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Entrevista

Omelete Entrevista: Wes Anderson

Cineasta fala sobre o processo de criação, as surpresas da animação stop-motion e o futuro

03.12.2009, às 16H00.
Atualizada em 02.11.2016, ÀS 04H03

Wes Anderson é um dos cineastas mais criativos da atualidade. Seu estilo, altamente visual, pode ser visto em Os Excêntricos Tenenbaums, A Vida Marinha com Steve Zissou e Viagem a Darjeeling, mas se você nunca entendeu o que o diferencia dos outros diretores, é na animação em stop-motion O Fantástico Sr. Raposo que ele condensa e potencializa todo o seu estilo.

O nosso correspondente em Los Angeles, Steve Weintraub, do site Collider, participou de uma entrevista ao lado de outros jornalistas e pôde investigar melhor como foi o processo de produção da animação, de onde vêm suas ideias e o que ele tem pela frente. Confira:

O Fantástico Sr. Raposo

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O Fantástico Sr. Raposo

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O Fantástico Sr. Raposo

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O Fantástico Sr. Raposo

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O Fantástico Sr. Raposo

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Quanto tempo será que vai levar até que este boneco do Sr. Raposo chegue ao Sideshow Collectibles?

Wes Anderson: Eu acho que nunca vai chegar. Porque não têm muitos deles e eles custam uma fortuna.

Quanto?

Eu na verdade não sei como se calcula esse valor, porque não foram feitos muitos deles e eles levam tanto tempo para serem produzidos, entre design e testes e tudo isso. Normalmente essas coisas são de alguma maneira absorvidas pelo jeito que eles calculam os custos. Um protótipo é sempre mais caro que qualquer outra coisa, e acho que existem vários tipos de protótipos. O rosto, por exemplo, é cheio dessas plaquinhas de metal que podem ser movimentadas, posicionadas e aí ficar no lugar. É muito mais complicado do que parece, mas eu não quero me gabar pelo boneco.

Então você manipulava os rostos? Porque a técnica Nick Park é de simplesmente ir colocando rostos diferentes.

Sim, e os bonecos deles são de massinha - a maioria deles ou quem sabe todos. Eles fazem muitas substituições de boca, olhos e rosto inteiro. Nós fizemos um pouco disso, alguns olhos que trocamos e alguns dentes, mas esse trabalho é diferente. É mais da linha do Noiva Cadáver, mas com materiais diferentes. Mas é a mesma coisa que um esqueleto em que as juntas são de massinha, completamente ajustáveis. Além disso eles usaram cabeças substitutas e partes do rosto e coisa e tal.

Eu sei que é um clichê perguntar isso, mas como você fez o filme funcionar para crianças e adultos?

Olha, é bom ouvir isso, que funciona. Eu escrevi o roteiro com o Noah Baumach. Para mim sempre foi um filme infantil, afinal é baseado num livro infantil, um livro que eu adorava quando criança. Os personagens são animais falantes. É basicamente um filme para crianças e o conteúdo tem que ser mantido dentro dessa classificação. Mas além de pensar nisso no começo, eu acho que nós não pensamos mais nisso durante o processo. Nós apenas tentávamos fazer as coisas que gostávamos, tudo que achávamos que faria um filme melhor no geral. Então eu acho que não foi exatamente direcionado para crianças. Nós apenas tentamos deixar o filme parecido com a obra do Roald Dahl, imaginando o que esse livro poderia ter e como o autor teria feito. Então é a nossa versão disso, eu acho.

O que será que ele teria pensado das piadas sobre hipotecas e gravidez?

