DVD: <i>As aventuras de Indiana Jones</i>

Finalmente sai em DVD a tão esperada série de Indiana Jones. São três filmes - Os caçadores da Arca perdida (1981), O templo da perdição (1984) e A última cruzada (1989) -, todos de Steven Spielberg, que invadiram o imaginário do planeta. Retomaram o gosto de jovens de espírito para as aventuras aparentemente ingênuas dos primórdios do cinema-diversão.

Indiana não se interessa por dinheiro, seus amores mudam a cada filme da série. Longe de 007, que sempre agitado usa seu charme para levar ao leito até as piores inimigas, Indiana só se recorda de sua virilidade para o sexo apenas quando é muito estimulado pelas mocinhas companheiras de aventuras.

Indiana Jones é um arqueólogo que dá aulas, estimula alunos (e alunas por seu charme, afinal é Harrison Ford em seu ápice após Guerra nas estrelas) a procurarem o conhecimento. Indy coloca-se em missões solitárias apenas pelo prazer do achado histórico. Não trabalha para ninguém. É um menino endiabrado que parece não envelhecer nunca. Quando anunciado o quarto exemplar da série para breve, ninguém duvida que Ford, mesmo com sessenta e muitos anos seja capaz de convencer o espectador que ainda dá conta de Jones. Outro achado brilhante do roteirista Kasdan é fazer do herói um professor. Esta é a profissão da fonte da juventude, desde o famoso romance Goodbye Mr Chips de James Hilton.

Esta capacidade pode estar no segredo do personagem. Jovialidade e a busca do conhecimento por meio da história são o segredo da vitalidade. Esta é a tese central das aventuras de Jones. Livros sagrados, segredos de civilizações antigas, lendas e mitos são o pano de fundo para uma busca que parece individual e realmente é.

Isto pode ser confundido com os anos Reagan da política americana, do culto ao indivíduo em detrimento da sociedade. Mas como podemos nos conhecer se não for por uma viagem pessoal? O indivíduo proposto pela série de Indiana não é egoísta. Não age em proveito próprio. Indy quer devolver à cultura contribuir e divulgar seus conhecimentos, o que torna ainda mais irônico o final de Os caçadores da arca perdida, quando a bíblica arca da aliança é colocada em um grande depósito do governo americano. Isto sugere que ficará novamente perdida. Afinal nem tudo que é achado deve ser usado... principalmente nas coisas de Deus, e Spielberg é judeu o suficiente para saber disto.

A família também não interessa muito a Indy, justamente o que torna interessante o terceiro filme da série, em que Sean Connery faz seu pai. O espectador fica sabendo que um desentendimento no passado provocou o afastamento de ambos, mas o espírito de pesquisa faz apagar a mágoa e celebrar a juventude de uma nova aventura que, para a delícia do espectador, tem os nazistas como antagonistas: todo mundo gosta de assistir a estes malvados apanhando no cinema.

O tema central dos três filmes é a manutenção de um fogo vital, sempre se apoiando no sobrenatural, que o diretor Steven Spielberg consegue transformar em algo acreditável. Em Os caçadores da arca perdida (1981), a arca da aliança, objeto perdido descrito pela Bíblia guarda segredos da vida eterna. No segundo, Indiana Jones no templo da perdição (1984), o segredo está em ritos mágicos de origem africana. No terceiro, Indiana Jones e a última cruzada (1989), a juventude eterna está no cálice sagrado, aquele das lendárias histórias dos cavaleiros da távola redonda.