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Doze é Demais | Crítica

<i>Doze é demais</i>

12.02.2004, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H15

Doze é demais
Cheaper by the dozen

EUA, 2003
Comédia - 98 min.

Direção: Shawn Levy
Roteiro: Sam Harper e Craig Titley

Elenco
: Steve Martin, Bonnie Hunt, Tom Welling, Piper Perabo, Alyson Stoner, Hilary Duff, Alan Ruck, Shane Kinsman e Ashton Kutcher.

Desde os tempos do namoro no colégio, Kate (Bonnie Hunt) e Tom Baker (Steve Martin) planejavam ter muitos, muitos filhos. Alguns partos naturais, gêmeos-surpresa e escapadinhas depois, o casal chega a um número espantoso: uma prole de doze rebentos. Dirigido por Shawn Levy (Recém-Casados), Doze é demais (Cheaper by the dozen, 2003), refilmagem de Papai Batuta (Cheaper by the dozen, de Walter Lang, 1950) mostra a rotina de uma família à beira do colapso.

Enquanto vivem na caipira Midland, os Baker se equilibram bem. Aquele tipo de família que gargalha unida mesmo quando os ovos mexidos do café se esparramam por toda a cozinha. A situação muda quando Tom é convidado a dirigir o time de futebol americano de uma universidade de Chicago. Não bastasse a aversão das crianças à mudança, Kate consegue emplacar o seu livro autobiográfico e precisa viajar a Nova York para as entrevistas de lançamento. Assim, o caos toma conta da casa. Fato que coloca Tom num dilema: seguir o sonho da carreira ou dar mais atenção aos doze "órfãos"?

O diretor Levy erra a partir daí, ao segurar as rédeas do desastre iminente. Ou seja, quando o ambiente parece favorável à anarquia típica de um O Pestinha (Problem Child, de Dennis Dugan, 1990), o desarranjo familiar segue num ritmo previsível, esquemático. Os filhos mais velhos têm dificuldade de se adaptar ao novo colégio, o mais novo foge de casa por se sentir negligenciado, os vizinhos esnobes e caretas sofrem com a bagunça, etc, etc.

Nesse cenário, o Superboy Tom Welling, no papel do menino mais velho, tem pouco espaço para aparecer. E a estrela adolescente Hilary Duff, decididamente, não sabe atuar. Ao menos Bonnie Hunt, com o seu ótimo senso de equilíbrio entre o drama e a comédia, e Steve Martin, caretas devidamente controladas, conferem à produção alguma estabilidade. Mas nada muito destacável.

Doze é demais é indicado para pessoas que, como Tom Baker, possuem suéteres com renas bordadas ou produzem o cartão de Natal com a foto da família em maio, pelo desconto na impressão.

Por outro lado, vale vasculhar as entrelinhas da trama e arriscar uma análise mais profunda. Mesmo sendo a refilmagem de um clássico (por sinal, muito mais rico em situações e piadas inteligentes), o filme de Levy se encaixa muito bem no cenário dos Estados Unidos de George W. Bush. Como? Também o presidente sofre entre escolher o sucesso bélico geopolítico, dito avanço "profissional", ou voltar-se para os problemas de seu povo numeroso, o desemprego e a recessão. Pela decisão final de Tom Baker, dá pra ver que o conservadorismo dos anos 50 segue vivíssimo por aqueles lados.

Outra coisa, essa bem mais importante: repare como Wayne Knight, o carteiro Newman de Seinfeld , o policial Don de 3rd Rock from the Sun, está MAGRO no rápido papel do eletricista que conserta o lustre. Notório rotundo, Knight entrou recentemente num feroz regime. Pesava 148kg, alcançou incríveis 95kg - e ficou irreconhecível. A chance de vê-lo é o único real atrativo do filme.

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