Eu não posso adivinhar o que ele diria. Uma coisa da nossa adaptação é que, no fim das contas, é um filme americano. Deveria se passar na Inglaterra e nós meio que estávamos pensando na Inglaterra, mas no fim das contas ele foi escrito por dois americanos, e acho que nós transmitimos isso e foi dessa maneira que escolhemos o elenco. Todos os animais são interpretados por americanos, então isso cria uma diferença com o Dahl, nesse aspecto. Mas eu não acho que ele escrevia só para crianças, ele meio que usava a totalidade de sua imaginação. Eu não sei o que ele teria achado, mas eu sei que a família dele acha que ele teria aprovado o filme. Isso é o que a esposa dele diz, mas é óbvio que ninguém sabe o que ele realmente teria achado.

Foi difícil manter o espírito dos seus outros filmes e não se resignar às fórmulas de animação?

Eu acho que não fiz o menor esforço para deixá-lo como meus outros filmes, ou dar a minha identidade. Meu único esforço foi fazer com que, pra mim, parecesse com o Roald Dahl e também que fosse o mais divertido, enérgico e interessante possível. Foi realmente simples. Acho que eu nunca tomo decisões pensando no que vai fazer o filme mais meu. Eu apenas tomo as decisões para tentar fazer o melhor, mas acho que sempre acaba sendo a minha versão do que eu acho que é o melhor. E isso acaba conectando aos outros filmes.

Você escolheu uma animação retrô, ao invés de procurar algo atual.

Sim, isso foi logo no começo. Eu sempre adorei animação em stop motion e eu particularmente queria fazer animação stop motion com bonecos que tivessem pelos, sei lá porque. Eu sempre gostei disso. Algumas das animações em stop motion que eu mais gosto são os filmes do Harryhausen e os especiais de natal que passam na televisão, feitos pela Rankin Bass Company, que são algumas das animações mais primitivas.

Ao lidar com animação, você acha que isso poderia se tornar uma constante, mantendo esse estilo? Para públicos diferentes?

Esse é o tipo de coisa que você tem esperanças de que aconteça, mas não é algo que me ocorreu enquanto estávamos fazendo o filme. O processo de fazer este filme, assim como em outros filmes, dependeu de como nós lidávamos com cada problema e como podemos deixar esta parte melhor, e se temos mais ideias para esta outra parte aqui. É uma coisa sempre passo-a-passo. Com frequência eu me pego perguntando "As pessoas vão entender isso? Isso está claro?" ao invés de "Esse grupo de pessoas vai gostar disso e esse grupo não?"

Por que você fez o Sr. Raposo com mais defeitos do que no livro?

Bom, eu sempre senti que no livro ele não era idealizado, porque ele é que traz a encrenca pra todo mundo, em primeiro lugar. No livro ele é um pouco vaidoso e acaba arranjando problemas com sua comunidade, eles ficam bravos com ele porque ele é que está causando o problema. Nós ampliamos isso. Eu acho que realmente ele apresenta mais falhas de caráter no filme do que no livro.

E quanto a ele como pai? O filme só tem o Ash, ao invés de quatro crianças.

No livro os filhos dele não têm muito identidades individuais. Nós fizemos uma história para o filho dele e um primo que está visitando. Achamos que para um filme isso funcionaria melhor, ao invés de ter um grupo grande preferimos focar em uma só personalidade e desenvolver uma história para ele. Mas no fim, isso acaba apenas deixando o Sr. Raposo com mais defeitos.

Parece que você e o Noah não conseguem escapar das temáticas de pais e filhos. Trabalhar com fantasia e stop motion permite que vocês explorem essas relações de um jeito diferente?

Sim. Algumas dessas coisas são inconscientes e aí depois eu percebo e digo "Meu Deus, isso parece com o Gene Hackman". Mas por outro lado, nesse filme nós não usamos apenas o livro como inspiração, mas também o próprio Roald Dahl. Tiramos muita coisa daí. Dahl é uma personalidade incrível, mas complicada, com muitas camadas. Ele era uma pessoa fascinante e nós tentamos inserir diferentes aspectos dele. Sei lá, mas tem umas coisas específicas, como por exemplo nós moldamos todo o filme pela casa dele e os arredores, coisas assim, usamos vários objetos. Também tem coisas físicas, nós modelamos o rosto de um dos personagens parcialmente como o Dahl. Além disso, alguns aspectos da personalidade dele que nós conhecíamos também acabaram entrando, nem sei como, mas nós achamos que eles combinavam.

