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Entrevista

Omelete Entrevista elenco de Eu Te Amo, Cara

Paul Rudd e Rashida Jones falam dos seus personagens e da cena no show do Rush

24.04.2009, às 20H00.
Atualizada em 08.11.2016, ÀS 04H12

Você conhece o Steve Weintraub, editor do Collider, como o nosso correspondente em Los Angeles. Mas apesar de morar na terra do cinema, ele também viaja dentro do seu país, indo atrás das melhores entrevistas para você. Abaixo, você vai ler duas entrevistas das quais ele participou com o ator Paul Rudd e a atriz Rashida Jones em Nova York para o filme Eu Te Amo, Cara. Além de falarem dos seus personagens e do filme, os dois deram as suas visões para a cena em que seus personagens vão a um concerto da banda canadense Rush. Confira:

Esse filme está dentro do gênero que se acostumou classificar como Bromance, ou "amor de irmãos". Você pode falar um pouco sobre isso e dizer que podemos oficialmente aposentar esse termo?

Eu Te Amo, Cara

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Paul Rudd: Quer saber? Parece que o Bromance começou ontem. Quando nós estávamos trabalhando no filme, nenhum de nós tinha ouvido falar nisso. Ah, e hoje cedo eu ouvi a palavra "man-panions" [que é uma gíria que descreve dois amigos homens muito próximos, que não têm qualquer tipo de contato sexual entre si] e até achei legal.

Foi um set com muitas improvisações?

Tinha alguma coisa aqui e ali, mas no geral o roteiro era bem sólido.

Esse filme é uma carta de amor a Los Angeles. Você acrescentou algo ao roteiro?

O filme é bem a cara do John [Hamburg, o diretor]. Sei que ele queria desde o começo ambientar a trama em Los Angeles e há um motivo bem específico para isso. Eu o ouvi muito falar nas entrevistas sobre como é fácil você se sentir isolado em Los Angeles. Cada um está no seu carro, e mesmo quando você encontra as pessoas, elas estão com os seus escudos ligados. É um sentimento de "O que você pode fazer por mim?". Sempre soube que ele acha a cidade um lugar difícil para se fazer amizades.

Você pode falar um pouco da cena do show do Rush?

Eu sei que John queria o Rush desde o começo. Na sua visão, eles são o tipo de banda que faria a ligação entre dois caras como eu e Jason [Segel]. E parece que eles têm muito mais fãs homens do que mulheres. Quando eles estavam filmando, eu estava empenhado em fazer com que eles se divertissem e não achassem que estávamos zoando com eles, porque isso era exatamente o contrário do que nós estávamos fazendo. Na cena, nós dois estamos dançando feito malucos e Rashida [Jones] está muito de saco cheio. Daí eu fui explicar para o Geddy Lee [vocalista da banda]: "Então, nessa parte da história, nós dois estaremos dançando e ela vai ficar parada, mostrando que não está nem um pouco afim." E o Geddy Lee disse "Ah, do mesmo jeito que acontece em todos os nossos shows". (risos)

Eu tinha um puta medo do Rush quando era mais novo. Eu via o vídeo do "Tom Sawyer" e ficava me borrando. Geddy Lee pode ser uma figura bem intimidadora para uma criança de 6 anos. Mas com o tempo acabei pegando gosto por algumas das suas músicas e foi empolgante conhecer os caras. Pra ser sincero, eu estava meio nervoso. Pô, um solo de bateria de 15 minutos é uma coisa aterrorizante. E os caras são meio reclusos, há um mistério ao redor do Rush, mas eles não podiam ser mais legais e divertidos. Foi muito legal.

Você e Jason trabalharam juntos em Ligeiramente Grávidos (Knocked Up), mas não tinham muitas cenas juntos e me lembro que na época do Ressaca de Amor (Forgetting Sarah Marshall), Jason disse que vocês sempre se trombavam no bar da piscina no fim do dia.

Trombar é uma palavra bem acertada, dependendo do número de Mai Thais que cada um tinha tomado. Durante as filmagens do Ressaca de Amor, nós ficávamos zoando um ao outro o tempo todo com coisas que acabaram nem entrando no filme, mas foi ali que nós aprendemos que um podia zoar o outro à vontade.

