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Por que toda protagonista feminina das comédias românticas recentes precisa ter um amigo homossexual? Eles sempre estão lá para aconselhar mulheres que não se relacionam há um certo tempo, mas que estão a procura de sua cara metade. Em A Sogra (Monster-in-law, 2005) a dublê de cantora/atriz Jennifer Lopez é mais uma a se juntar ao grupo. E não pense que este é o único clichê. Todos os outros que fazem parte da espinha dorsal deste gênero estão aqui. O grande diferencial, porém, é a volta da atriz Jane Fonda aos cinemas.
Jane Fonda não atuava desde 1990. Seu último papel foi no drama Stanley e Iris ao lado de Robert De Niro. Foram 15 anos afastada dos holofotes. Neste período, a atriz se dedicou à família e a projetos filantrópicos. Depois de ter declarado em 1991 que nunca mais atuaria, voltou atrás para encarar esta comédia de sucesso, que faturou 23 milhões de dólares no seu fim de semana de estréia nos Estados Unidos. Realmente, toda vez que ela entra em cena a narrativa ganha em dramaticidade. A luz que emana de Jane contagia o celulóide, provocando uma reação de bem estar nos espectadores. Apesar das marcas do tempo, ela ainda continua uma mulher muito bonita e que nunca fez questão esconder seus sessenta e oito anos muito bem vividos.
Jane é Viola Fields, uma veterana apresentadora de muito sucesso na TV. Uma espécie de Oprah Winfrey. Ao ser dispensada por causa da idade, acaba sofrendo um colapso nervoso e sendo internada numa clínica. Vale ressaltar que a cena, que ainda envolve uma espécie de clone da Britney Spears, é uma das mais hilárias do filme. Nesse meio tempo, seu filho, o bem sucedido cirurgião Dr. Kevin Fields (Michael Vartan), conhece Charlotte "Charlie" Cantilini (Jennifer Lopez), uma aspirante a estilista de moda, que por enquanto ganha a vida em diversos empregos. Viola é uma mãe extremamente ligada a seu filho. Ao sair da clínica, ela recebe a visita de Kevin acompanhado de Charlie. Nesse encontro Kevin pede Charlie em casamento. Viola enlouquece e passa a fazer de tudo para que o casamento não aconteça.
Apoiado nesse argumento, o público já sabe o que esperar. Uma série de artimanhas por parte das duas mulheres surge a cada cena, arrancando gargalhadas da platéia. Não é difícil conquistar os espectadores já que a grande maioria já passou, está passando ou irá viver situações no mínimo próximas ao que é mostrado na tela. Quantas mães acham que somente elas podem cuidar de seus preciosos filhos? Ao mesmo tempo, quantas esposas e namoradas não se sentem desconfortáveis ao ver seus amados sendo bajulados pela mamãe? Baseado nisso, e também explorando ao máximo a figura da sogra como uma cobra venenosa pronta para dar o bote, o diretor Robert Luketic constrói a sua narrativa.
A roteirista Anya Kochoff ainda incrementou a história com situações que realmente aconteceram na vida de Jane Fonda. Como o seu personagem, ela casou-se várias vezes, teve um relacionamento com seu cabeleireiro gay e um de seus maridos foi o todo poderoso Ted Turner, proprietário de um império no ramo do entretenimento e notícias, entre outras referências. Tudo isso e muito mais está na história. Algumas vezes de forma direta e outras de maneira mais apimentada, com o intuito de brincar com a própria figura de Jane.
Para os marmanjos que não curtem esse tipo de filme, e que fatalmente serão intimados a levar suas companheiras ao cinema, não há motivo para se desesperar. Jennifer Lopez está lá para ajudar a passar de maneira indolor os 100 minutos de projeção. A sex symbol detentora dos glúteos mais avantajados da América (a concentração de "músculos" de Miss Lopes é de causar inveja a destaque de desfile de escola de samba) aparece em ângulos generosos.
Depois de estar com a carreira em baixa devido a escolhas cinematográficas duvidosas e discos de música pop sem tanto sucesso, Jennifer começa a ver uma luz no fim do túnel. Até pouco tempo, ela nunca havia definido a sua imagem para o público. Em seus filmes é a mulher humilde à procura de um romance. Já nos seus videoclipes é sempre a uma bomba de sensualidade prestes a explodir. Porém, desde Dança Comigo? (2004), com o galã Richard Gere, seus projetos voltaram a dar dinheiro. Naquela refilmagem ela foi simplesmente coadjuvante, deixando para a ótima trama e Gere a missão de conquistar o público. Em A Sogra, é Jane Fonda quem cumpre com extrema competência e carisma a função. Quem será o próximo a dar um empurrãozinho no grande traseiro de Lopez?
Ano: 2005
País: EUA
Classificação: 12 anos
Duração: 95 min
Direção: Robert Luketic
Elenco: Jennifer Lopez, Jane Fonda, Michael Vartan, Wanda Sykes, Adam Scott, Monet Mazur, Will Arnett, Elaine Stritch, Annie Parisse, Stephen Dunham
