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A Onda dos Sonhos | Crítica

Sua leveza é tão cativante, que inibe qualquer comentário rígido

16.01.2003, às 00H00.
Atualizada em 13.11.2016, ÀS 15H02

A onda dos sonhos (Blue Crush, 2002) é o típico produto passível de uma crítica destruidora - clichês se enfileiram, em ordem previsível, até o desfecho esquemático. Afinal, filmes de surfe costumam ser muito semelhantes entre si. Em meio a um clima ensolarado de "amor de verão", os protagonistas precisam enfrentar desafios variados na terra firme. E maratonas físicas sobre-humanas, e recompensadoras, no mar.

Mas o trabalho do diretor John Stockwell possui também aquele dom que tantos almejam e poucos alcançam: sua leveza é tão cativante, que inibe qualquer comentário mais rígido. Mesmo sem apresentar nenhuma inovação significativa, A onda dos sonhos possui dois detalhes redentores: uma série de efeitos visuais que tornam as ondas do Havaí muito mais assustadoras e o foco de um esporte machista agora voltado para as garotas, lideradas pela loira Kate Bosworth.

Estão lá todos os obstáculos que impedem o sucesso de Anne Marie (Kate, boa de prancha e de interpretação) como surfista profissional. Abandonada pela mãe, a loirinha precisa cuidar da irmã rebelde, Penny (Mika Boorem), e ainda trabalhar como arrumadeira em um hotel local para sustentar a casa, ao lado da desencanada Lena (Saloe Lake) e da rigorosa Eden (Michelle Rodriguez, de Resident Evil).

A cobrança dos surfistas locais e um romance repentino com um jogador de futebol americano (Matthew Davis), hóspede do hotel, também servem para embolar os objetivos da garota. O grande inimigo, porém, reside na água. Na praia de Pipeline, ondas de seis metros formam tubos de precisão geométrica, mas um caldo acidental pode significar cinco minutos debaixo dágua, além de machucados bem sérios nos corais situados a apenas um metro da superfície. Depois de se chocar contra um destes arrecifes e quase morrer afogada alguns anos atrás, Anne Marie fica traumatizada. Mas nada que uma dose de esforço não consiga vencer.

Desde os ângulos submersos de câmera, que mostram um caldo de maneira realista, até o mais batido pôr-do-sol havaiano e a participação de surfistas profissionais, tudo conspira a favor do filme. Ao fim da jornada, o tão falado dublê digital (que substitui o corpo de Kate nas ondas mais perigosas) engasga, torna a imagem artificial demais durante o clímax. Mas vale repetir, não há defeito que consiga derrubar um conjunto tão harmonioso.

Talvez a prova maior do sucesso da produção, e talvez a maior recompensa para os seus realizadores, seja o fato de que, desde a estréia de A onda dos sonhos, mais e mais meninas se inscrevem em escolas de surfe e se arriscam entre os marmanjos nos mares da vida real.

Nota do Crítico
Bom
A Onda dos Sonhos
Blue Crush
A Onda dos Sonhos
Blue Crush

Ano: 2002

País: EUA

Classificação: 12 anos

Duração: 109 min

Direção: John Stockwell

Elenco: Kate Bosworth, Matthew Davis, Michelle Rodriguez, Sanoe Lake, Mika Boorem, Chris Taloa

Onde assistir:
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