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Crítica

Beijando Jessica Stein | Crítica

A trama deixa o circuito alternativo Off-Broadway para tentar vôos maiores

26.07.2002, às 00H00.
Atualizada em 16.11.2016, ÀS 12H01

Do teatro para as telas, cheia de boas idéias, chega a comédia romântica Beijando Jessica Stein (Kissing Jessica Stein, 2001), de Charles Herman-Wurmfeld. Assim como o semelhante Hedwig - Rock, Amor e Traição (Hedwig and the Angry Inch, de John Cameron Mitchell, 2001), a trama deixa o circuito alternativo Off-Broadway de Nova York e aproveita o sucesso no palco para tentar vôos maiores. Tudo se baseia em Lipschtick, de 1997, uma série de esquetes escritos e protagonizados por duas amigas, Heather Juergensen e Jennifer Westfeldt. O mote parte de uma provocação: em plena NY, cidade de fermentação cultural e comportamental, duas garotas heterossexuais se cansam dos homens, por motivos diferentes, e buscam uma alternativa, digamos, mais inovadora.

 Já com um roteiro escrito, Heather e Jennifer procuraram a produtora Eden Wurmfeld. Eden, rapidamente, sugeriu que seu irmão, Charles, ex-diretor de teatro, gerenciasse o filme das garotas. Responsável por Elas Vão se Casar (Fancis Persuasion, 1995), sua tímida estréia no cinema, exibido por aqui no 5º Festival MiX Brasil, em 1997, o diretor mostrou entender do assunto. E, apesar do seu parco currículo na Sétima Arte, Charles Herman-Wurmfeld adotou o projeto, enfim sua grande vitrine. Com desenvoltura técnica, o diretor introduz uma ótima trilha sonora à simpática história. Resultado: em festivais de cinema em Los Angeles, Miami e em Chicago, abocanhou os prêmios dados pelo público.

 Jennifer interpreta a Jessica Stein do título. Heather fica com o papel de Helen Cooper. Cada uma, à sua maneira, vive um certo desencantamento em seus relacionamentos. Jessica, de família judia, jornalista, neurótica e conservadora, tem homens de menos. Helen, curadora de arte, ninfomaníaca, liberal, tem homens de mais - e toma a iniciativa de colocar um anúncio no jornal, do tipo mulher procura mulher. Mesmo apavorada com a possibilidade, Jessica se inquieta com a proposta do texto, e responde o anúncio. Afinal, sua melhor amiga espera um filho, seu irmão está prestes a casar. Um simples passo leva da experimentação ao desafio do relacionamento.

 Com tal núcleo, ficaria difícil fugir de clichês. O maior trunfo de Beijando Jessica Stein, assim, é contar uma história descompromissada sobre amor e desejo, inclusive com um arriscado anti-clímax no final, sem caminhos e soluções manjados ou dramáticos demais. Em alguns momentos, como nos primeiros contatos entre Jessica e Helen, a leveza esbarra em situações um tanto infantilizadas. Não espere um Cidade dos Sonhos (Mulholland Dr., 2001). Mas, por outro lado, a esperteza dos diálogos e a inspiração das piadas, aliados com o bom aproveitamento dos personagens coadjuvantes, transformam a produção independente numa comédia romântica acima da média atual.

 Se sua namorada insistir no velho Richard Gere, faça a cabeça dela. E se seu namorado empacar, arraste-o ao cinema com aquele papo... lésbicas são sexies, sabe...

Nota do Crítico
Bom
Beijando Jessica Stein
Kissing Jessica Stein
Beijando Jessica Stein
Kissing Jessica Stein

Ano: 2001

País: EUA

Classificação: 14 anos

Duração: 96 min

Onde assistir:
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