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Crítica

O Primeiro que Disse | Crítica

Comédia italiana cria coragem e coloca galã ascendente em papel gay

31.12.2010, às 18H39.
Atualizada em 04.11.2016, ÀS 18H01

A figura do homem italiano, másculo e charmoso, é um velho fetiche gay. Mas é também algo que incomoda a comunidade homossexual do país, que reclama do retrato da "causa" nos filmes italianos - retrógrada e enrustida em comparação a outros países europeus ou os EUA. O cinema paradiso ainda é dominado pelas mulheres poderosas e pelos machos alfa - figuras modernas, andróginas ou de sexualidade dúbia passam longe.

Corajosa e louvada, então, é a atitude de Ferzan Ozpetek, em O Primeiro que Disse (Mine Vaganti, 2010). O diretor turco radicado na Itália escalou Riccardo Scamarcio, galã em ascensão que já chegou a ser apelidado de novo Marcello Mastroianni, como o personagem principal (e gay) da sua comédia de costumes tipicamente italiana. Mastroianni, não custa lembrar, também já fez gays no cinema.

Scamarcio é Tommaso Cantone, herdeiro sensível de uma família burguesa dona de um tradicional pastifício em Lecce, cidade histórica no sul da Itália. Tommaso é o tipo cheio dos segredos, além da sua sexualidade. Em Roma, onde mora, trocou a faculdade de economia, de onde sairia para ajudar a tomar conta da empresa, por uma vida de romancista.

Em uma reunião de família, resolve escancarar o jogo. Mas é surpreendido pelo irmão Antonio (Alessandro Preziosi), que abre antes a porta do seu próprio armário, revela seu amor por um ex-funcionário da fábrica de massas e é expulso pelo patriarca Vincenzo (Ennio Fantastichini).

Com seu segredo mais enterrado do que antes, Tommaso vê-se na posição de assumir o cargo de Antonio no pastifício, apesar de sua aptidão zero aos negócios, e de equilibrar a família, que começa a escancarar seus segredos e esquisitices - da tia alcoólatra aos sobrinhos gordos, ninguém é normal. O pai, derrubado por um ataque cardíaco, é o típico carcamano, inconformado e homofóbico - que mal aceita o genro napolitano, quanto mais o filho gay - e tem medo do que toda a cidade vai pensar sobre "o fruto podre na família".

Ozpetek passa o filme analisando os conflitos morais do seu personagem, que tenta fazer o irmão voltar a ser aceito pelos seus. E ainda tem que lidar com a visita inesperada dos amigos (e do namorado) de Roma, que fazem o contraponto humorístico da trama. Tommaso, apesar de gay, ainda faz a linha discreta aos olhos do pai - bem diferente dos seus amigos flamboyant de camiseta justa.

Mas quem rouba a cena é Ilaria Occhini, tradicional atriz do teatro e da TV italiana, no papel da avó dos Cantone. Sábia e calma, e com seus segredos particulares, é ela quem resolve o imbróglio, de modo definitivo e magistral. Afinal, como em todo drama familiar de "saída do armário", é a mulher mais velha que sabe das coisas.

O Primeiro que Disse | Cinemas e Horários

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Nota do Crítico
Bom
O Primeiro que Disse
Mine Vaganti
O Primeiro que Disse
Mine Vaganti

Ano: 2010

País: Itália

Classificação: 14 anos

Duração: 110 min

Direção: Ferzan Ozpetek

Roteiro: Ferzan Ozpetek, Ivan Cotroneo

Elenco: Riccardo Scamarcio, Nicole Grimaudo, Alessandro Preziosi, Ennio Fantastichini, Lunetta Savino, Carmine Recano

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