E vocês têm algum plano de trabalhar juntos mais uma vez? Jason estava falando alguma coisa como "Paul e Jason encontram Frankenstein", no estilo daquelas comédias "old school".

[risos] Eu ainda não havia lido sobre isso. Esses últimos anos têm sido muito legais. Foi ótimo conhecer e trabalhar com esse grupo que existe já há tanto tempo que é a turma do Judd [Apatow], que vem desde [a série] Freaks and Geeks. Nós trabalhamos juntos em vários projetos e espero que isso continue porque é muito divertido.

Quando você começou, você fazia o papel do cara certinho, algo que ainda faz de vez em quando, e agora tem também os personagens engraçadinhos. Qual dos dois papéis te deixam mais confortável?

Eu não faço muita diferenciação. Gosto de reagir ao que aparece. Não fico pensando muito em termos de drama ou comédia, ou entre o cara certinho e o engraçado.

E dos personagens que você já fez, qual deles você consegue se identificar mais?

Eu tenho uma certa conexão com esse do Eu Te Amo, Cara. Tem também alguns aspectos mais cínicos de outros personagens, como o que fiz em Modelos Nada Corretos (Role Models), em que coloco muito de mim mesmo. Mas acho que essas duas energias co-existem. Porém, eu tendo a me ver como uma cara mais otimista, que costuma ver a parte meio cheia do copo, como o Peter, o personagem que fiz nesse filme.

*****

Muitas atrizes reclamam que é difícil se relacionar com as personagens femininas nas comédias. Eu achei a sua muito bem resolvida. Como você reagiu a essa personagem em uma comédia que é sobre os dois amigos?

Rashida Jones: Bom, primeiro John Hamburg gosta muito de mulheres e tem muito respeito por elas e respeita o dinamismo que vem do simples fato de ser uma mulher, o que eu já acho uma coisa rara. No começo, quando li o roteiro, a primeira coisa que me atraiu foi o fato de que a personagem estava redonda. Era uma personagem meio que independente com um ponto de vista muito forte e não apenas a namorada do cara. Ela é parte importante da história e ao seu desenvolvimento. Isso facilitou muito e as outras meninas do filme também são ótimas e têm pontos de vista bastante específicos como atrizes e como personagens. Isso tudo tornou tudo muito fácil e para facilitar tudo, eu sou do tipo que fala mais do que a boca e trouxe isso à personagem, acho.

Quando você leu o roteiro você já começou a construir a personagem ou deixou a coisa fluir gradualmente durante a filmagem, improvisando da sua forma?

Sou uma atriz de método, então, para mim, a melhor coisa é tornar tudo o mais real possível e achar o que quer que seja que exista em comum entre a personagem e eu. A partir daí entra a parte de exagerar isso para chegar na personagem e muito aconteceu nos ensaios com Jason [Segel] e Paul. Para mim, a parte mais difícil era a nossa relação. Tínhamos de ter certeza que ela parecesse real e que eu não estava sendo a chata enquanto ele era o coitadinho que fazia o que eu mandava. Tínhamos de chegar ao equilíbrio e provar que poderíamos ser um casal que poderia existir de verdade. Foi assim que tudo começou.

Eu adorei as roupas que você usa no filme.

Não são ótimas?

Dá para você falar um pouco sobre o figurino, se tem o seu dedo ali, qual a inspiração, etc.?

Lisa Evans, que montou os figurinos, é ótima. Já tínhamos trabalhado juntas em Ressaca de Amor (Forgetting Sarah Marshall). Ela tem um gosto que é perfeito e é também muito aberta para colaborações. Nós fizemos muitas provas, mas ela queria um visual meio patricinha-hippie, com muitas cores e ela me deu muita liberdade para ajudá-la. Ela queria que Paul e eu parecêssemos descolados e acho que ela fez um ótimo trabalho, assim como o pessoal da maquiagem, que foi ótimo.

Li em algum lugar que você se dá melhor com meninos, que se sente mais confortável quando sai com amigos. Se isso é verdade, qual foi a sua inspiração para fazer uma menina que tem várias amigas nesse filme?

