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Entrevista

Lanterna Verde | Omelete entrevista Ryan Reynolds

Intérprete de Hal Jordan fala como foi parar no filme do super-herói e o que o atrai no gênero

31.05.2011, às 00H00.
Atualizada em 21.11.2016, ÀS 03H05

Aos olhos dos produtores de Hollywood, Ryan Reynolds deve mesmo ter jeitão de super-herói. Depois de viver um caçador de vampiros em Blade Trinity e de passar anos como o possível Flash do cinema - em um filme que nunca saiu -, além de interpretar uma versão nada fiel à original do mercenário Deadpool em X-Men Origens: Wolverine, o ator enfim conseguiu um papel principal em uma adaptação de quadrinhos, assumindo o anel energético do Lanterna Verde. Conversamos com Reynolds em New Orleans em julho de 2010, no set do filme, onde discutimos sua vontade de fazer Lanterna Verde, o teste de elenco, a fascinação do público por super-heróis e o que ele espera ver em uma continuação. Divirta-se!

Por que você quis fazer esse filme?

Lanterna Verde

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É uma boa pergunta. O que me atraiu inicialmente foi a participação de Martin Campbell, já que sempre fui um grande fã de seu trabalho. Eu não tinha muito interesse em fazer Lanterna Verde, mas estava bem interessado em conhecer ele, então fui conversar com Martin com a intenção de manter o contato para fazermos alguma coisa juntos no futuro.

Acontece que tivemos uma ótima reunião, na qual discutimos a fundo a mitologia do personagem. Eu estava realmente curioso para saber por que ele queria fazer Lanterna Verde - e ele me explicou muito bem. Aí Martin me levou pra dar uma volta no departamento de arte... e tudo mudou para mim. Eu vi as ilustrações e ideias que estavam sendo preparadas para o filme, vi no que o designer de produção Grant Major estava trabalhando... então aconteceu o processo reverso; eu passei a querer muito fazer Lanterna Verde. Muito mesmo. Então eles me disseram que eu teria que fazer teste de elenco e eu concordei. Fiz o teste e aqui estou.

Como foi o teste?

O teste de elenco? Eles geralmente são experiências terríveis - é sempre difícil ser julgado. Mas neste caso eu queria muito fazer o teste, afinal eu não queria que os fãs do quadrinhos achassem que eu cheguei aqui e apenas os convenci de que seria o melhor para o papel. E eu queria saber como as falas ficariam saindo da minha boca, mesmo que o estúdio e Martin Campbell me quisessem no filme. Fazer o teste de elenco foi importante para todos.

O que o Lanterna Verde significa para você?

A diferença entre coragem e destemor e o significado de ambos. Isso é algo que eu considero ser um atrativo universal, algo que qualquer pessoa pode ter como referência. Hal Jordan é um cara que no início de nossa jornada acredita ser totalmente destemido, mas, na verdade, descobrimos que ele sente medo como qualquer outra pessoa - ele só tem a habilidade de superar esse medo. É isso que o torna ótimo. Essa é a diferença entre ele e os outros lanternas. Hal Jordan é a personificação de Chuck Yeager [famoso piloto de testes da força aérea dos EUA].

Ouvi dizer que você tem medo de voar, é verdade? E agora você é um piloto...

Sim. E aqui estou, a 120 metros do chão, suspenso por cabos. Sim, eu tenho medo de voar. [risos] Perdi um pouco desse medo agora, acabei ficando um pouco mais confortável, mas eu tive um acidente enquanto pulava de para-quedas quando tinha 19 anos. Não é tão dramático quanto parece, mas me deixou bem consciente de aviões em geral. Eu não tenho problema com altura, meu problema são aviões.

Há algum tempo, você estava cotado para ser o Flash. Agora que você é o Lanterna Verde. Uma coisa inviabiliza a outra, certo?

Eu espero que sim. Teria alguma coisa muito errada se eu interpretasse ambos os personagens. Eu adoro o Velocista Escarlate, ele é um ótimo personagem e estou bem animado para ver outra pessoa interpretá-lo.

Você está interpretando um dos melhores amigo do Flash, então...

Exatamente, somos colegas de equipe.

Você disse não ter interesse em interpretar o Lanterna Verde inicialmente. Por quê?

Ele não era um personagem que eu conhecia. Eu tinha toda a intenção de interpretar o Deadpool em um filme solo dele, e ainda tenho, mas o Lanterna Verde nunca esteve presente no meu dia-a-dia. Eu nunca tinha pensado nisso e até fiquei surpreso quando o filme começou a ser feito. Mas conforme fui aprendendo mais sobre o personagem, sua mitologia e que isso realmente é o Star Wars do Universo DC Comics (algo que aprendi com Geoff Johns), é que eu fui me conscientizando da importância dele.

Hoje existem diversos elementos no filme que eu adoro - temos o "épico espacial" mas também podemos sentir um certo confinamento em relação à Terra, que dá à audiência uma perspectiva maior. Não temos uma conexão emocional com o espaço, mas temos com a Terra. São pessoas indo aonde ninguém mais foi e todo o romance que envolve isso.

Você era mais fã da Marvel Comics?

Não, eu não diria isso. Existem personagens na Marvel que eu gosto como também existem personagens da DC que eu gosto. Eu cresci com a DC, então acho que é algo que me deixa mais confortável.

O que você acha do fascínio pelos super-heróis de hoje?

Eu não sei. Cada um tem um pensamento diferente sobre isso, mas eu penso que a eles sempre foram fascinantes. O fato de existirem tantos filmes de heróis hoje é devido à tecnologia atual que só agora permite que eles sejam retratados como se deve no cinema. Hoje somos capazes de mostrar essas histórias de maneiras que não estavam disponíveis há alguns anos.