Você poderia contar um pouco sobre sua visita à casa do Roald Dahl? Foi estranho?

Não, foi ótimo. Desde a primeira vez que eu fui lá achei um lugar maravilhoso. Já fui lá muitas vezes nesses anos, porque o filme demorou dez anos pra sair, desde quando eu abordei a propriedade de Dahl até o filme começar a ser rodado. Mas você consegue perceber o toque dele nessa casa. Tem um trailer de ciganos no quintal que ele conseguiu de uma família de ciganos que estavam viajando por ali. Ele comprou o trailer deles, então isso está lá. Aliás nós modelamos alguns beliches do filme com base nesse trailer cigano. O escritório em que ele escrevia é cuidadosamente modificado, pra ficar do jeito que ele queria. Ele não escrevia numa escrivaninha mas sim num papelão que ficava no colo dele com uma tábua com feltro de mesa de sinuca, e uma mala cheia de tijolos no chão, pregados a uma tábua para impedir que ela deslisasse pra longe dos pés dele. Tinha também um aquecedor pendurado em dois cabides, que ele puxava de um lado pro outro para controlar o nível de calor. Tudo é meio improvisado, do jeito que ele queria. E tem coisas desse tipo em todo o lugar. Aquela casa tem muita personalidade.

E os palavrões, vieram dos livros?

Não, isso é coisa nossa.

O que vocês atingiram com isso?

Atingir é uma palavra meio forte.

Estou pensando demais sobre as perguntas.

Tudo bem. O negócio dos palavrões foi simplesmente porque não é um filme com censura livre. Não me lembro exatamente em que momento nós pensamos nisso, mas acho que estávamos em Los Angeles. Bem no início, quando estávamos conversando sobre escrever o roteiro e tendo ideias pensamos em alguma fala que não poderíamos dizer. E aí pensamos "Como vamos fazer? É muito mais engraçado desse jeito, como vamos fazer?" E aí a coisa começou a se expandir a partir daí. Em um certo momento do processo tinha quase o dobro de palavrões do que ficou, no fim.

Pra mim, me lembrou de Frak, só que muito mais fofinho.

Da onde é Frak mesmo?

Do Battlestar Galactica.

Ah sim, claro. Talvez tenha sido uma inspiração, nós com certeza crescemos assistindo esse seriado. Battlestar Galactica não tinha um cachorro? Tipo um cachorro-robô?

Num filme em live-action você consegue filmar umas cinco páginas de roteiro, num dia bom. Como afeta seu trabalho conseguir cumprir apenas uns cinco segundos por dia?

A diferença de um filme como esse e um filme live-action é que por exemplo temos que filmar X número de cenas em um dia, em sequência, antes que o sol se ponha, por exemplo. Então você corre com as coisas do primeiro dia e, assim que termina, já está tentando adiantar as coisas do próximo dia. Nesse filme você está fazendo, digamos, 27 coisas ao mesmo tempo. Têm várias unidades diferentes, com uns 11 Sr. Raposos trabalhando, e uns 6 filhos e cada unidade tem um animador diferente. Tivemos três diretores de fotografia principais e mais alguns outros caras. Tem muita gente envolvida. Tudo acontece muito, muito, muito devagar em cada set. Além disso tem o designer de produção e a equipe dele, trabalhando em várias coisas que ainda vão acontecer e o departamento de bonecos, que durante a maior parte das filmagens fica preparando bonecos que ainda não começaram a filmar, bonecos que ainda estão sendo produzidos e testados. Tem também a equipe editorial, que trabalha comigo e ficamos fazendo storyboards e editando diálogos. Então o processo é ir pulando de uma coisa para a outra durante todo o dia enquanto vamos andando um pedacinho de cada vez. No fim de cada dia eu recebo as "diárias" que são todas as cenas, cada uma mostrando também o trabalho que foi feito pra elas, além das coisas novas do dia. Então o processo acaba com você assistindo a cada cena pra ver o que aconteceu ali, assiste a tudo e espera que tenha dado certo. Depois disso eu discuto o que precisa com os animadores, sobre qualquer coisa.

