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Crítica

Crítica: Carros Usados, Vendedores Pirados

Uma comédia pensada para mais uma recessão nos EUA, mas com a ironia típica de Ferrell e McKay

27.05.2010, às 17H25.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 14H02

Don Draper, Gordon Gekko, Dirk Diggler... Existe toda uma linhagem de anti-heróis que reinterpreta e personifica o que há de mais cru no american way, e Don Ready concorre a um lugar neste clube. Escorado na imagem que construiu para si a partir da série de TV Entourage, o ator Jeremy Piven faz de Carros Usados, Vendedores Pirados (The Goods: Live Hard, Sell Hard) uma ode aos canalhas do mundo livre.

Na trama escrita pelos estreantes em cinema Andy Stock e Rick Stempson, Don Ready (Piven) lidera uma equipe especializada em liquidações de carros usados. Há quem os veja como mercenários que cometem baixezas para fechar uma venda - e em tempos de crédito podre, como na crise financeira atual, os EUA olham para tipos assim com desconfiança - mas a concessionária falida que Ben (James Brolin) administra na cidadezinha de Temecula não tem opção.

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Desenha-se, então, um cenário parecido com o de Fábrica de Loucuras, comédia de Ron Howard que fazia a crônica da indústria automobilística dos EUA na época da ascensão das montadoras japonesas. Se no filme de 1986 os heroicos colarinhos-azuis tinham que finalizar 15 mil carros em um mês para a fábrica não fechar, em The Goods Don Ready promete a Ben que vai limpar o pátio no feriado de 4 de Julho - ou a concessionária será vendida.

Ambos os filmes jogam com o orgulho nacional versus a recessão, mas The Goods, como se esperaria de um filme produzido por Adam McKay e Will Ferrell (de clássicos modernos sobre o americano médio, como O Âncora e Ricky Bobby), o faz em forma de sátira. Há ironia nos símbolos do 4 de Julho, passando por estereótipos (como o veterano endurecido pela guerra) e inversões de expectativa (o sempre machão Brolin vira um pai de família gay), até o ápice com um Abraham Lincoln saltando de um avião com uma mochila de vibradores.

A direção do estreante Neal Brennan, habituado ao formato de esquetes do Funny or Die e do programa de David Chappelle, abre (mesmo por conta desse hábito) bastante espaço aos momentos solo dos coadjuvantes. A maioria das comédias pós-SNL é mesmo um balcão de oferta de stand-ups, com seus fiapos de trama e tipos excêntricos à esquerda e à direita, e em The Goods isso até combina com a história. Se estamos diante de uma liquidação, onde o que conta é o discurso, nada mais natural que cada comediante tente vender seu peixe.

E nesse cenário Jeremy Piven dá o seu passeio. Discursa sobre a liberdade e canta o amor, com seu visual de aspirante a Bruce Springsteen, como se interpretasse uma versão do George Clooney de Amor sem Escalas, mais esculachada e bem mais interessante.

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Nota do Crítico
Ótimo
Carros Usados, Vendedores Pirados
The Goods: Live Hard, Sell Hard
Carros Usados, Vendedores Pirados
The Goods: Live Hard, Sell Hard

Ano: 2009

País: EUA

Classificação: 16 anos

Duração: 90 min

Direção: Neal Brennan

Roteiro: Andy Stock, Rick Stempson

Elenco: Jeremy Piven, Ving Rhames, James Brolin, David Koechner, Kathryn Hahn, Ed Helms, Jordana Spiro, Tony Hale, Craig Robinson, Ken Jeong, Rob Riggle, Alan Thicke, Charles Napier, Jonathan Sadowski, Noureen DeWulf, Wendie Malick, Will Ferrell

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