommerfeld é um antigo colega de colégio dos três, um cara que subiu na vida e trabalha no banco de investimentos Lehman Brothers. Conforme ele começa a falar com os caras, esbanja confiança, ego. Mas aos poucos revela que perdeu o emprego e precisa de dinheiro. Ele fala algo como "eu estava ganhando na casa dos seis dígitos e agora não posso pagar nem um drinque".

Os três se oferecem para bancar as bebidas. Debatem entre si quanto devem dar, decidem que 15 dólares é o suficiente. Byrne quer mais, claro, e começa a descrever os favores sexuais que prestaria pelo dinheiro. Se você não curte linguagem pesada, sugiro que pule para o próximo parágrafo. Byrne não só oferece punhetas aos caras, como, ao final, usaria as "pastas de pinto" como dentrifício. Entre outras coisas que ele diz e que constrangeriam até estrelas pornô.

A outra razão pela qual Byrne estava mandando muito bem é que ele repetia a cena diversas vezes, em cada uma delas Seth Gordon pedia que ele adicionasse uma ou outra fala; Byrne simplesmente as incorporava ao seu discurso, como se nada tivesse mudado. Eu espero que aquilo que vi esteja nos extras do DVD e do Blu-Ray, porque realmente eram as coisas mais pesadas que já tinha ouvido.

Outra coisa que achei interessante é que eles faziam a cena de formas diferentes. Na primeira, Byrne interpretou dando um tom cômico. Depois, parecia que ele estava em um drama. Ele até começou a chorar enquanto se oferecia para usar a "pasta de dente" deles. Rimos durante as primeiras tomadas, mas as últimas já não estavam tão engraçadas, e vai ser interessante ver qual das versões eles vão usar. O diretor rodou algumas horas dessa cena, mas só um minuto e pouco vai acabar entrando no corte final.

Enquanto a equipe preparava outro plano dentro do restaurante, saímos para conversar com Seth Gordon. Imediatamente perguntamos sobre essas versões mais ou menos dramáticas.

"Meu instinto inicial ao contratar P.J. para esse papel é que ele consegue passar uma sensação de vendedor de carro para o personagem, o que é bem positivo, otimista e ele faz com extrema confiança. Mas ontem, quando estávamos ensaiando a cena, descobrimos um outro lado mais pungente que explorava o desespero de um cara que pediria dinheiro para os amigos sugerindo as coisas que ele sugeriu. Ficou bem mais interessante. Então o que eu fiz hoje foi proteger ambos os lados. Meu instinto me diz para tentar a cena dramática primeiro e ver se funciona. Claro que estamos fazendo uma comédia, mas, ainda assim, há boa comédia em um drama. Acho que as coisas mais engraçadas são aquelas que tocam o lado das sensibilidades humanas. Mas ainda assim, a versão pesada é realmente muito pesada. Seria louco se eu só aproveitasse isso."

Com a questão do Lehman Brothers e a crise no mercado financeiro incorporados às piadas, perguntamos se o filme usaria outros problemas recentes do mundo como parte da história:

"Se tudo se desenvolver da maneira como eu quero, o filme vai realmente refletir o que muitos estadunidenses estão passando agora. Pessoas que não conseguem pagar suas hipotecas e têm que renegociar com o banco, senão eles tomam suas casas. Você segue as regras, faz tudo certo e ainda assim acaba se ferrando. Nós tocamos nesse assunto das pessoas desesperadas que têm trabalhos que odeiam, encalhadas na vida."

Gordon falou então sobre a escalação do restante do elenco:

"Passamos por um turbilhão de conversas com a New Line e algumas das agências. Foi meio que uma bola de neve, na verdade. Mais e mais pessoas se interessavam pelo filme e todos eram ótimos, mas ao mesmo tempo eram inesperados para os tipos de papel que tínhamos. Pode ser que o Colin Farrell tenha uma imagem aí fora, mas ele está interpretando um papel que não é o que ele normalmente faria. Nem Aniston e nem o Jamie Foxx. Nenhum de nossos antagonistas realmente está interpretando um papel que cabe a eles. Acho que é por isso que todos estão tão animados, por todos esses atores estarem tentando algo bem diferente. Vai ser bem divertido."

Logo depois que terminamos com Gordon, pudemos fazer algumas perguntas para Day, Bateman e Sudeikis. Perguntamos sobre o tipo de relação que os três personagens principais têm entre si. Bateman comenta:

"Somos melhores amigos e meio que simpatizamos com nossas situações. Pode ser que sejamos mais inteligentes do que nossos chefes, mas não somos inteligentes o suficiente para evitar a trama principal, que é pensar que vamos conseguir nos safar depois de matar nossos chefes. Nós criamos um plano com a ajuda de um outro cara não tão inteligente, chamado Motherfucker Jones, interpretado por Jamie Foxx. Saímos por aí tentando matar três pessoas e o roteiro foi montado de uma forma bem hilária, não convencional e imprevisível. É tudo bem linear e é bem fácil de assistir - chega até a ficar chato. [risos]"

Outra coisa que discutimos foi como eles se envolveram com o projeto. Day responde:

"Jason [Sudeikis] e eu fizemos um filme com a New Line ano passado chamado Amor à Distância. A produtora entrou em contato comigo e disse 'temos esse filme com esse papel', então fui conversar com Seth [Gordon] e ele tinha muitas ideias engraçadas. Bati algumas punhetas na New Line [risos] e eles me deixaram entrar para o filme. Não, eu já tinha trabalhado com Jonathan Goldstein e John Francis Daley, que rescreveram o roteiro. Acho que fui o primeiro a entrar para o elenco. Realmente gostei de trabalhar com a New Line ano passado e eu queria me manter no círculo de comédia deles. Eu me senti como um porco na merda e o cara mais sortudo do mundo quando os outros atores começaram a se juntar ao elenco. Não tinha ideia de quem seriam meus parceiros e estava com bastante medo. Fiquei contente quando eles praticamente imploraram para que Sudeikis se juntasse a nós. Foi assim que me envolvi com a produção."

Bateman:

"Eu não questionei muito. Adorei e queria ser parte disso, era apenas uma questão de tentar trabalhar as agendas e tudo estava certo. Foi bem simples."

Sudeikis:

"Eu demorei um pouco mais, tinha acabado de fazer um filme e ainda estava no SNL. Por sorte, quando minha agenda limpou, eles ainda me queriam."

Depois que conversamos com os caras, a equipe nos disse que o próximo cenário estava pronto e voltamos para dentro do restaurante para assistir ao ensaio. Não vi a filmagem em si, mas é uma cena em que eles conversam numa mesa sobre como matariam seus chefes. Do que pude perceber, aquela era a primeira vez que eles estavam realmente montando a homicídio coletivo.

Talvez eu conheça algumas pessoas que já tenham visto uma exibição teste do filme finalizado e talvez tenham achado extremamente engraçado ("talvez" é tudo o que posso falar por enquanto). Com base na minha visita ao set, isso não me surpreende. Quero Matar Meu Chefe tem estreia prevista para 8 de julho nos EUA. No Brasil, em 5 de agosto.

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