Existe algum outro livro que você gostaria de adaptar nesse estilo, ou esse é uma coisa única pra você?

Bom, eu realmente gostei muito de trabalhar nesse filme. Levou bastante tempo para montar um sistema que me deixasse feliz com o trabalho. Levou muito esforço para encontrar um jeito que eu me sentisse envolvido num grau satisfatório, envolvido o quanto eu queria estar envolvido. Porque, por um momento, eu achei que eu ia preparar tudo, o roteiro, design, vozes, testar tudo e depois entregar para ser animado. Mas não foi nada disso que aconteceu. Ficou bem claro desde o começo que eu ia ter que assumir tudo. Eu achava que talvez eu até conseguisse dirigir outro filme enquanto esse estava sendo animado e não foi nem um pouco assim. Um filme como esse toma cada minuto da sua vida durante aquele período de tempo e você está envolvido em cada pedacinho dele. Tem muitas decisões que precisam ser tomadas. Mas, uma vez que encontramos um jeito de fazer as coisas, nos comunicar e de assistir todas essas coisas de uma vez, eu gostei muito e senti que tenho jeito para a coisa, me senti apto para isso e me diverti muito. Então sim, eu gostaria muito de fazer outro. Mas não acho que meu próximo filme será uma animação. Eu quero fazer alguma coisa onde eu vou lá fora e tem pessoas vivas na frente da câmera. Mas sim, eu quero fazer outra animação.

Você ouviu as vozes dos atores enquanto escrevia?

Durante o roteiro não. Enquanto escrevíamos só pensávamos em animais. Nós nunca discutimos o elenco. Mas assim que o roteiro estava terminado, o George Clooney já veio logo de cara, foi meio que a primeira coisa. Eu sempre gostei dele e eu acho que ele parece tão heróico quanto qualquer outro ator que eu poderia imaginar. E eu percebi enquanto fomos filmando que ele tem uma voz maravilhosa e que transmite grande parte de sua performance apenas através da voz.

Depois de escolher os atores para os papéis principais, você abordou sua empresa de casting e equipe. Eles sempre dizem sim quando você liga? Como ter essa equipe te beneficiou como artista?

Bom, os que são meus amigos normalmente dizem sim logo de cara. Mas em outros filmes você começa pelo elenco. Com um elenco em mente, e aí rapidamente já está lidando com a realidade. Quem que realmente quer fazer esse trabalho, quem está disponível para fazer e quais os problemas que vão aparecendo? Mas no caso desse filme, nós conseguimos quem queríamos. O George Clooney e a Meryl Streep se empolgaram e foi muita sorte que eles leram o roteiro e gostaram. Porque não dá pra prever a reação de uma pessoa para algo assim. Eu realmente gosto de trabalhar com amigos e sinto que o George Clooney se tornou um amigo, ele estava muito aberto para fazer as cenas de qualquer jeito que nós quiséssemos fazer. Ele se mostrou muito disponível. Nós gravamos numa fazendo em Connecticut, que conseguimos através de amigos dele que também são amigos do meu irmão, eles têm amigos mútuos da família, que têm essa fazenda em Connecticut. Foi pra lá que nós fomos e fizemos todas as primeiras gravações, então foi como ir acampar com o George Clooney, Bill Murray e todas essas figuras.

Você disse que talvez faria um filme de ficção científica. Você estava falando sério?