Há quem acredite que os super-heróis são fascinantes pois nos ajudam a esquecer nossos problemas... mas acho que, no geral, os filmes de super-herói fazem o oposto. Eles acabam focando mais no ponto fraco do que nos pontos fortes do herói. Eu acho que os pontos fortes são utilizados para realçar ainda mais os pontos fracos. Isso que é tão fascinante nesses personagens, o Calcanhar de Aquiles deles.

Qual o ponto fraco de Hal Jordan?

Um dos principais pontos fracos de Hal é a arrogância; ele é um cara incrivelmente orgulhoso e tem um mecanismo de defensa bem elaborado, que ele vem construindo desde criança. Ele viu seu pai morrer e tem lidado particularmente bem com isso ao seguir os mesmos passos dele, trabalhando na mesma carreira... Mas isso pode causar implicações bem estranhas para um cara como ele. Essa é a gênese do personagem, é seu medo que o torna tão bom.

Hoje é o 89º dia de filmagens; qual foi o dia mais desafiador até agora?

Qualquer dia que eu estou pendurado pelos cabos é bem difícil para mim; físicamente difícil. Nós nos machucamos um pouco, ficamos com alguns arranhões e hematomas. Não acho que estaria fazendo meu trabalho direito se eu não tivesse que ir ao menos duas vezes à enfermaria em um filme como esses. Mas é isso mesmo, os dias mais difíceis são aqueles que envolvem as cenas de ação. Martin Campbell é bem rígido com essas coisas, ele gosta que as cenas de ação fiquem rápidas e é bom ver isso em um filme de super-herói. Ver, em filme nessa escala, os personagens - Martin usa a expressão "é como uma briga de facas no escuro" e isso é algo que eu acho que vai diferenciar as cenas de ação desse filme de vários outros filmes.

Você já se cansou de verde?

[risos] Ironicamente, pelo fato de eu ser verde no filme, estamos trabalhando com telas azuis ao invés de telas verdes, então é a cor azul que eu passei a odiar.

Como você já está contratado para a continuação...

Sim. Eles não me contratariam se eu não assinasse para estar na continuação. [risos]

... o que você espera ver em um novo filme?

Existe muito material que pode render para o segundo e o terceiro filmes. O primeiro filme é geralmente o mais difícil por termos que responder a tantas perguntas. Tomara que seja o Martin Campbell dirigindo os outros filmes, mas se ele escolher não fazê-los, o novo diretor será bem sortudo, porque ele vai herdar todas as respostas. Tivemos meses de preparação para responder questões como a da aparência do uniforme; ou como o Lanterna Verde voa? Ele não voa da mesma maneira que o Superman, ele voa diferente... Tudo isso já foi respondido, então é no segundo e terceiro que a coisa começa a ficar boa, é aí que dá pra se aprofundar no personagem. Mas, enfim, eu espero que a continuação explore um pouco mais do Sinestro e eventualmente mostre a queda de Hal, que também seria algo legal de ver acontecer. Na verdade, Hal segue mais ou menos o caminho de Anakin [Skywalker, Star Wars].

Você pode falar um pouco sobre a relação entre Hal e Sinestro no filme?

Sinestro é o melhor lanterna verde que existe na Tropa quando o encontramos no filme. Ele estava em segundo somente por causa de Abin Sur, que, na mitologia, é o personagem que morre e entrega o anel energético a Hal. Isso causa inimizade entre Sinestro e Hal Jordan no início do filme, afinal o humano entrou no lugar de Abin Sur e Sinestro acredita que Hal não merece portar o anel de seu melhor amigo. Eu acho que a relação e a jornada deles é bem mais interessante em alguns dos quadrinhos; elas são um pouco mais longas.

Blake Lively interpreta Carol Ferris no filme. A personagem dela difere da Carol que conhecemos dos quadrinhos?

Blake é ótima e fez um ótimo trabalho. Ela realmente incorporou todos os aspectos que Carol Ferris tem. Ela não está situada naquele clichê de donzela em perigo, que é o papel comum de diversas mulheres em filmes de herói, há um toque icônico em sua abordagem à personagem. Ela não interpretou a vítima, o que eu realmente gostei e admirei.

Qual era o seu super-herói favorito quando criança?

Quando eu era criança, meu super-herói favorito era o Superman. Eu adorava assistir ao filme Superman quando criança, ficava encantado com aquele mundo; Christopher Reeve como o super-herói e voando... era incrível.

E Deadpool, ainda vai acontecer?

Sim, estivemos trabalhando no roteiro pelos último cinco, seis meses.

E você acha que vai conseguir ser dois super-heróis ao mesmo tempo?

O objetivo de Deadpool é que ele é bem diferente de qualquer outra coisa nesse universo. É quase como uma desconstrução dos filmes de super-heróis, então eu acho que, quando o filme sair, outros filmes de super-herói já terão sido lançados e vai ser a hora certa de desconstruí-los. Deadpool é o tipo de cara que, se você o chamar de super-herói, ele atira em você - e é isso que eu gosto nesse personagem; ele é o verdadeiro anti-herói. Esse termo tem sido usado muito livremente ultimamente, mas Deadpool certamente não é e não quer que ninguém o considere um super-herói.

Deadpool, Lanterna Verde, Flash, você esteve em Blade... existe algum super-herói que você realmente não goste?

Não, eu acho que não. Não consigo lembrar de nenhum agora. Quer dizer... eu nunca gostei muito do Robin. [risos].

Dirigido por Martin Campbell (007 - Cassino Royale), Lanterna Verde tem lançamento previsto para 17 de junho em 3-D e 2-D, nos EUA. No Brasil, chega em 19 de agosto.

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