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Crítica

Sylvia - Paixão Além de Palavras | Crítica

<i>Sylvia - Paixão além de palavras</i>

08.04.2004, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H16

Sylvia - Paixão além de palavras
Sylvia
, Inglaterra, 2003
Drama - 110 min.

Direção: Christine Jeffs
Roteiro: John Brownlow


Elenco: Gwyneth Paltrow, Daniel Craig, Jared Harris, Blythe Danner, Michael Gambon, Amira Casar, Andrew Havill

"Dying
Is an art, like everything else.
I do it exceptionally well."

(do poema Lady Lazarus, Sylvia Plath)

Não se deixe enganar pelo subtítulo adicionado ao nome do filme no Brasil. Sylvia - Paixão além de palavras (Sylvia), de Christine Jeffs (Chuva de Verão), não é mais uma daquelas histórias de amor entre dois escritores. É um retrato, um tanto envernizado, de parte da trajetória de uma mulher obcecada pelas palavras e pela morte.

Uma mulher que, aos 20 anos, sem vontade de fazer as malas, joga no fosso do hotel onde está hospedada todas as roupas caras que ganhou (nos três meses em que foi editora júnior da aclamada revista Mademoseille) e vai embora.

Uma mulher que, ainda aos 20 anos, toma todos os calmantes que a mãe tem em casa e, em seguida, se enterra num buraco no chão do porão, na esperança de que ninguém jamais venha a encontrá-la.
Uma mulher que, encontrada pela mãe ainda com vida depois de três dias, vai parar num hospital psiquiátrico, onde é submetida a tratamento de choque. E que, ainda no hospital, cai nas graças de uma rica senhora, que lhe oferece uma bolsa de estudos. É assim que ela vai parar na Universidade de Cambridge, na Inglaterra, onde iremos encontrá-la.

Esta mulher é a escritora e poeta americana Sylvia Plath (1932 - 1963), vivida por Gwyneth Paltrow. Sem mencionar o passado da protagonista, a diretora nos conduz ao dia em que ela irá se encontrar pela primeira vez com o futuro marido — o poeta inglês Ted Hughes (1930 - 1998), em sólida interpretação do ator inglês Daniel Craig.

A história deles juntos é contada em versão mais fiel à interpretação do roteirista do que à verdade. O que nem mesmo a publicação dos diários da escritora conseguiu esclarecer é aqui colocado como fato. O tempo todo Ted é sutilmente acusado, mesmo que para isso seja necessário fechar os olhos a muitas evidências oferecidas pelo comportamento e pelo passado de Sylvia.

Ainda assim, é fascinante acompanhar a evolução das carreiras destes dois grandes escritores e observar como se inspiraram, colaboraram e, por vezes, competiram entre si. Um grande mérito da diretora é o de indicar ao espectador, a partir de detalhes muito sutis e bem construídos, os aspectos mais relevantes da personalidade da personagem principal. O relacionamento com a mãe, a obsessão pelo pai, o medo dos críticos literários e a adoração pelo marido.

O tratamento raso dado a alguns aspectos deste drama é quebrado por algumas cenas de grande inspiração: o pedido que a mãe de Sylvia (em arrepiante interpretação de Blythe Danner, mãe de Gwyneth Paltrow na vida real) faz a Ted no dia do casamento, todo o período que passam numa praia na Nova Inglaterra e as conversas de Sylvia com o vizinho desconhecido, em seus momentos de maior aflição.

Se fosse preciso destacar uma única razão para assistir a este filme, ficaria com a óbvia: esta é uma das poucas oportunidades que se tem para conhecer melhor a intrigante e controversa personalidade de Sylvia Plath. Uma mulher que marcou cada uma das suas três décadas de vida com encontros com a morte. Uma mulher que se definia como Lady Lazarus, em constante renascimento. Uma mulher que tentava preservar os filhos, mas que não tinha o menor apego à própria vida.

Para saber mais sobre Sylvia Plath: A Redoma de Vidro (The Bell Jar) - Editora Record

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