Têm se falado muito na internet sobre isso?

Muito! Alguma coisa é verdade?

Eu acho que eu fiz essa piada fora da premiére outro dia. Eu não sabia que alguém achava que eu realmente estava falando sério. Eu disse que gostaria de filmar em locação no espaço. Depois que eu disse, eu realmente achei que seria legal. Mas não sei, não tenho certeza. Acho que isso é uma coisa mais do tipo do James Cameron.

Ficção científica é algo que te interessa? Seu estilo seria interessante num gênero diferente.

Eu gostaria de fazer um filme no espaço, mas acho que seria difícil conseguir filmá-lo em locação. Quer dizer, eu acho que logo mais alguém vai fazer isso, suponho. Só que provavelmente pra conseguir fazer isso agora, você teria que mandar o roteiro pra NASA e aí ia receber alterações de oficiais do governo.

Que nem o Michael Bay.

Ele faz isso? Sério?

Então você não se contentaria com o espaço dos efeitos visuais?

Bom, eu provavelmente teria que me contentar, em algum momento.

Que tipo de história você pensa em fazer?

Eu não posso discutir isso no momento.

Você já anunciou seu próximo projeto?

Não.

Mas você já sabe?

Eu estou escrevendo uma coisa, mas ainda é tão embrionário que eu acho que nem conseguiria descrever direito.

Tem um pai e um filho?

Na verdade, não.

Como foi dirigir Clooney e Streep para fazer barulhos comendo e na hora da escavação?

Eles são atores, então você se sente confortável dizendo, "Você poderia comer fazendo mais grunhidos?" e aí eles dizem "Ah, você quer dizer assim?" e vão testando. Eu não sei se o Gene Hackman se empolgaria muito para fazer algo assim, apesar de que eu imaginar que ele provavelmente faria muito bem.

Vocês realmente gravaram juntos?

Eu não sei exatamente como é feito na maioria dos filmes de animação. Eu já ouvi falar que a maioria das pessoas grava individualmente, mas não me surpreenderia se os caras da Pixar olhassem e dissessem "Não é assim que a gente faz, nós trazemos todos os atores juntos". Mas eu acho que normalmente, quase sempre, é feito num estúdio de gravação separadamente. E fazer meio que no estilo de documentários é diferente para nós, mas os filmes da Aardman Animations meio que usam essa ideia. Os curtas Creature Comforts são feitos de entrevistas de pessoas que eles acharam na rua, e depois animaram. Isso serviu de inspiração para o método de gravação que nós usamos.

E a música?

Isso veio do trabalho com o Alexandre Desplat, nosso compositor. Eu disse, literalmente "Ok, então eu volto só na terça-feira. Ah, aliás, veja se você acha uma música para essa canção do fazendeiro. Aqui está a letra". E ele imediatamente já cantarolou um ritmo que ele já tinha escrito para a cena, e em 20 segundos ele já tinha a música e foi assim. Eu devo dizer que é muito bom se você tem alguém assim tão talentoso e versátil que consegue adaptar o que você está falando imediatamente. E aí depois disso, quando percebi, estávamos expandindo isso pra uma música inteira para uma cena final.

Você tem uma lista de músicas em casa para projetos futuros?

Bom, às vezes eu deixo de lado algumas músicas. Por exemplo, normalmente eu não diria que tenho tal e tal coisa para o Sr. Raposo, isso eu não tinha. Mas para meu próximo projeto eu já tenho várias músicas separadas. Outra coisa, por exemplo no final do Sr. Raposo tem uma música chamada "Let Her Dance", do Bobby Fuller Four, que é uma coisa que eu e o Randall Poster, meu supervisor musical, já tínhamos escolhido há muitos anos com a ideia de achar o lugar certo para ela. E aí achamos.

Qual música já está engatilhada para o próximo filme?

Nesse não serão exatamente músicas. Só isso que vou dizer.

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