Filmes

Entrevista

Omelete Entrevista: Ben Stiller

O diretor de Trovão Tropical fala da produção do filme e seu próximo projeto

28.08.2008, às 18H30.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H39

Nós não fomos os únicos a adorar Trovão Tropical (Tropic Thunder, 2008). Nossos parceiros do Collider também assistiram ao filme lá na Comic-Con, ao nosso lado, e deram muitas risadas. Uma semana depois, já de volta a Los Angeles, Steve Weintraub teve a chance de conversar com o elenco do filme e seu diretor, Ben Stiller - entrevista que você pode ler os melhores momentos abaixo.

Parece que há um abaixo-assinado para que você continue dirigindo, porque tudo o que você dirige é muito bom.

Trovão Tropical

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Ben Stiller: Eu amo dirigir. Este é o meu maior amor, com certeza. É o que eu sempre quis fazer e acho que estou chegando a um estágio da minha carreira em que posso dirigir quando não estiver atuando.

Essa é uma ótima comécia, mas também é um filme de ação. Você pode falar como foi trabalhar ao lado do diretor de fotografia John Toll [Além da Linha Vermelha, Coração Valente, O Último Samurai]?

Foi incrível! Nós enviamos o roteiro para ele meio que por desencargo de consciência, achando que ele nunca ia aceitar. E ele ligou dizendo que queria sentar para conversar. Nós nunca tínhamos nos encontrado antes, mas sou um grande fã e queria muito que o filme tivesse aquele visual de um filme de guerra de verdade. Ele é um cara sério, comedido, mas que tem lá o seu senso de humor. Depois que apresentei para ele o que eu estava pensando, nós resolvemos tentar a sorte. E acredito que muito foi justamente porque não sabíamos o que podia acontecer.

Foi sensacional poder acompanhar o seu trabalho. Ele é excelente nas cenas externas e sensacional em ambientes fechados. Estar ali do lado dele com uma planilha que diz onde o sol nasce e se põe e ele apontando com sua bússola que em tal lugar teríamos uma ótima iluminação no fim do dia e tal lugar de manhã... tudo isso prova porque ele é um dos mestre no trabalho com a luz natural. Esses caras sabem quando ou não se deve filmar. E além da ação e da comédia, nós filmamos com várias câmeras, algo que ele geralmente não faz. Boa parte do filme foi feito com três câmeras porque tínhamos muita ação e muitos atores envolvidos. A maioria dos fotógrafos não gostam de fazer isso porque é difícil iluminar bem dois pontos ao mesmo tempo, mas eu o convenci. Os caras estavam improvisando muito e não queríamos correr o risco de perder um plano daqueles.

Steve Coogan disse que você incluiu muitos trechos autodepreciativos no filme.

Claro! Acho que o filme é muito sobre isso.

Tem alguma cena que exemplifique isso?

Acho que todas. O filme todo nós passamos chamando a atenção para quão ridículo o mundo é e o que é ser um ator e estar em grandes filmes com infraestruturas ao seu redor e a forma como as pessoas ficam protegidas e como elas constroem redomas de vidro em volta de si, algumas por necessidade. É mundo muito difícil de se virar e manter o equilíbrio. Nós queríamos nos divertir, porque atores, eu acho, têm um grande senso de humor sobre eles mesmos e dizem que isso é ridículo, que não é importante.

Esse filme era uma forma de mostrar isso e espero que as pessoas gostem dos personagens. Esse era o nosso desafio. Como isso pode não ser uma piada interna? Mas provavelmente eu não sou a pessoa certa para dizer se deu certo, só posso dizer que olhei para dentro de mim e tentei colocar tudo na tela. Dava pro Speedman ser mais babaca? Você se preocuparia mais com ele? Deveria ter ido além? E o personagem do Downey nunca foi um problema porque acho que ele é tão caricato e tão bem definido que todos sempre entenderam.

Você acha que outros atores vão chegar para você dizendo que você estava zoando especificamente dele?

Claro! Com certeza! E, sendo bem sincero, esta é a menor das minhas preocupações. Eu não acho que os atores sejam assim. Eles adoram tirar um sarro deles mesmos porque acabam percebendo quanto aquilo é ridículo. E é um crime limpo. Você não está machucando ninguém. Pra mim, sempre foi importante que isso fosse sobre os atores e estava muito claro que com o personagem do Robert nós não estávamos tentando fazer um cara negro. Nós queríamos fazer um ator que se perdia imaginando que poderia fazer um negro em um filme e se dar bem com aquilo, o que seria errado. É ir longe demais. Por isso era importante que nós mantivéssemos o foco nisso.

Houve cenas em que você achou que tinha ido longe demais?

Com certeza. Uma delas eu guardei para a versão estendida que vai sair no DVD, porque ali já não ligo mais se você vai gostar ou não do meu personagem. [risos] Meu personagem está tentando adotar um bebê e a piada é quando ele diz "Parece que todos os bebês que prestam já foram adotados". Sempre me pareceu engraçado no papel, mas no filme ficou um pouco pesado e as pessoas começavam a dizer "Credo, não quero ver um filme desse cara" [risos]. Por isso acabei cortando. Não queríamos que ninguém desistisse do filme antes do final.

E há também as cenas do jovem que tem um problema mental.

De novo, o foco aqui era "o que os atores fazem para tentar ganhar um Oscar e que poderia sair do controle?". Fora de contexto, ‘Simple Jack’ [o nome do filme em que Speedman interpreta um retardado mental] seria errado, mas no meio do filme fazia todo sentido. Já vimos isso acontecer várias vezes.

E o Sean Penn já te ligou?

Não. É isso que eu estava falando sobre os atores terem senso de humor. Eu mandei o roteiro para o Sean, para que ele soubesse o que estávamos fazendo e ele levou numa boa. Para você ter uma idéia, sabe aquela cena do Oscar no fim do filme que aparece uma foto dele? Ele veio posar especialmente para termos aquela foto naquela cena.

Foram sete anos de Zoolander até Trovão Tropical. Você já sabe quando vai ser seu próximo filme na direção?

Sim. Já tenho alguns projetos em andamento. Tem um em particular que quero muito fazer e acho que vai demorar menos do que sete anos para dar certo e eu voltar à direção porque gosto muito desse trabalho.

Seria outra comédia, um drama, ou o quê?

Não é uma grande comédia. É algo um pouco mais sombrio, mas engraçado também. Algo menor, sabe?

Dando uma forçada, é algo que você queira contar um pouco mais pra gente?

Não é um segredo. Já falei desse projeto antes. É um filme chamado ‘Civil War Land and Bad Decline’. É baseado em um ótimo conto de George Saunders sobre um cara que trabalho em um parque temático da Guerra Civil. Mas é meio sombrio e acaba indo para outros lugares. Eu adoro a história e estamos trabalhando nela há tanto tempo quanto Trovão Tropical.

E Trovão Tropical II?

Com certeza não! Nada de II.

Leia a crítica, veja os clipes e saiba mais sobre Trovão Tropical

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