Não é bem verdade, isso. As pessoas sempre me perguntam se eu me dou melhor com meninos ou dizem que eu era uma geek na escola. A verdade é que eu também tenho várias amigas. Eu gosto de sair com meus amigos por motivos diferentes que me fazem sair com as minhas amigas. Por tudo isso, não foi assim estranho para mim ficar com as meninas no set. Quando fizemos aquela sequência da "noite das meninas", éramos em dez e algumas já se conheciam, eram boas amigas, e outras nunca tinham se visto antes. E nós não paramos de falar por doze horas seguidas. John Hamburg mandava a gente cortar a cena e nós continuávamos falando, porque não tínhamos ouvido. Ele tinha que entrar no quarto e falar "Ei, meninas, vamos ficar quietas um pouco". A gente se empolgava mesmo. Acho que a partir do momento que você junta um grupo de meninas e elas estão se divertindo, e cada uma vai aprendendo como fazer a outra dar risadas, você não precisa de inspiração maior.

Ele só dava umas direções e daí liberava vocês para irem embora?

Yeah! Tínhamos algumas linhas básicas de estrutura para seguir pela trama, mas ele dizia "Desde que vocês incluam isso em algum lugar, façam o que quiserem."

Qual o melhor conselho que já te deram e de quem foi?

Meu pai sempre me diz para fazer minhas escolhas baseado no amor, não no medo. Acho que ela se aplica para praticamente tudo.

Você tem pais famosos [o produtor muscial Quincy Jones e a atriz Peggy Lipton]. Foi difícil ter uma mãe que era uma estrela? Você sentiu alguma dificuldade em achar o seu lugar por méritos próprios, querendo ser independente e tendo a certeza de que eles estão felizes com o que você está fazendo?

Claro! Bom, antes de mais nada eles me dariam todo o apoio do mundo no que quer que eu fizesse. Mas é ótimo poder discutir com eles sobre tudo isso porque logicamente durante os meus vinte e poucos anos eu pensava "Eu quero fazer sozinha, trabalhar duro e conseguir por méritos próprios." Eles sempre me apoiaram nisso também. A sombra era mais uma projeção. Nunca foi uma coisa que eles fizeram para mim. Eles queriam que eu conseguisse sozinha e queriam que eu trabalhasse duro porque eles sabiam que esse era o único jeito que eu ia me dar bem com meu próprio sucesso. Agora está sendo ótimo porque as coisas mudaram e eles têm do que se orgulhar por tudo o que eu fiz. Meu pai está sempre rindo de orelha a orelha, de orgulho. Ele é muito, muito fofo e fala muito de mim, até mesmo para quem ele não conhece, o que dá um pouco de vergonha, mas ele é muito doce e é o jeito dele.

Que tipo de coisas você faz nas suas horas livres? Isso influencia com quem você está saindo?

Eu sou uma nerd de coisas relacionadas a comédia. Não importa se é standup, show de improvisação ou o que seja, eu estou lá. Esta é a minha praia. Para mim, se você consegue rir, não há programa melhor. Não acho que chorar seja a mesma coisa. Não acho que emoção alguma se equipare a uma boa gargalhada. Por isso, faço tudo o que puder para dar uma risada e esconder meus problemas.

Você tem algum programa de TV ou filme que viu recentemente e gostaria de indicar?

Eu estou meio obcecada com esse novo programa chamado Delocated, que passa no Adult Swim, com o Jon Glaser. É sobre uma família que está no programa de proteção à testemunha, em que todo mundo da família usa máscaras de esqui e moduladores de voz. É hilário!

Você também teve que ficar dançando ao som do Rush por oito horas como os caras?

Sim, claro. Mas eu não suei tanto quando eles. Eles estavam pingando de suor, mas eu também dancei, claro. Eu fiquei ouvindo "Limelight" por doze horas seguidas.

E agora você odeia o Rush? Ou gosta ainda mais dos caras?

Não. Eu nunca tinha ouvido falar neles antes. Não conhecia o som dos caras.

Isso é porque você não é canadense.

Eu não sou canadense e nunca fui muito ligada no rock progressivo quando estava crescendo, mas eu até gostei do som deles. É bem complexo e as letras são muito legais. Isso tudo não deixou as doze horas que ficamos lá serem tediosas. Meus pés doíam, mas foi só isso. [risos]

Artigo em parceria com

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